Jovem atrai autoridades para grupo com pedofilia para extorsão, diz polícia
Líder do esquema identificou pessoas conhecidas e passou a chantageá-las
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Um homem de 18 anos, integrante de facção aliada do PCC (Primeiro Comando da Capital), liderou um esquema de extorsão envolvendo autoridades da política, segundo informou ao UOL a Polícia Civil do Distrito Federal. A identidade das vítimas não foi revelada.
As vítimas eram pessoas que recebiam uma oferta para entrar em grupo de Telegram com imagens de pornografia, incluindo pedofilia, zoofilia e necrofilia.
Para entrar, era preciso transferir de R$ 14,90 a R$ 19,90 para uma conta bancária, ato que expunha o nome das vítimas e seus CPFs.
Com o nome das vítimas, o líder do esquema identificou pessoas conhecidas e passou a chantageá-las, exigindo dinheiro para não revelar que elas tinham pago para obter imagens de sexo, como pornografia infantil.
Autoridades de Brasília e da política, como altos funcionários públicos, estão entre as vítimas.
"Como são pessoas importantes, que têm destaque na sociedade, era um golpe vinculado a isso. Ele estudava [o perfil] com fragmentos de CPF. Um menino de 18 anos fazia isso com dados vazados", afirmou Eduardo dal Fabbro, delegado da Polícia Civil do DF.
As vítimas eram homens, mas o delegado se negou a detalhar a qualificação delas e a relação delas com a política. A TV Cultura e o portal G1 informaram que havia governadores e secretários de estados. Fabbro não comentou.
Uma delas é um alto funcionário público de Brasília de cerca de 25 anos, que chegou a pagar R$ 20 mil para a quadrilha. Ele foi prestar queixa na Polícia Civil do DF em 14 de dezembro.
O QUE SE SABE DA QUADRILHA
A Polícia Civil do DF prendeu nesta quinta-feira (28) quatro pessoas na Bahia e em São Paulo -um quinto suspeito continua foragido. Também foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão em parceria com o Ministério da Justiça e as polícias civis desses estados.
Ao menos R$ 200 mil foram obtidos pela organização criminosa, segundo estima a polícia do DF, que deflagrou a operação Cyber Shield. A Justiça do DF ordenou o confisco de contas bancárias, mas pouco dinheiro foi localizado.
Em entrevista à reportagem, o delegado Eduardo dal Fabbro relatou que o líder do grupo é um jovem de 18 anos de Salvador, que faz parte da facção Bonde dos Malucos, a maior da Bahia, aliada do PCC.
Com apenas alguns dados das vítimas que caíam na primeira armadilha do golpe, ele fazia uma pesquisa e selecionava quem tinha mais potencial para ser extorquido, segundo a polícia.
"Você faz a transferência. Ele tem seu nome e fragmentos do seu CPF. Ele identifica quem é você. Email, telefone... Ele faz uma pesquisa sobre você. Ele avalia: 'Ah, é uma vítima potencial? Tem status?", disse dal Fabbro.
Em depoimento, o rapaz confessou os crimes e disse que fez 50 vítimas. Algumas pagaram até R$ 20 mil para não verem seus nomes divulgados na internet e na imprensa.
PERÍCIA
Ainda não está claro para os policiais se as vítimas consumiram pornografia, e pornografia infantil —o que é crime.
A investigação prossegue analisando o telefone celular do suspeito de 18 anos. Aparentemente, os grupos do Telegram que prometiam as imagens de sexo estavam vazios.
A perícia nos telefones e computadores apreendidos vai avaliar se houve consumo de imagens de pedofilia. Se isso for comprovado, as vítimas podem ser punidas.
Fabbro não revelou nem mesmo o nome do líder da quadrilha, mas afirmou que ele morava na Bahia atuando como auxiliar do narcotráfico da facção Bonde dos Malucos. Por causa de problemas de grupos rivais, ele se mudou para São Paulo.
Na capital paulista, ficou na casa de um tio em uma favela no bairro do Jaraguá. O suspeito aplicou os golpes dos grupos de sexo durante seis meses.
INVESTIGAÇÃO PODE SER DESDOBRADA
As investigações devem render desdobramentos com a localização de novas vítimas.
Também é preciso esclarecer se eventualmente, o Bonde dos Malucos e o PCC receberam parte do dinheiro obtido com os golpes.
Apesar de arrecadar mais de R$ 200 mil, pelas estimativas da polícia, o jovem vivia no terceiro andar de um barraco simples, sujo e mal cuidado.
O suspeito prestou o primeiro depoimento sem advogado. A Defensoria Pública do DF deve assumir a defesa dele. O caso corre na 1ª Vara Criminal do Distrito Federal.
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