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Cidades

Advogada realiza sonho: “O amor da minha vida me presenteou mesmo após a morte”

Soraya Fardin aguarda ansiosa a chegada do filho Miguel, fruto do casamento com Alberto, que morreu de câncer em 2023


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Imagem ilustrativa da imagem Advogada realiza sonho: “O amor da minha vida me presenteou mesmo após a morte”
Soraya mostra sapatinhos e exibe barriga aos quatro meses da gestação |  Foto: Leone Iglesias/AT

Nem mesmo a morte superou o amor, a fé e o sonho de terem um filho juntos. No quarto mês de gravidez, a advogada Soraya Fardin, de 44 anos, não esconde a felicidade da espera pelo pequeno Miguel.

O pai, Alberto Santos, morreu em julho de 2023, após a luta contra o câncer. “O amor da minha vida me deu um presente mesmo após a morte”.

A gravidez de Soraya foi possível após um tratamento realizado pelo casal para engravidar.

A ginecologista e obstetra, especialista em Medicina Reprodutiva, Camila Matos Poncio, acompanhou todo o processo do casal. Após exames e avaliações, foi indicada a Fertilização in Vitro (FIV).

“Fizemos uma coleta de óvulos em julho de 2021, em que obtivemos ao final apenas um embrião euploide – ou seja, normal do ponto de vista genético”.

Ela explicou que, na segunda fase do tratamento – para preparar o endométrio de Soraya para a transferência –, foi necessário fazer alguns procedimentos, o que levou mais um tempo. “Como só tinha um embrião, resolvemos em 2022 fazer uma nova coleta. O resultado foi mais um embrião”.

No entanto, em outubro de 2022 veio o diagnóstico repentino do câncer nas vias biliares, com metástase no fígado, em Alberto.

Soraya contou que, em meio ao tratamento e a quimioterapias, em março de 2023 eles transferiram o primeiro embrião, mas sem sucesso. “Deus sabe de todas as coisas. Não era o momento, pois quatro meses depois Alberto faleceu”.

Segundo Soraya, o câncer de Alberto, além de raro para sua idade (43 anos), foi agressivo.

Sem nunca perder a fé, o casal lutou até o fim. “Um dia antes dele morrer, já na UTI, ele abençoou a minha maternidade, porque ele sabia que eu queria ser mãe. Eu repeti isso para ele: eu vou ser mãe de um filho nosso”.

Depois da perda de Alberto e de um período de luto, ela relatou que também voltou a sair, viajar e viver. “Em 2024, eu resolvi fazer a nova transferência”.

Isso foi possível, segundo ela, porque mesmo antes do diagnóstico do câncer, no momento da FIV, Alberto já tinha autorizado a transferência em caso de morte.

Grávida de quatro meses de Miguel, hoje Soraya está realizada e afirma que sente muito ainda a presença de Alberto em sua vida.

“Sou grata à ciência, à fé e ao Alberto por ter me proporcionado esse sonho de ser mãe”, revelou a advogada.

“Ele abençoou minha maternidade”

Imagem ilustrativa da imagem Advogada realiza sonho: “O amor da minha vida me presenteou mesmo após a morte”
Soraya e Alberto ficaram casados durante nove anos: gravidez só foi possível através da Fertilização in Vitro (FIV) |  Foto: Acervo pessoal

A Tribuna - Quanto tempo você e Alberto (Santos) ficaram juntos?

Soraya Fardin - A gente se conheceu em 2012, começamos a namorar e nos casamos em 2016. Quando nos casamos eu já tinha 35 anos e tinha o sonho de ter filhos, mas achava que a gente tinha tempo. Quando cheguei aos 39 anos, vimos que não estávamos conseguindo naturalmente, mas resolvi esperar até os 40 para procurar ajuda. Falo para todos hoje não esperarem, pois fica cada vez mais difícil.

Quando iniciaram o tratamento?

Buscamos a clínica em 2020, fizemos o exame e, em 2021, fiz a primeira Fertilização in Vitro (FIV), com biópsia para assegurar que o embrião era saudável. De quatro óvulos coletados, só um embrião era euploide (compatível com a vida).

Não transferimos logo, pois precisava fazer procedimentos para me preparar. Então em 2022, fizemos uma segunda FIV. Dos cinco óvulos, um embrião era euploide.

Alberto não sabia do câncer?

Não. A segunda FIV foi em julho de 2022. Em outubro, ele foi diagnosticado com esse câncer muito agressivo e raro chamado de colangiocarcinoma – das vias biliares. Ele já estava com metástase importante no fígado.

Como descobriu?

Alberto estava fazendo alguns tratamentos para problemas gástricos, então fez uma dieta. Quando ele emagreceu, começou a sentir uma dor nas costas, que já era o fígado aumentado pegando na coluna. Uma ultrassom do abdômen já apontou vários nódulos. Ele repetiu no dia seguinte o exame e se confirmou.

Foi um desespero até cair a ficha. Você desacredita em Deus, acredita de novo, vai no chão, sobe.

Sabiam que era grave?

Sim. Não tinha como operar, pois era por todas as vias biliares. Mas ele começou a quimioterapia.

Paralelamente a isso, a gente tinha dois embriões, que ficaram de lado naquele momento. Mas a vida e o tratamento foram seguindo e, no início de 2023, resolvemos transferir um embrião, mas não deu certo.

Deus sabe de todas as coisas. Aquele não era o momento, pois Alberto morreu em julho, poucos meses depois.

Sabiam que não tinha cura?

A gente tinha fé sempre. Sou espírita kardecista e, nesse período, vi Alberto ir de zero a 100 em espiritualidade. Ele buscou muito, passou a frequentar o centro que eu ia. Alberto teve a cura espiritual. Não teve a cura física, mas ele se foi desse plano muito bem.

Quando Alberto morreu?

Foi em julho de 2023. No último mês de vida dele, ele já estava tendo muitos problemas gástricos. Não conseguia dormir na cama, vomitava o que comia, estava amarelo. As taxas já impediam até de fazer quimioterapia.

Mesmo assim, no sábado antes de se internar, pediu a pizza que gostava. Na segunda, após exames, ele internou. Eu já intuía que ele não voltaria para casa.

Estava muito grave?

Muito. Durante todo o tratamento, essa foi a única vez que ele ficou internado, apenas cinco dias. No dia antes da morte, nós conversamos muito. Ele abençoou minha maternidade. Disse que eu seria mãe e que eu já era excelente mãe para a Chiara, nossa cachorrinha.

E quando decidiu transferir o segundo embrião?

Quando ele faleceu, eu falei que ia fazer o procedimento logo. Chegava em casa e só tinha eu e a Chiara, não tinha mais ele lá. Mas o tempo passou e consegui passar por aquele período de forma mais positiva por conta da espiritualidade, que me dá muita força.

Voltei a sair, viajar, mas a presença do embrião sempre ficou forte na minha vida. Eu já estava com 43 anos e sabia que era a minha hora! Em 2024, resolvi realizar a transferência, o que só aconteceu em novembro do ano passado.

E como está essa gravidez?

Ela é mais especial que eu imaginava. Não só porque é do Alberto e por sentir que ele até hoje está presente na minha vida, mas também por ser a realização de algo que sonhamos e desejamos tanto.

No consultório

Sempre unidos

Imagem ilustrativa da imagem Advogada realiza sonho: “O amor da minha vida me presenteou mesmo após a morte”
Camila Matos Poncio, ginecologista e obstetra, especialista em Medicina Reprodutiva da Jules White

“Depois de todo o tratamento que estava sendo realizado desde janeiro de 2021, o diagnóstico do câncer de Alberto foi um período bem difícil para o casal.

Mas o que vimos foi um casal cada vez mais unido, tanto no tratamento da infertilidade e, depois, na luta contra o câncer do Alberto. Era uma fé e uma esperança que emocionava a cada vez que vinham no consultório.

Após a morte de Alberto e o período de luto, em 2024 Soraya voltou a nos procurar. É uma mulher de uma fé muito grande e que atravessou o luto e saiu ainda mais transformada. Com o sonho de ser mãe que nunca saiu do coração dela”.

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