Acidentes com bicicletas elétricas preocupam médicos e polícia
Especialistas reforçam a necessidade de cuidados após meninas baterem em poste, ao descer ladeira na Praia do Canto, em Vitória
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Presença frequente nas ruas, as bicicletas e patinetes elétricos têm preocupado médicos e até polícia, devido aos riscos de acidentes e quedas.
Apesar das regras para esses equipamentos serem as mesmas de bicicletas convencionais – sem limite de idade –, o alerta principal dos especialistas é para adolescentes, que têm usado os equipamentos para ir e voltar da escola e também para lazer.
Na última sexta-feira (04), duas adolescentes bateram em um poste ao descer uma ladeira na Praia do Canto, em Vitória, de bicicleta elétrica. Elas voltavam da escola.
Segundo informações de pais e de quem passou pelo local, uma delas se feriu na perna e chegou a precisar de cirurgia.
O ortopedista e cirurgião de joelho Felipe Ruy afirmou que, durante atendimentos em pronto-socorro, fez duas cirurgias recentes em adolescentes, ocasionadas por acidentes e quedas com bicicletas elétricas.
“O que vemos é que a imaturidade dos adolescentes, ao andar com essas bicicletas elétricas, aumenta os riscos de acidentes, associados a fraturas ou a rompimentos de ligamentos mais graves”, afirmou.
O ortopedista e membro da Sociedade Brasileira de Coluna Jefferson Coelho de Léo também destacou a preocupação, especialmente devido à alta incidência de fraturas ortopédicas entre jovens.
“As fraturas mais frequentes são em membros superiores, como punho e clavícula, seguidas por membros inferiores, especialmente tornozelo e tíbia”, disse. Ele ressaltou que o uso do capacete e de equipamentos de proteção é essencial para evitar lesões graves.
O chefe da equipe de fiscalização de trânsito do Batalhão de Polícia de Trânsito, tenente Lucas Lourenço, explicou que são consideradas bicicletas elétricas aquelas com velocidade máxima de até 32 km/h ou com até 1.000 watts de potência. Ela também precisa ser de pedal assistido.
“Qualquer característica diferente disso faz com que as regras mudem e elas deixem de ser consideradas bicicletas elétricas”.
No entanto, o tenente reforçou que também há preocupação por parte da polícia para o crescimento da circulação. “Fazemos ações educativas, mas entendemos que é uma responsabilidade compartilhada com os pais. Eles também precisam orientar os filhos e garantir o uso de equipamentos de segurança, como capacete”.
O que eles dizem
Risco de fraturas
“O que temos visto é que as bicicletas elétricas têm aumentado os riscos de fraturas exponencialmente. Qualquer acidente – por mais leve – tem aumentado a gravidade de fraturas ou rompimento de ligamentos. No pronto-socorro, em duas ocasiões, tive que ir com o paciente para o centro cirúrgico. Os dois, menores de idade”.
Felipe Ruy, ortopedista especialista em cirurgia de joelho
Direção defensiva
“Há uma preocupação crescente com acidentes envolvendo bicicletas e patinetes elétricos, especialmente devido à alta incidência de fraturas ortopédicas entre jovens.
Orientar os jovens sobre direção defensiva é fundamental para prevenir acidentes”.
Jefferson Coelho de Léo, ortopedista e membro da Sociedade Brasileira de Coluna
Avaliação
“A resolução que trata do tema não restringe a idade para uso de bicicletas elétricas. Nas nossas ações e abordagens, fazemos orientações de acordo com o previsto. Além disso, cabe aos pais avaliar a capacidade e a responsabilidade do filho ao entregar o equipamento”.
Fábio Alves, diretor do Departamento de Operações de Trânsito (DOT) da Serra
Fique por dentro
Patinetes elétricos
Potência e velocidade
- A Resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), publicada em julho de 2023, define o que é considerada bicicleta elétrica. Para isso, define regras:
- Potência: a máxima deve ser de 1000 Watts.
- Velocidade: não pode ultrapassar 32 km/h, para circulação convencional, e 42 km/h se for utilizada para uma prática esportiva.
Características do motor
- Elas não podem ter acelerador.
- Devem ter sistema que garanta o funcionamento do motor somente quando o condutor pedalar (pedal assistido).
- São movidas por um motor elétrico localizado na roda traseira ou dianteira, alimentado por uma bateria.
- Alguns modelos contam com uma função que permite que o usuário ative a assistência do motor elétrico sem pedalar, mas apenas até uma velocidade máxima de 6 km/h.
Condutores
- Não é preciso ter habilitação para pilotar essas bikes elétricas.
- Como as regras são as mesmas para bicicletas convencionais, elas podem ser conduzidas por menores de idade.
Onde pode circular
- Assim como bicicletas convencionais, as bikes elétricas podem trafegar por ciclovias e ciclofaixas.
- Se não houver nem uma, nem outra, o ciclista deve trafegar pela via urbana, sempre do lado direito, acompanhando o fluxo de veículos automotores.
- A bicicleta elétrica só pode circular pelas calçadas, desde que não ultrapasse a velocidade máxima de 6 Km/h.
Equipamentos obrigatórios
- É preciso ter campainha (buzina), retrovisor do lado esquerdo, indicador e o dispositivo limitador eletrônico de velocidade (que pode ser aplicativo de smartphone), sinalização noturna dianteira, traseira, lateral e dos pedais.
- Além disso, é obrigatório que os pneus estejam em condições mínimas de segurança.
- Apesar de não ser obrigatório, o uso do capacete é altamente recomendado por especialistas.
Crescimento do mercado no País
- Ano - Vendas
- 2016 - 7.600
- 2017 - 7.200
- 2018 - 22.500
- 2019 - 25.000
- 2020 - 32.110
- 2021 - 40.891
- 2022 - 44.833
- 2023 - 50.004
- 2024 - 60.000
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