Abordagem humanizada: picolé faz alegria de jovem internada há 102 dias
Hospitais têm adotado uma abordagem mais humanizada, proporcionando a seus pacientes momentos de alegria e realização
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Andar ao ar livre, comer um picolé, ver a luz do sol e sentir o vento na pele. No dia a dia, essas coisas parecem bem simples. Mas para quem está em um quarto de hospital, internado, enfrentando um diagnóstico grave, esses pequenos atos se tornam sonhos e alguns hospitais do ES têm se empenhado em realizá-los.
Um desses hospitais é o Estadual Dr. Jayme Santos Neves, localizado na Serra. Para ajudar seus pacientes, a equipe criou o projeto “O que importa para você?”.
No caso de Amanda Mendes de Souza, de 28 anos, que está há 102 dias internada no hospital, o desejo que fez toda a diferença era um picolé por que, no início, a ideia de sair do quarto não a interessava.
“Até esse momento, não podia ter contato com a área externa. Quando começaram a falar sobre sair, também não me interessava. Mas o incentivo de toda a equipe do hospital foi decisivo.”
A equipe do hospital notou seu entristecimento durante o tratamento e tornou realidade a ideia de sua mãe e acompanhante, a curadora de idosos, Sara Durão de Souza, de 57 anos.
Para ela, o que importava era mostrar para a filha o mundo que a esperava fora do hospital, incentivando-a a continuar lutando.
“Levá-la para fazer uma saída ao jardim do hospital foi a minha ideia. Eu queria dar força a ela para continuar lutando e se recuperar mais rápido”.
Acidente
Mineira de Ipatinga, Amanda estava passando as férias no ES quando, em novembro, sofreu um acidente em Ibiraçu. Ela pilotava uma moto quando o pneu da frente estourou e ela acabou batendo na lateral de um carro.
O acidente a deixou com uma fratura exposta na tíbia e uma fratura grave no fêmur. Desde então, vem fazendo inúmeras cirurgias para se recuperar. Nesse momento, aguarda mais uma no hospital. Pelo que os médicos disseram, essa será a última para que possa ir para casa.
“Eu não lembro de nada a partir do acidente. Apenas de acordar no hospital com a minha mãe chegando. Esses 100 dias no hospital não foram fáceis, alguns momentos foram muito pesados”, contou Amanda.
“Consegui também autorização para chupar um picolé. Sair de dentro do quarto realmente me incentivou. Foi muito bom para minha recuperação. Isso me deu mais garra para ir embora e me recuperar melhor”.
Idoso vê o sol ao som de “Lady Laura”
O paciente Henrique Xavier Neto, de 81 anos, queria sair do ambiente hospitalar, ver o céu e caminhar ao ar livre. Internado por quase um mês, por causa de uma dor na coluna, sem poder andar e enfrentando um diagnóstico indefinido, ele confidenciou esse desejo a uma enfermeira e a equipe do hospital agiu.
Por causa do estado de Henrique, algumas adaptações tiveram que ser feitas como o passeio na cama hospitalar, mas ele conseguiu assistir uma tarde ensolarada e, de brinde, escutar a música “Lady Laura” de seu cantor preferido, Roberto Carlos, uma surpresa da equipe do hospital.
“Ele ficou muito animado”, conta a diarista Ana Angélica Santos Xavier, uma das filhas do Henrique. “Me contou que gostou muito e queria fazer de novo”.
Com carinho, ela recorda que o pai, durante a internação, pegava as fotos do passeio e mostrava para todos.
“Ele queria fazer de novo, mas infelizmente não foi possível porque ele foi transferido para uma clínica no último dia 12. Continuamos lutando com fé em Deus. Com união familiar nós vamos juntando forças para superar essa situação. Obrigada a toda a equipe”.
Momento de lazer alivia dificuldades no tratamento
Projetos como o do Hospital Estadual Dr. Jayme dos Santos Neves têm o objetivo de adotar uma abordagem mais humanizada para o tratamento de seus pacientes, indo além dos cuidados médicos.
Para Fabiana Colares, gerente do setor de Acolhimento ao Cliente do Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves, os benefícios são muitos, como mudança de perspectiva e acolhimento.
“Através do projeto, trazemos a esses pacientes, que estão internados há muito tempo, essas pequenas coisas que as pessoas não iam dar tanta atenção fora do ambiente hospitalar. É o vento no corpo, a visão das árvores, uma comida, uma música, novas experiências”.
“Essas atividades trazem uma nova perspectiva diante de um diagnóstico difícil”, reforça.
Já a psicóloga Isabella Dellunardo destaca que projetos como esse favorecem o bem-estar do paciente e são um dos pilares para promover respeito à dignidade e qualidade de vida.
O diretor-geral do Hospital Dr. Jayme, Joubert Andrade da Silva, reforça o compromisso da unidade com os pacientes. “Pequenos gestos como esse fazem toda a diferença na jornada daqueles que estão em tratamento, trazendo conforto e qualidade de vida mesmo nos momentos mais delicados”.
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