Presidente da Petrobras diz que petróleo não deve ser culpado por tragédia no Sul
Magda Chambriard concedeu primeira entrevista após assumir presidência da Petrobras
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Defensora da abertura de novas fronteiras para exploração de petróleo no país, a nova presidente da Petrobras, Magda Chambriard, questionou nesta segunda-feira (27) relações entre a tragédia climática no Rio Grande do Sul e a produção de combustíveis fósseis no mundo.
Em sua primeira entrevista após assumir o cargo, ela defendeu que catástrofes como as que afligem os gaúchos refletem diversas causas e que é injusto responsabilizar a produção de petróleo no pré-sal brasileiro.
"Não é o pré-sal que tem culpa disso", afirmou. "O pré-sal traz grandes benefícios para a sociedade, traz receita incalculável para o Brasil. De forma direta ou indireta, está contribuindo para a qualidade de vida no Brasil."
Ela mencionou as enchentes no Sul provocada pela imprensa, após defender a busca de novas reservas de petróleo no país em seu discurso de abertura e em resposta a perguntas anteriores.
"Primeiro, quero me solidarizar com o sofrimento do Rio Grande do Sul", iniciou sua resposta. "A questão da transição energética é curiosa, porque temos questões e questões, causas e causas e muita coisa é colocada nessa mesa não estando diretamente ligada a ela", continuou.
Magda seguiu citando um caso pessoal, em que a garagem do prédio onde mora no Rio de Janeiro foi inundada por fortes chuvas. E disse que o prédio foi construído sobre um aterro onde antes era a lagoa Rodrigo de Freitas, o que explicaria a inundação.
"Com petróleo ou sem petróleo, uma hora iríamos gastar dinheiro para lidar com isso, porque se agrediu o meio ambiente", argumentou, citando ainda que a grande cheia anterior que atingiu o Rio Grande do Sul ocorreu em 1941. "A gente nem tinha petróleo no Brasil nessa época."
Em sua entrevista, Magda sinalizou uma mudança de direcionamento da Petrobras em relação à gestão anterior, com um foco maior na ampliação das reservas de petróleo -enquanto seu antecessor, Jean Paul Prates, gostava de dizer que a estatal era uma empresa em transição.
"Temos que tomar muito cuidado com a reposição das reservas, a menos que a gente queira aceitar o fato de que podemos voltar a ser importadores, o que para mim está fora de cogitação", afirmou. "O esforço exploratório dessa empresa tem que ser mantido, tem que ser acelerado."
"Temos novas fronteiras importantes a perseguir, dentre elas a questão do Amapá, na bacia Foz do Amazonas, temos a bacia de Pelotas", continuou, defendendo que o impasse sobre o licenciamento de poços na região Norte do país seja resolvido pelo CNPE (Conselho Nacional de Política Energética).
O órgão reúne representantes de diversos ministérios, entre eles o MMA (Ministério do Meio Ambiente), e da sociedade civil.
"Esses assuntos têm que ser discutidos à luz da sua contribuição para a sociedade brasileira", disse. "Toda vez que a gente restringe essa discussão a uma instituição única, não expande a outras instituições, a sociedade sai perdendo."
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