240 mil casais no ES têm problemas que impedem a gravidez
Infertilidade afeta entre 10% e 15% dos casais em idade reprodutiva, diz a OMS. Especialistas apontam opções para quem deseja ter filhos
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O sonho da maternidade, para milhares de mulheres, pode ser um grande desafio. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a infertilidade afeta entre 10% a 15% dos casais em idade fértil.
Com base nesse percentual, estima-se que, no Espírito Santo, o número chegue a aproximadamente 240 mil casais. Já no Brasil, cerca de 8 milhões de pessoas podem ser inférteis.
Apesar de ser um caminho difícil, há alternativas para famílias que desejam engravidar.
Médica ginecologista e vice-diretora da Clínica Jules White Medicina Reprodutiva, Vickie White relata que um a cada seis casais tem dificuldade para engravidar. Mas quando é preciso se preocupar com essa situação?
A especialista explica que cada faixa de idade tem suas próprias características. Mulheres até 35 anos devem procurar um médico após um ano tentando engravidar.
“O que é a tentativa? Relações sexuais desprotegidas de duas a três vezes por semana. A partir dessa idade, são seis meses de tentativas”, relata Vickie White, adicionando que a procura deve ser imediata, caso um dos cônjuges já tenha algum fator conhecido, como quimioterapia prévia ou tumor.
Ainda segundo a ginecologista, entre os principais desafios que os casais diagnosticados vão enfrentar estão aceitação da infertilidade, custo do tratamento e desafio emocional.
“Não é barato e abala muito o lado emocional, porque o tratamento não é uma garantia. A maior taxa de sucesso que existe hoje é de 62%”, diz Vickie White.
Para a mulher, a idade é um dos principais fatores de infertilidade, ressalta Ronney Guimarães, ginecologista com enfoque em reprodução humana assistida.
“Precisamos pensar primeiro na prevenção. Então, mulheres que chegam aos 30 e não têm previsão de engravidar nos próximos anos precisam pensar que o ápice da fertilidade está começando a declinar. Para prevenir, devem considerar congelar seus óvulos”.
Ronney Guimarães detalha que há três alternativas principais para o casal ter uma família, caso seja diagnosticada a infertilidade.
“Coito programado, inseminação intra-uterina e a fertilização in vitro são as principais alternativas. Mas, é bom destacar, que cada paciente vai ter seu tratamento correto, baseado no diagnóstico. Não é algo progressivo”, disse o ginecologista.
História com final feliz
“Sempre achei que ia dar certo”
A empresária Cynthia Padua, de 34 anos, enfrentou dificuldades para realizar o sonho de ser mãe.
O marido Alessandro Eler, de 50 anos, tinha feito uma vasectomia. Apesar de se arrepender do procedimento, conta Cynthia, o marido não conseguiu revertê-lo.
“A vasectomia já tinha 10 anos e os médicos disseram que não ia funcionar”, explicou.
No entanto, essa história terminou com um final feliz: Pedro Henrique, filho do casal, hoje já tem 6 anos. Cynthia conta que fez uma fertilização in vitro.
“Eu sempre tive na minha cabeça que ia dar certo”, completa.
Fique por dentro
Infertilidade
entre 186 milhões de pessoas e 48 milhões de casais no mundo são afetadas pela infertilidade, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
8 milhões de indivíduos podem ser inférteis no Brasil, conforme a Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA).
240 mil casais sofrem com dificuldade para engravidar no Estado, segundo estimativa baseada nos dados mundiais.
Causas
A infertilidade pode ter várias causas. Segundo o ginecologista Ronney Guimarães, 35% têm origem em um fator feminino, 35% em um fator masculino, 20% em causa mista e 10% representam a infertilidade sem causa aparente.
fatores femininos: idade avançada, síndrome dos ovários policísticos (SOP), disfunção ou obstrução das trompas uterinas e endometriose estão entre as principais causas na mulher.
fatores masculinos: a principal é a varicocele. Ocorre quando a dilatação das veias causa aumento da temperatura nos testículos e prejudica a produção de espermatozoides.
Principais tratamentos
- Coito programado: mais simples entre os métodos de reprodução assistida. A mulher é acompanhada por ultrassonografias para identificar o período fértil, e o casal é orientado a ter relações sexuais nesse intervalo de tempo. Pode ser feito com ou sem o uso de medicamentos para induzir a ovulação.
- Inseminação intrauterina: nesse método, o sêmen é preparado em laboratório e introduzido diretamente no útero da mulher no momento próximo à ovulação. Aumenta as chances de fecundação ao aproximar os espermatozoides do óvulo. É indicada para casos leves de infertilidade masculina.
- Fertilização in vitro: técnica em que os óvulos são coletados dos ovários da mulher e fertilizados com espermatozoides em laboratório. Após a formação dos embriões, um ou mais são transferidos para o útero. É indicada para casos mais complexos de infertilidade, como obstrução das trompas, endometriose grave ou idade materna avançada.
Fonte: Especialistas citados na reportagem e pesquisa A Tribuna.
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