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Brasil

Mulheres são mais generosas que homens, conclui estudo

Ideia do estudo foi desenvolver melhores evidências sobre o tema. No total, foram 1.100 participantes


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Se alguém desse em torno de R$ 60 para você e perguntasse o quanto você estaria disposto a doar para uma pessoa desconhecida, qual seria sua resposta? Esse cenário é a base de um novo estudo publicado este mês que buscou mensurar a generosidade de indivíduos com base em diferentes fatores, incluindo gênero. A conclusão? Pelo menos na pesquisa, mulheres são mais generosas que homens.

A ideia do estudo foi desenvolver melhores evidências sobre o tema. "Sabíamos que estudos anteriores analisando diferenças de gênero em doações encontraram alguma ou nenhuma diferença em generosidade entre homens e mulheres, mas eles foram baseados em um número menor de observações, ou não tinham o grau de controle que tínhamos. Então, preenchemos a lacuna na literatura", afirma Marina Pavan, da Universidade James I, na Espanha, e co-autora do artigo.

A pesquisa, veiculada na revista científica Plos One, teve a metodologia baseada no jogo do ditador. Conhecido no campo da economia experimental, esse jogo envolve dois participantes por rodada. Um deles é o ditador —no novo estudo, ele foi denominado de remetente. Esse participante recebe uma quantia de dinheiro, 10 euros (em torno de R$ 60). Então, os pesquisadores perguntam se a pessoa deseja doar algum valor para o outro participante do estudo, o destinatário.

Conforme a teoria econômica geral, o ditador não doaria nada. Mas não é isso que acontece. "Surpreendentemente, participantes [doam], e este é um fato bem conhecido na economia experimental. É por isso que o jogo do ditador é comumente usado na economia experimental para medir o ‘altruísmo’, no sentido de disposição para doar dinheiro para os outros", explica Pavan.

No total, foram 1.100 participantes no estudo. Ao analisar os dados do jogo feito em laboratório, os pesquisadores observaram que gênero aparenta afetar a generosidade. Mulheres doaram cerca de dez pontos percentuais a mais que homens, uma diferença considerada como significativa pelos autores do artigo. Em média, elas abriam mão de 35% do total disponibilizado no jogo, enquanto eles doavam 25%.

"Além disso, enquanto a decisão mais comum para os homens era não compartilhar nada com suas parceiras, para as mulheres, é divisão igual, em meio a meio", continua Pavan.

Outros fatores que influenciam na decisão também foram considerados no estudo. Por exemplo, a racionalidade excessiva diminui as chances de doação, enquanto uma maior abertura à mudanças, amabilidade e emoções positivas aumentam a disposição de doar. Esses aspectos positivos para a doação foram vistos nos homens, mas influenciam especialmente as mulheres, o que é um elemento que explica a diferença entre os gêneros.

Além desses três fatores, Pavan explica que outros, como valores sociais, educação e normas culturais, influenciam na decisão de doar. "Nosso estudo, infelizmente, não é capaz de capturar essas dimensões, e valeria a pena estudá-las mais."

Simone Jorge, professora universitária e doutora em ciências sociais pela PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), aponta que um elemento importante para entender o artigo recém-publicado diz respeito à competitividade. Na visão da professora, homens são majoritariamente criados para serem competitivos, num sentido egoísta, mais centrado neles mesmos e no seu potencial. Mulheres, por outro lado, não.

"É muito comum, especialmente nas sociedades ocidentais, existir essa abordagem do senso comum de que as mulheres são mais frágeis e delicadas. Logo, elas não seriam voltadas para a competitividade", afirma Jorge, que não tem relação com a pesquisa de Pavan.

Por conta desse padrão de gênero, mulheres tendem a ser mais atreladas aos campos do cuidado e do afeto, algo que dialoga com o resultado do estudo de Pavan. No entanto, Jorge reitera que essa visão sobre as mulheres é de caráter social e diretamente relacionada com desigualdades de gênero, já que pode gerar pressão para que mulheres sejam muito afetivas.

Para o futuro, Pavan tem interesse em continuar estudando o tema. Acessar dados de ONGs e instituições de caridade para entender se mulheres também doam mais que homens fora do laboratório é uma possibilidade. Um estudo com esse desenho proporcionaria mais dados sobre o tema, mas também resultaria em perder o controle das razões envolvidas no processo de doação.

"Estamos tentando descobrir como podemos contornar este problema", conclui Pavan.

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