Namoro virtual de adolescente que matou os pais e o irmão começou há seis anos
Escute essa reportagem
O adolescente de 14 anos que matou o pai, a mãe e o irmão de 3 anos em Itaperuna-RJ no último sábado, 21, mantém há seis anos um namoro virtual com uma jovem de Água Boa, município de 30 mil habitantes a 1.800 quilômetros de Itaperuna. Era essa adolescente que ele queria visitar, para conhecer pessoalmente, e foi impedido pelos pais, o que motivou os assassinatos, segundo ele relatou à polícia.
A adolescente foi ouvida na quinta-feira, 26, pela Polícia Civil do Mato Grosso. Ela compareceu à delegacia de Água Boa acompanhada pela mãe, e o conteúdo de seu depoimento não foi divulgado pela polícia para não atrapalhar a investigação. O Estadão tenta localizar a defesa dos adolescentes.
Por enquanto, o que se sabe é que o relacionamento começou quando ele tinha oito anos e ela, 9. Eles se conheceram durante jogos online, segundo a polícia.

Se houver indícios de que ela incentivou o namorado a praticar o ato infracional, a menina pode ser responsabilizada também. O adolescente foi apreendido e vai responder por ato infracional análogo a triplo homicídio e ocultação de cadáver.
A Polícia Civil do Rio, que investiga o caso, encontrou indícios de que o menino planejava sacar o dinheiro que o pai tinha no Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). Antônio Carlos Teixeira, de 45 anos, tinha R$ 33 mil depositados no FGTS. Segundo a polícia, o adolescente sabia desse valor e havia pesquisado na internet como sacar o FGTS de pessoas mortas.
Ele também pesquisou maneiras de falsificar uma autorização de viagem interestadual em empresas de ônibus.
Corpos na cisterna
No sábado, o adolescente esperou os pais e o irmão de 3 anos dormirem, pegou a arma que havia em casa – que era registrada em nome do pai, autorizado a mantê-la como Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC) – e matou os três.
Depois, espalhou um produto químico pelo chão e arrastou os corpos do quarto do casal para a cisterna da casa, onde depositou os cadáveres.
No domingo, 22, e na segunda-feira, 23, parentes perguntaram ao adolescente pelos pais e pelo irmão, e ele contou que o irmão havia engolido um caco de vidro e tinha sido levado ao hospital pelos pais. Mas nenhuma unidade de saúde da região tinha registro de atendimento, então na terça-feira, 24, uma avó e um tio do adolescente comunicaram o desaparecimento à polícia.
Na quarta-feira, 25, a polícia foi até a casa do adolescente para realizar uma perícia e encontrou manchas de sangue no colchão do casal, roupas ensaguentadas e, em uma bolsa, os celulares dos pais do adolescente. Ao sentirem um cheiro forte de algo podre, os policiais verificaram a cisterna e encontraram os corpos.
Comentários