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Brasil

Lula quer programa para construir banheiros e diz que 'não é gasto, é decência'

Presidente quer atender a necessidade de 4 milhões de pessoas que não contam com essa instalação em suas residências


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Imagem ilustrativa da imagem Lula quer programa para construir banheiros e diz que 'não é gasto, é decência'
Lula afirmou ter visto reportagens mostrando que 4 milhões de brasileiros não contam com banheiros em suas residências |  Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu nesta terça-feira (26) que seu governo elabore um programa para a construção de banheiros em casas, para atender a necessidade de 4 milhões de pessoas que não contam com essa instalação em suas residências.

Em meio à discussão sobre pacote de corte de gastos para equilibrar as contas públicas, o presidente ainda acrescentou que o Ministério da Fazenda não vai poder considerá-lo como despesa.

"Falei para o [ministro das Cidades] Jader [Filho]: pode preparar um programa porque nós vamos fazer o banheiro que a pessoa precisa", afirmou o presidente.

"E eu vou te falar, Guilherme [Mello, secretário de Política Econômica], depois não venha a Fazenda dizer isso é gasto, porque isso não é gasto, é decência, é respeito. Eu vi na televisão as pessoas indo para o mato, sem lugar para tomar banho", afirmou o presidente, em direção ao secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, também presente no evento.

Lula participou da abertura do 99° Encontro Nacional da Indústria de Construção. O evento foi realizado na sede da CNI (Confederação Nacional da Indústria), em Brasília.

O presidente afirmou ter visto reportagens mostrando que 4 milhões de brasileiros não contam com banheiros em suas residências. Acrescentou que é uma condição inaceitável para um país que está entre as maiores economias do mundo.

Disse que um "governo que não tem condições de fazer banheiro para as pessoas não tem condições de nada".

Mais de 102 milhões de brasileiros vivem diariamente com algum tipo de privação de saneamento. Isso significa que uma a cada duas pessoas mora em uma residência sem acesso a serviços considerados básicos, como abastecimento de água, coleta de esgoto ou banheiro.

Os dados fazem parte de estudo divulgado neste mês, feito com base nos dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) do IBGE.

O trabalho —produzido pelo Instituto Trata Brasil em parceria com a consultoria Ex Ante e com o Cebds (Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável)— avaliou cinco tipos de problemas: falta de conexão à rede geral de água, abastecimento irregular de água tratada, ausência de caixa d'água ou reservatório, falta de banheiro em casa e falta de coleta de esgoto.

A declaração do presidente acontece em meio à expectativa pela divulgação do pacote de corte de gastos, elaborado pela equipe do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. As medidas devem ser divulgadas nesta semana, após várias semanas de discussões, impasses e adiamentos.

Integrantes do governo apontavam que o pacote de medidas de contenção de gastos, elaborado por Haddad, deveria ter um impacto de cerca de R$ 25 bilhões a R$ 30 bilhões em 2025, e de R$ 40 bilhões em 2026.

Lula também criticou durante a sua fala a burocracia no Brasil, acrescentando que é um "verdadeiro inferno" levar adiante projetos no Brasil.

"Agora entre contratar e começar a fazer, é outro pequeno problema do tamanho do oceâno Atlântico. Tem toda uma burocracia, mesmo no meio empresarial, para vencer barreiras, para fazer canteiro, para fazer licenciamento. É um verdadeiro inferno para você fazer as coisas andarem nesse país", afirmou.

O mandatário então criticou o que descreveu como "denuncismo", que acaba bloqueando a execução de projetos em diversas áreas.

"Uma coisa muito grave é como o denuncismo nesse país, mesmo entre os empresários, [...] porque quando você tem uma licitação o primeiro empresário que entra com processo nessa licitação é o que perdeu".

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