Baixa estima: isolamento de adolescentes é sinal de alerta
Especialistas apontam que a insatisfação com a aparência pode causar ansiedade, queda no rendimento escolar e até transtornos alimentares
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Quando um adolescente está lidando com a baixa autoestima por causa de sua aparência, isso pode afetar sua saúde mental, explicam especialistas. Pais e educadores devem ficar atentos a sinais como isolamento, queda nas notas e ansiedade.
No isolamento social, explica a psicóloga Carolina Giacomin, o estudante começa a se afastar dos amigos, evita atividades em grupo e, muitas vezes, prefere ficar sozinho.
“Ele também pode começar a se criticar constantemente, falando coisas como 'sou feio' ou 'não gosto do meu corpo'. Essa autocrítica excessiva é um reflexo do sofrimento interno e pode ser um alerta”, destaca.
Outro sinal comum é a queda no desempenho escolar, como dificuldade de se concentrar nas aulas e perda do interesse.
“Ele pode se tornar mais irritado ou triste do que o normal e reagir de maneira exagerada a críticas, por menores que sejam”.
A psicóloga Lara Vulpi complementa que inseguranças relacionadas à aparência, quando somadas a outros fatores, podem contribuir para o desenvolvimento de transtornos alimentares e de ansiedade generalizada.
A neuropsicóloga Lícia Assbu explica que há outros sinais de alerta, como os psicossomáticos. Um exemplo são queixas frequentes de dores de cabeça, dores no estômago ou náuseas sem causa médica aparente.
“A baixa autoestima relacionada à aparência pode gerar um sofrimento silencioso – muitas vezes confundido com timidez, desinteresse ou rebeldia – mas que, na verdade, esconde um impacto profundo na saúde mental do estudante”.
Segundo Lícia, é essencial que educadores e famílias possam estar atentos a esses sinais para intervir de forma empática e eficaz.
“O mais importante, enquanto pais, é manter uma conexão real e constante com os filhos – estar presente de verdade, ouvir com atenção, observar com sensibilidade e acolher sem julgamento. Essa conexão é a base para que eles se sintam seguros para compartilhar suas vivências e inseguranças”.
Já o educador deve ser um facilitador de vínculos saudáveis. “Mais do que oferecer respostas prontas ou discursos motivacionais, é necessário criar um ambiente escolar que valorize a diversidade, a autenticidade e o pertencimento.
7 mil cirurgias plásticas realizadas em adolescentes
Os mais recentes dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (Isaps) apontam que aproximadamente 7 mil cirurgias foram realizadas em adolescentes no Estado em 2023.
“No volume total de cirurgias plásticas do Brasil, 13% foram realizadas em adolescentes. Aqui no Estado, esse número representa cerca de 7 mil cirurgias realizadas na faixa etária entre 13 e até 18 anos”, afirma o cirurgião plástico Ariosto Santos.
Ele destaca que em um paciente é possível ter sido realizado mais de um procedimento. Segundo Ariosto, adolescentes realizam cirurgias plásticas para se inserir dentro de um determinado grupo social. “Eles operam por que não querem se sentir rejeitados. Querem se inserir no grupo de onde estudam ou ficam. Então, tem que ter uma aparência que se integre naquele grupo”.
Os meses de julho e dezembro são os períodos em que a maioria das cirurgias acontece. Há dois motivos para isso: não perder aulas, devido às férias, e ficar menos perceptível que ela foi realizada.
“A cirurgia plástica como um todo está crescendo. Entre 2022 e 2023, o volume no Brasil aumentou 30%. A cirurgia realizada por adolescentes segue o mesmo ritmo”, complementa, citando que as redes sociais influenciam esse aumento.
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