Animais também sentem saudades do tutor? Especialistas explicam
Especialistas explicam que ausência do tutor pode fazer com que animais apresentem mudanças fisiológicas e no comportamento
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Assim como os seres humanos, sabia que pets também sentem saudades? Especialistas entrevistadas pela reportagem de A Tribuna comentam sobre o assunto e explicam os riscos desse sentimento.
“Estudos mostram que muitos animais sentem falta dos tutores quando ficam longe. Cães e gatos são os exemplos mais comuns, mas isso também pode acontecer com algumas aves e até com primatas, pois eles são capazes de formar vínculos afetivos com seus tutores”.
Isso foi o que explicou Thaiz de Deco Souza, médica veterinária, coordenadora de curso na Faesa e conselheira do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado (CRMV-ES).
“O que chamamos de 'saudade', nos animais é, na verdade, uma resposta à ausência de alguém com quem ele tem vínculo afetivo. Eles percebem que a pessoa não está por perto, e isso pode levar a mudanças comportamentais e fisiológicas”, completa.
Ela também disse que o tempo para sentir essa saudade varia muito. “Não há um tempo exato e universal, pois depende do temperamento do animal, da rotina à qual está acostumado e do grau de apego ao tutor. Alguns animais já demonstram sinais de desconforto após poucas horas ou até mesmo minutos de separação”.
Segundo a médica veterinária Rubia Tabachi de Oliveira, a saudade pode gerar sofrimento emocional, levando à ansiedade de separação. Latidos ou miados excessivos, destruição de objetos e necessidades feitas no lugar errado são comportamentos demonstrados quando o animal sente a falta do tutor.
“Além de outras formas de manifestação, como tristeza e apatia, perda de apetite, distúrbio do sono e, em casos graves, até estresse, levando à baixa imunidade”.
No caso dos gatos, “o estresse que esse sentimento causa pode ainda resultar em problemas urinários e hepáticos (devido à redução da ingestão de alimentos)”, citou a médica veterinária e coordenadora do hospital veterinário da UVV, Monique de Araújo Lázaro Tatagiba.
Ela explicou que, para amenizar o problema, existem algumas alternativas, como criar rotinas para que o animal se acostume com os momentos de ausência.
Estratégia para saídas rápidas
Ajuda de brinquedos e petiscos
Veruska Albuquerque, 33, e Marcos Antonio Gumiero, 39, contaram que seu cachorrinho Cookie, 5, sente falta dos dois quando saem de casa. “Ele entende quando estamos nos preparando para sair e começa a nos seguir pela casa, um pouco agitado. Para ajudar nesse processo, sempre deixamos algum brinquedo recheado com petiscos que ele goste. Assim, ele associa nossa saída a algo positivo e divertido. Isso funciona bem em saídas mais curtas”, disse Veruska.

Fique por dentro
Comportamento
A médica veterinária Thaiz de Deco Souza afirmou que estudos sobre comportamento animal mostram que muitos animais sentem falta dos tutores quando ficam longe. Cães e gatos são os exemplos mais comuns, mas também pode acontecer com algumas aves e até com primatas.
Entre os domésticos, os cães são os mais estudados e mostram reações mais intensas à separação dos tutores.
Animais podem morrer por saudade?
Thaiz de Deco Souza disse que o estresse crônico causado por uma separação prolongada pode agravar condições de saúde pré-existentes ou provocar um estado de profunda depressão, especialmente em animais muito sensíveis, como alguns cães idosos ou aves de companhia.
Em aves, por exemplo, a ausência do tutor ou parceiro pode levar à automutilação severa e à morte. Então, embora a saudade não seja uma causa direta, ela pode ser um fator agravante significativo.
Essa tristeza pode afetar a imunidade e agravar doenças que já estavam ali, levando, sim, a um quadro de saúde muito sério.
O que fazer?
A médica veterinária Monique de Araújo afirmou que existem algumas alternativas:
1. Enriquecimento ambiental, ou seja, deixar brinquedos disponíveis, assim como locais de conforto com a alimentação de costume e água à disposição.
2. Testar saídas curtas, para que o pet se “adapte” a esses momentos de ausência do tutor.
3. Dar bastante amor e atenção, para que ele viva feliz e se sinta seguro no ambiente dele.
4. Criar rotinas para que o animal se acostume com os momentos de ausência.
5. Para tutores que viajam muito, acostumar o pet com hotéis de confiança desde cedo.
6. Não deixá-los sozinhos por muito tempo. Sempre que possível, deixar alguém que o animal está acostumado, para dar atenção na ausência de seu tutor.
E em caso de morte do tutor?
Quando o tutor morre, a médica veterinária Rubia Tabachi de Oliveira disse que o ideal é que alguém próximo ao animal, de preferência alguém com quem o pet já tenha familiaridade, assuma os cuidados.
Deve-se deixar o animal ter contato com objetos do tutor, como roupas com cheiro.
Há casos que o pet pode precisar de acompanhamento veterinário.
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