Homicídios e roubos caem em SP, mas feminicídios e estupros batem recorde
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Os casos de homicídio no Estado de São Paulo chegaram ao menor patamar da série histórica, iniciada em 2001, e fecharam 2023 com uma queda de 10,4% em relação aos registros do ano anterior. Os dados foram divulgados pela Secretaria da Segurança Pública paulista nesta sexta-feira, 26, e apontam também queda nos roubos. Por outro lado, os crimes de estupro e feminicídio bateram recorde no ano passado.
Ao todo, 2.728 pessoas foram assassinadas em cidades paulistas ao longo de 2023, enquanto no ano anterior o número havia ficado em 3.044. O dado do ano passado é o menor desde que os registros passaram a ser divulgados de maneira uniformizada em 2001. Naquele ano, 13.133 foram vítimas de homicídio doloso, dado que vem caindo paulatinamente desde então.
O governo destaca que, assim, a taxa de casos de assassinatos por 100 mil habitantes ficou pela primeira vez abaixo de 6 (5,72). São Paulo tem o menor indicador de homicídios entre os Estados do País.
A região do Estado que registrou a maior queda de homicídios foi a Grande São Paulo, segundo o governo, com redução de 110 casos entre 2022 e 2023. "Já a capital paulista vem em segundo lugar, com 481 casos notificados no ano passado, 14,1% a menos que em 2022, que teve 560 registros. Em ambas as regiões, a taxa de homicídios dolosos bateu recorde de queda desde o início da série histórica, com 5,24 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes na região metropolitana e 4,01 para a mesma população da cidade de São Paulo."
Até as 10h desta sexta-feira, a Secretaria não havia divulgado o dado do último trimestre do ano passado, o que permitiria finalizar o balanço do ano sobre mortes cometidas por policiais. O dado tem chamado atenção por altas consecutivas ao longo de 2023 (até o terceiro trimestre), e tem sido alvo de debate em torno da política de câmeras corporais nos uniformes dos agentes. Ainda não foi informado quando o número será tornado público.
Roubo
Os números da SSP mostram que o Estado registrou 228.028 casos de roubos, o equivalente a 624 crimes dessa natureza por dia. O número é 6,2% menor do que o registrado em 2022, quando aconteceram 242 mil roubos.
A incidência de crimes patrimoniais, que se concentram em casos de roubo de celular, é umas das preocupações centrais do governo diante do impacto sentido sobre a sensação de insegurança da população.
No ano passado, o Estadão mostrou que a Avenida Paulista se tornou um dos maiores focos de ladrões na cidade para roubos de telefones. A facilidade de fazer transações bancárias, como o Pix, por meio dos aparelhos tornou o delito muito atraente para os bandidos, que também têm feito sequestros para extorquir as vítimas, como no caso do ex-jogador Marcelinho Carioca.
No centro de São Paulo, tem aumentado a atuação de gangues de ladrões de bicicletas e de criminosos que quebram vidros de carros, a exemplo "Bonde do Elevado", também têm assustado paulistanos. E, com o espalhamento da Cracolândia, o comércio da região tem sofrido com o aumento da sensação de insegurança e episódios de saques.
O governador Tarcísio de Freitas e o prefeito Ricardo Nunes (MDB) têm se mobilizado para encontrar alternativas para reduzir os índices de criminalidade. Com destaque para o centro da cidade, que concentrou alguns do casos mais emblemáticos de insegurança do ano passado, como o ataque a pedradas ao Bar Brahma em dezembro.
Como forma de tentar contornar a situação, a Prefeitura anunciou que prevê pagar 30% a mais para policiais militares que atuarem na região da Cracolândia, no centro da cidade, por meio da Operação Delegada, convênio firmado com o governo do Estado para contratar agentes de segurança em horário de folga.
Como mostrou o Estadão, até outubro, ao menos 11 endereços foram ocupados pela Cracolândia no ano, segundo mapeamento da Prefeitura. A gestão municipal espera ter, ao todo, cerca de 2,4 mil policiais inscritos na Operação Delegada, alguns deles agora também atuando no turno da noite.
Estupro e feminicídio
Os dados em queda contrastam com resultados negativos em outras áreas. A divulgação mostrou que o Estado teve 14.504 casos de estupro no ano passado, o maior número da série histórica para esse crime. Foi um aumento de 9,55% ante o dado de 2022. Dos 14,5 mil registros, 11,1 mil são referentes a estupros contra pessoas vulneráveis (crianças, adolescentes e outras vítimas consideradas incapazes de defesa).
No mesmo cenário, o balanço de feminicídio aponta novo recorde do registro, tabulado pela pasta desde 2018. Em 2023, foram 221 casos, uma alta de 13,4% em um ano. Em 2018, tinham sido 136 casos.
O governo e autoridades judiciárias falam que, em parte, a alta se dá pela melhor capacidade de registro e enquadramento de um homicídio como feminicídio. Ao mesmo tempo, especialistas apontam a possibilidade de estar havendo maior incidência criminal desde o período pós-pandemia.
Governo destaca programas para redução de crimes
"É consenso entre especialistas que o crime - que muitas vezes acontece no ambiente familiar - é o que tem maior índice de subnotificação. Para combater este problema, o governo faz campanhas frequentes para incentivar as mulheres a denunciar os agressores", declarou a Secretaria da Segurança.
Para atender as mulheres, o governo disse contar com 140 unidades territoriais de Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), DDMs online e 77 salas DDM em plantões policiais.
"A pasta proporciona atendimento 24h por dia, permitindo o registro de ocorrências via videoconferência com delegadas mulheres. A DDM está integrada em outras esferas governamentais, participa de operações nacionais e mantém parcerias com a Secretaria de Políticas para a Mulher, que tem, entre suas ações, o protocolo 'Não se cale'."
Os dados positivos sobre homicídio foram destacados em nota divulgada pela SSP. "As reduções consecutivas são resultado das políticas criadas pela gestão para combater este tipo de delito, como o Sistema de Informação e Prevenção aos Crimes Contra a Vida (SPVida)", informou.
Lançada em fevereiro, a plataforma, segundo o governo, automatiza os dados e "auxilia as polícias a analisarem a dinâmica criminal dos crimes contra vida, para que, desta forma, seja possível elaborar diagnósticos e planos de ações com o intuito de reduzir as mortes".
Outra ação para combater a criminalidade, ressaltou a pasta, "foi o aumento do policiamento ostensivo com a Operação Impacto, que colocou 17 mil policiais nas ruas diariamente".
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