Como usar exemplo da China para inovar no trabalho
Tema foi abordado pela pesquisadora Carla Mayumi durante evento de inovação na Praça do Papa, que acontece até este sábado (12)
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O segundo dia do Innovation Experience Espírito Santo – ESX 2025, o maior evento de inovação do Estado, trouxe mais conhecimento e inspiração para os visitantes. Inclusive, foram compartilhadas lições da China em relação ao mundo dos negócios.
Isso ocorreu por meio da palestra “A China em alta velocidade: Lições sobre inovação que vêm do oriente”, feita pela pesquisadora Carla Mayumi.
Inovar a partir do que já existe, copiar ideias e valorizar a cultura e a tradição são alguns exemplos do que foi discutido pela profissional, que é curadora com mais de 20 anos de atuação na interseção entre ciências sociais e tecnologias emergentes.
Ela explicou sobre o conceito “0 a 1, para 1 a n”. “O 0 a 1 é o jeito mais tradicional que a gente tem de pensar em produto, é uma mentalidade herdada dos europeus e americanos. Você quer algo radicalmente novo e, por isso, é tão legal”, disse. O “0” é a inexistência e o “1” se torna o produto totalmente novo.
Nessa estratégia, há a disrupção de um mercado existente e foco na visão de longo prazo e na construção de uma marca icônica, como por exemplo, a invenção do iPhone pela Apple.
“Já de '1 a n', podemos pensar que ‘n’ é um número infinito. Você pega uma inovação existente, que é o 1, executa e escala de forma massiva; você foca na eficiência operacional, na velocidade e adaptação ao mercado local. Na China, a prioridade sempre é o mercado interno primeiro”.
Como exemplos, existem os super-apps, que são um dos grandes expoentes do país asiático, e o varejo on-line. “A China não inventou a tecnologia que está por trás do Tiktok. Ela foi aperfeiçoada”.
“Isso é o ‘1 a n’. É pegar o que já existe e pensar: dá para fazer melhor, mais barato e rápido? É um conceito muito importante, e acho essencial para quem está começando um negócio”, completou.
Outra lição que Carla disse ser benéfica é que, na China, valorizar a cultura importa.
“Se a gente está olhando para um monte de iniciativas modernas e tecnológicas, não quer dizer que os chineses estão deixando sua tradição para trás, algo que acontece quando a gente compra uma cultura de fora. “Muitos países compraram, por exemplo, a cultura do sonho americano, e deixaram para trás a sua própria”.
“Existe um respeito à tradição muito grande. Muitos dos sucessos que acontecem na China têm a ver com isso”, completou.
Realizado na Praça do Papa, em Vitória, o ESX teve início na última quinta-feira, com painéis e palestras, além de soluções inovadoras e boas ideias em exposição.
Hoje é o último dia de realização. A entrada é gratuita, com inscrição pelo site www.esx.com.es.
Carla Mayumi palestrante
“Copiar não é ruim para os chineses”
A Tribuna Por que melhorar algo que já existe é benéfico para o empreendedor?
Carla Mayumi Acho que funciona muito bem porque você economiza etapas e parte de algo que já foi muito bem feito. Você pode, a partir dali, pensar: o que eu posso inventar? O que eu posso integrar?
Acredito que isso está fundamentado na ideia de que copiar na China é legal, não é ruim. Não é demérito você copiar, pelo contrário. Se você copiar bem é um mérito, culturalmente falando.
Na China, ser o primeiro autor de algo não é o que mais importa. Fazer para milhões de pessoas e distribuir, sim.
Por que a valorização da cultura é algo bom, pensando no mercado?
É bom porque cria identificação com as pessoas. Na China, em datas comemorativas, é uma tradição dar hongbao, um envelope vermelho com dinheiro, para as crianças.
Em 2014, o aplicativo WeChat viu a possibilidade de transformar o hongbao em algo digital, e fez isso. No segundo ano, 1 bilhão deles já tinham sido trocado entre as pessoas.
É uma forma de dar o envelope, só que digitalmente. Outros aplicativos também passaram a fazer isso.
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