Quais são os Estados com melhor qualidade de vida no Brasil? Veja ranking
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O Índice de Progresso Social (IPS) de 2025 do Brasil, divulgado nesta quinta-feira, é de 61,96 (numa escala de 0 a 100) – um pouco abaixo do registrado no ano passado, de 62, 51. O índice avalia a qualidade de vida nos 5.570 municípios brasileiros com base em 57 indicadores sociais e ambientais divididos em três dimensões.
No ranking dos Estados, Distrito Federal, São Paulo e Santa Catarina lideram com as melhores notas. Na outra ponta, os piores desempenhos se concentram na Amazônia Legal, com Acre, Maranhão e Pará ocupando, respectivamente, as últimas posições – um retrato das desigualdades regionais que ainda marcam o País, segundo o pesquisador.
A melhor avaliação geral ficou com a dimensão “necessidades humanas básicas” (74,79), seguida da dimensão “fundamentos do bem-estar” (65,02). Já a dimensão “oportunidades”, que mede inclusão social, acesso à educação superior e respeito a direitos básicos, teve o pior desempenho: 46,07. Segundo os organizadores do índice, a segurança pública é o indicador que mais impacta negativamente a média nacional.
“A qualidade de vida é algo muito difícil de medir”, explicou Beto Veríssimo, um dos organizadores do índice. “Mas o IPS é o índice mais abrangente que temos, consegue medir muitas facetas sociais e ambientais, como saúde, educação, nutrição, moradia, segurança, saneamento, entre outros.”
De acordo com o pesquisador, o acesso à energia elétrica e à moradia são indicadores que vêm melhorando muito no País, sobretudo nas regiões mais remotas. Entretanto, pondera, a segurança pública segue sendo um problema. A segurança pública não está centralizada em um único indicador, mas distribuída em vários, como inclusão social, segurança pessoal, liberdades individuais.
“A segurança puxa a nossa nota global para baixo, como uma anomalia”, explicou Veríssimo. “O crime organizado está cada vez mais organizado e poderoso, inclusive na Amazônia.”

O IPS Brasil é uma parceria entre o Imazon, Fundação Avina, iniciativa Amazônia 2030, Anattá, Centro de Empreendedorismo da Amazônia e Social Progress Imperative.
As fontes utilizadas para a consolidação do índice vão desde bases consolidadas, como DataSUS, CadÚnico e Anatel, até dados de iniciativas como o MapBiomas e o Instituto de Estudos para Políticas de Saúde. A escolha dos 57 indicadores usados no cálculo obedece a critérios como relevância social ou ambiental. Os indicadores são divididos em três dimensões: necessidades humanas básicas, fundamentos do bem-estar e oportunidades.
A edição deste ano traz uma atualização importante: foram incluídos cinco novos indicadores: consumo de alimentos ultraprocessados, resposta ao benefício previdenciário, resposta a processos familiares, índice de vulnerabilidade das famílias e famílias em situação de rua.
Cada dado passa por uma modelagem estatística detalhada que inclui normalização, verificação de qualidade, definição de valores de referência e aplicação de pesos. O resultado final é um índice que varia de zero (pior cenário) a 100 (melhor cenário), refletindo a média simples dos desempenhos nas três dimensões de progresso social.
“O IPS permite visualizar desigualdades que não são explicadas apenas por indicadores econômicos”, afirma uma das coordenadoras do IPS Brasil, Melissa Wilm. “Municípios com PIBs semelhantes apresentam, muitas vezes, desempenhos muito distintos no índice, o que reforça a importância de políticas públicas voltadas ao bem-estar social de forma integrada.”
E ainda: “Com o IPS, é possível identificar onde as políticas públicas estão funcionando e onde é necessário intervir com mais urgência. Ele transforma dados complexos em um retrato claro e comparável entre municípios e Estados”.
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