Aplicativos de namoro podem aumentar ansiedade, diz estudo
Sensação de rejeição, falta de curtidas, ausência de respostas e pressões sobre a aparência são alguns dos motivos apontados
Escute essa reportagem

Os aplicativos de relacionamento deixam os encontros amorosos, ou mesmo uma nova amizade, ao alcance de um clique, que representa um “sim” ou um “não”, caso determinado perfil tenha ou não agradado ao usuário.
Só que existem casos em que a sensação de rejeição, a falta de curtidas, a ausência de respostas e o aumento das pressões relacionadas à aparência física, que desencadeiam ansiedade e depressão, têm levado ao que um estudo publicado na revista científica Mary Ann Liebert chama de “dating burnout”.
O termo é usado para definir o esgotamento emocional causado pelo uso excessivo dos aplicativos de relacionamento.
Segundo o psicólogo Gerson Abarca, o uso dos aplicativos de relacionamento coloca as duas pessoas em situação de equivalência e “não requer o desenvolvimento de algumas habilidades, como o processo de sedução”, explica.
“Também cria-se muita expectativa do que vem. Porque, quando se agenda um encontro, você nunca sabe se aquela pessoa com que você está se comunicando de fato é verdadeira ou se aquilo que ela apresenta no aplicativo é real. Então, gera esse gatilho da ansiedade”.
A psicóloga clínica Monique Nogueira destaca que aplicativos de relacionamento por si só não levam à depressão e ansiedade. “As pessoas que usam é que fazem um movimento de utilização em excesso, o que leva à ansiedade e à depressão. Tudo depende da forma que aquela pessoa está usando e da expectativa que ela tem na utilização do aplicativo”, afirma.
“Tenho muitos casos de pacientes que resolveram deletar suas redes sociais, justamente por fazer a utilização inadequada”.
Segundo a psicóloga Naira Araújo, as pessoas relatam muita desesperança em construir vínculos saudáveis, “já que essa busca por uma parceria na internet acaba sendo muito superficial”.
Ela destaca que, apesar do medo da rejeição, é possível ter uma relação saudável.
“Dá para a gente pensar numa forma saudável de lidar com o celular e com os aplicativos. Precisa estabelecer o momento e quanto tempo vai ficar ligado a isso. Te desconcentra das outras atividades? Faz o seu rendimento cair? Isso já causa cansaço”.
“Colocam muitas exigências”
Sempre que terminava alguma relação, a personal trainer Thais Gonçalves Marques, 27 anos, se cadastrava em um aplicativo de relacionamento.
Ela conta que houve casos de pessoas bem diferentes pessoalmente em relação às fotos que colocavam no aplicativo. Há ainda quem é mais calado pessoalmente, diferente do perfil extrovertido pela internet.
“O que me fez desistir do aplicativo é que as pessoas não estão lá para buscar alguém para realmente se relacionar, trazem muitas exigências e oferecem pouca coisa”.
Fora do aplicativo, ela costuma ir a bares com amigos. “É possível conhecer alguém interessante em qualquer ambiente. Basta estar aberto e observar oportunidades”.
Leia mais
Capixaba ganha bolsa para jogar futebol nos EUA
Garoto de 11 anos tem rotina disciplinada para ser um campeão de surfe
Redes sociais também causam danos, dizem especialistas
Além de a forma como os aplicativos de namoro são usados causar esgotamento emocional, as redes sociais e aplicativos de conversa, de acordo com especialistas, também provocam danos. Isso ocorre não somente em adultos: crianças e adolescentes também enfrentam o cansaço e problemas de comunicação.
“Tanto é verdade que com os adolescentes isso tem acontecido muito. Há eliminação dos encontros pessoalmente porque se conversa pelo WhatsApp”, afirma o psicólogo Gerson Abarca.
O especialista observa que não é recomendado usar todo o período de lazer com as redes sociais.
“Se você utiliza a rede social para preencher vazio, se ocupa com essas redes quase que todo seu período de lazer ou fora de estudo ou fora de trabalho, você vai entrar em uma futilidade”, pondera.
A psicóloga clínica Monique Nogueira alerta para o que chama de “positividade tóxica”. “Na nossa sociedade atual, o Instagram, principalmente, está sendo usado como objeto de status, onde as pessoas simulam uma vida, uma positividade tóxica, em cima de filtros de postagens e criando cenários”.
A psicóloga Naira Araújo observa que a internet acaba sendo hostil para muita gente.
“Você cancelar alguém ou ser cancelado é muito mais comum. E, às vezes, você estava tendo uma conversa com uma pessoa, que simplesmente desaparece. Esquece que do outro lado tem alguém com sentimentos e expectativas. A gente não deve brincar com o outro dessa forma”, observa.
Entenda
Forma de usar causa o problema
“Dating burnout”
Um fenômeno conhecido como “dating burnout” está em evidência.
É um termo usado para descrever um esgotamento emocional causado pelo uso excessivo dos aplicativos de relacionamento.
Um estudo publicado na revista científica Mary Ann Liebert, que envolveu mais de 370 pessoas, revelou os possíveis danos à saúde mental.
São, por exemplo, sensação de rejeição, falta de curtidas, ausência de respostas e aumento das pressões relacionadas à aparência física que desencadeiam a ansiedade e a depressão.
Uso dos aplicativos
Especialistas destacam que aplicativos de relacionamento por si só não levam à depressão e ansiedade.
As pessoas que utilizam e fazem um movimento de uso em excesso, o que leva à ansiedade e à depressão.
Tudo depende da forma como aquela pessoa está usando e da expectativa que ela tem na utilização da rede.
Relacionamentos
No caso dos aplicativos de relacionamentos, eles colocam as duas pessoas em situação de equivalência por não exigir o desenvolvimento de algumas habilidades, como o processo de sedução.
Há pacientes que resolveram deletar suas redes sociais, justamente por fazer utilização inadequada, causando depressão e ansiedade nessas pessoas.
É possível fazer o uso saudável dos aplicativos delimitando o tempo em que ficará conectado a eles.
Fonte: Estudo publicado na revista científica Mary Ann Liebert e especialistas ouvidos.
Leia mais
Sinal de alerta para casos de queimaduras em casa
Mais de 2 mil multados no ES por não usar cinto de segurança
Comentários