X

Olá! Você atingiu o número máximo de leituras de nossas matérias especiais.

Para ganhar 90 dias de acesso gratuito para ler nosso conteúdo premium, basta preencher os campos abaixo.

Já possui conta?

Login

Esqueci minha senha

Não tem conta? Acesse e saiba como!

Atualize seus dados

Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Assine A Tribuna
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo

Brasil

Ozempic: o que dizem as entidades médicas sobre estudo que associa semaglutida a doença ocular


Sociedades médicas brasileiras divulgaram nesta sexta-feira, 12, uma nota de esclarecimento sobre o estudo que associou o uso de semaglutida, ativo dos medicamentos Ozempic, Wegovy e Rybelsus, a um maior risco de neuropatia óptica isquêmica anterior não arterítica (NOIA-NA), doença ocular rara que atinge o nervo óptico e pode levar à cegueira.

O texto, assinado pela Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO), ressalta que há limitações na pesquisa e, até o momento, não há evidências de causalidade entre o uso de semaglutida e o surgimento de NOIA-NA

"Até o momento, não há evidências de causalidade entre o uso de semaglutida e surgimento de NOIA-NA. No entanto, novos estudos, especialmente os grandes estudos de vida real, dedicados à avaliação da saúde ocular em pacientes usando semaglutida, são aguardados para esclarecer esta questão", diz a nota.

Os especialistas afirmam que o uso da semaglutida deve continuar sendo indicado normalmente para pessoas assintomáticas, "porém apenas por médicos, sendo fortemente condenado o uso sem prescrição médica e para perda de peso em pessoas sem obesidade ou sem sobrepeso com comorbidades".

O que dizem as sociedades médicas?

Na nota, as entidades afirmam que seus comitês científicos analisaram detalhadamente o estudo, desenvolvido por pesquisadores do Mass Eye and Ear - hospital-escola da Universidade Harvard com foco na saúde ocular, do ouvido, nariz, garganta, cabeça e pescoço - e publicado na revista científica JAMA Ophthalmology, e destacam os seguintes aspectos:

- de 17.298 pacientes com doenças neuro-oftalmológicas de uma clínica especializada em neuro-oftalmologia, foram selecionadas 710 pessoas com diabetes e 979 com obesidade;

- 555 pacientes selecionados estavam usando semaglutida e, nesses, ocorreram 37 casos de NOIA-NA, ou seja, 6,6%;

- em 1.134 pessoas com diabetes ou obesidade sem uso de semaglutida, houve nove casos de NOIA-NA, ou seja 0,79%;

- essa diferença foi significativa estatisticamente, em termos relativos.

Por outro lado, ponderam que o estudo foi observacional e não foi randomizado, ou seja, as pessoas que usaram semaglutida não foram sorteadas para receber a medicação e, sim, escolhidas a partir dos registros médicos para serem incluídas no estudo de acordo com o uso prévio. Devido a essa seleção, não há como afirmar que aqueles que usaram semaglutida tinham um risco de NOIA-NA semelhante ao das pessoas que não receberam medicação.

Além disso, fatores de risco como tabagismo, duração do diabetes e a morfologia do disco óptico não foram levados em conta, O estudo também não avaliou se, no grupo que utilizou a semaglutida, os pacientes realmente seguiram a prescrição adequadamente, pois não havia controle de adesão à medicação. Também não foram apresentadas informações sobre as doses de semaglutida, impedindo verificar se doses mais altas foram associadas a uma maior incidência de NOIA-NA.

As entidades enfatizam ainda que a NOIA-NA é uma doença rara, com prevalência de 2 a 10 casos para cada 100 mil pessoas na população geral, ou seja, 0,002% a 0,01%, e que o grupo que não usou semaglutida apresentou uma taxa de 0,79% - muito acima do padrão. Para os médicos, isso indica que os resultados foram obtidos em uma população de risco muito maior, o que limita a possibilidade de extrapolar os resultados para a população em geral.

"Portanto, não é possível concluir sobre a existência de uma relação de causa e efeito entre o uso da semaglutida e surgimento de NOIA-NA neste estudo. Não há como afirmar, com estes dados, que a semaglutida tenha causado aumento de casos de NOIA-NA", diz a nota.

As sociedades também lembram que, em 13.809 pacientes que receberam semaglutida em estudos randomizados anteriormente, não houve nenhum caso de NOIA-NA relatado e enfatizam os benefícios do uso da semaglutida tanto na perda de peso quanto no controle da hiperglicemia de pacientes com diabetes tipo 2, na diminuição de risco de eventos cardiovasculares e na redução da progressão da doença renal do diabetes.

"A SBD, a ABESO, a SBEM e a SBO reconhecem que, apesar de ser possível ter havido um aumento de risco relativo de NOIA-NA em pessoas usando semaglutida, o aumento no risco absoluto foi muito baixo, e não deve ser motivo para suspensão da medicação", afirma o comunicado.

Recomendações

As sociedades recomendam que o exame da retina seja realizado de forma rotineira e periódica por pessoas com diabetes, como parte do acompanhamento da doença, como já estipulam as diretrizes em vigor.

Atualmente, a maior causa de cegueira em pacientes com diabetes é a retinopatia diabética. A Novo Nordisk, fabricante do Ozempic e do Wegovy, anunciou que um estudo em andamento está analisando os efeitos de longo prazo da semaglutida 1,0 mg nessa enfermidade. A conclusão da pesquisa está prevista para o segundo semestre de 2027.

Em relação a indivíduos que já tenham tido NOIA-NA ou que apresentem perda súbita ou recente da visão, as entidades médicas afirmam que a semaglutida deve ser imediatamente retirada e o paciente submetido a exame oftalmológico o mais breve possível. A decisão terapêutica deverá ser tomada caso a caso, em conjunto com o oftalmologista.

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Leia os termos de uso

SUGERIMOS PARA VOCÊ: