Chegada das férias aumenta risco de crimes e abusos em jogos virtuais
Com mais tempo livre, crianças e adolescentes aproveitam para ficar mais horas em frente às telas, o que exige dos pais atenção redobrada
Escute essa reportagem
As férias escolares estão chegando! E com mais tempo livre, muitas crianças e adolescentes também aproveitam para ficar mais tempo nas telas.
Segundo especialistas, é nessa época que aumentam os riscos de crimes virtuais em jogos on-line e redes sociais, exigindo atenção redobrada dos pais.
O consultor de tecnologia da informação Eduardo Pinheiro destacou que até mesmo plataformas de jogos infantis – a exemplo do Roblox – escondem perigos.
“Os pais precisam estar atentos a essas plataformas de jogos para crianças. Elas são acessadas também por pessoas mal-intencionadas, adultos e criminosos”.
Ele enfatiza que a internet é como uma rua. “No caso de plataformas de jogos, são como megacidades. Não tem como deixar uma criança sozinha nos espaços”.
Ele ressalta, ainda, que as plataformas para crianças precisam respeitar a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). “Na maioria das vezes, não há esforço dessas plataformas para proteger os dados pessoais e a privacidade das crianças.
O chefe da Delegacia de Crimes Cibernéticos da Polícia Federal no Estado, Gustavo Buaiz, ressalta que a maior parte dos casos em que as vítimas são crianças e adolescentes é de crimes relacionados à violência sexual.
“Geralmente, esses criminosos entram em jogos on-line se passando por crianças e iniciam conversas com as vítimas, ganhando sua confiança. Com manipulação, eles pedem informações e até fotos. Depois iniciam a chantagem”.
Segundo o delegado, é importante que os pais tenham ferramentas de controle parental, que conversem com as crianças e orientem.
Ele destaca que muitos jogos e redes sociais acessados pelas crianças não são voltados para a idade delas.
A psicóloga Graziely Coutinho Mendes orienta aos pais que tirem um tempo de lazer para ter com seus filhos, evitando deixá-los muitas horas expostos à tela. Assim, também podem observar um possível comportamento estranho do filho.
Entre as dicas de atividades para reduzir o uso de telas, a psicóloga citou um caça ao tesouro em casa, criando pistas simples e objetos para as crianças encontrarem. Outra atividade, é um caderno de desenho ou escrita criativa. “Incentive-as a criar histórias ou desenhos sobre o que viveram no dia”.
Caso positivo
Monitoramento e orientação
O engenheiro Leonardo Oliveira Pinheiro, de 45 anos, é pai de Beatriz, 12, Lucas, 7, e Carolina, 5 anos, e libera telas, mas com monitoramento, supervisão, limite de tempo e orientação.
No caso de Lucas, o videogame se tornou um passatempo de pai e filho. “Eles praticam esportes, mas em casa também procuro fazer atividades que tirem eles das telas também, como jogos de tabuleiros”, afirmou Leonardo.
Opiniões
Saiba mais
Atenção com crianças e adolescentes nas férias
Segundo especialistas, com maior tempo em frente a telas – em jogos on-line, redes sociais e aplicativos de mensagens – também aumentam os crimes cometidos contra crianças e adolescentes no período de férias.
Eles orientam o monitoramento dos pais – principalmente com ferramentas de controle parental –, além de orientação, limite de tempo de tela e atenção aos conteúdos buscados e acessados, mesmo que pareçam apenas jogos infantis.
Perigos na rede
1-Exposição a conteúdos inapropriados
Crianças e adolescentes com acesso sem qualquer controle ou orientação estão sujeitos à exposição a conteúdos violentos, de natureza sexual ou que gerem ódio.
Em alguns casos, a exposição é involuntária, mas há também a apresentação desses conteúdos intencionalmente, inclusive dentro de chats de jogos virtuais.
2-Abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes na internet
Nesse caso, são todas as formas de abuso realizadas através da internet.
Criminosos, em muitos casos, entram em jogos ou redes sociais se passando por crianças para ganhar a confiança das vítimas. Elas iniciam conversas para buscar informações pessoais e imagens da criança ou do adolescente.
Depois passam a chantagear as vítimas para obter mais imagens de abuso sexual infantil
Há casos também de extorsão para que as vítimas realizem desafios macabros, como de automutilação.
3-Cyberbullying
Outra forma de violência praticada contra crianças e adolescentes é o cyberbullying, que são mensagens e postagens com o objetivo de agredir, perseguir, ridicularizar e/ou assediar as vítimas.
4-Golpes financeiros
Crianças podem cair em golpes que oferecem prêmios, como acesso gratuito a jogos on-line. Os jovens são presas fáceis de golpes, pois ainda não sabem como ser cautelosos.
Criminosos virtuais podem usar sites populares entre as crianças para identificar possíveis vítimas, e prometer algo, por exemplo, informações do cartão de crédito dos pais, em troca de vantagens nos jogos e dicas para avançar de fases.
5-Publicação de informações privadas
As crianças ainda não entendem muito bem os limites das redes sociais. Por exemplo, elas podem postar em seus perfis de mídias sociais informações pessoais que não deveriam ser divulgadas publicamente.
Isso varia de fotos de momentos constrangedores até seus endereços residenciais.
Comentários