Chefe da PM diz que morte de policial que investigava milícia foi 'covardia'
Secretário prometeu apuração rápida sobre o crime
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O secretário da Polícia Militar do Rio de Janeiro, Luiz Henrique Pires, classificou como uma agressão ao Estado a morte da PM que investigava a milícia. Vaneza Lobão foi assassinada na sexta-feira (24) em frente ao portão de sua casa em Santa Cruz, zona oeste da cidade.
A policial investigava o envolvimento de PMs com facções e com o jogo do bicho e recebeu tiros de fuzil disparados por criminosos encapuzados em um carro preto.
"A morte de qualquer policial militar já é uma agressão ao Estado, é uma agressão à instituição. E aí, por ela trabalhar na área [que investigava a milícia] se torna mais inaceitável ainda", afirmou o secretário, que acompanhou o velório da PM na tarde deste domingo (26)
"É uma agressão e uma covardia", completou.
Pires prometeu celeridade nas investigações dos responsáveis pela morte de Lobão. De acordo com os primeiros relatos, os criminosos estavam esperando a policial em frente a casa dela.
O secretário afirmou que já há uma linha investigava do caso, mas não deu detalhes.
"A gente vai continuar trabalhando [no combate ao crime organizado] da mesma forma, agora com mais intensidade, porque nós temos um objetivo que é prender quem mandou matar a nossa policial militar", disse o secretário.
A 8ª DPJM é a única unidade da Corregedoria que investiga o envolvimento de agentes com o crime organizado. Ela também é chamada de DENACCom (Delegacia Especializada em Narcomilícia e Crimes Complexos).
O velório de Lobão foi acompanhado por colegas de farda da policial, agentes de diversas unidades da corregedoria da PM e da PRF, que dividiram o patrulhamento na época que ela foi lotada no BPVE (Batalhão de Policiamento em Vias Especiais).
Lobão estava na 8ª DPJM (Delegacia de Polícia Judiciária Militar) desde abril do ano passado. A unidade faz parte da corregedoria da PM e é responsável por investigar policiais envolvidos com a milícia e com o jogo do bicho.
A investigação sobre a morte de Lobão está sendo tocada pela Delegacia de Homicídios, da Polícia Civil, e conta com o apoio da PF, PRF e Corregedoria da PM
Além do secretário da Polícia Militar, os superintendentes da Polícia Federal, Leandro Almada, e da PRF, Vítor Almada, estavam presentes no velório de Lobão
Entre os agentes presentes, o sentimento era de desesperança e impotência pela morte de uma policial jovem e apaixonada pela farda. A sensação, conforme contaram à reportagem, é que o assassinato de Lobão é um duro golpe no combate ao crime organizado e as milícias no estado.
Os grupos paramilitares, que dominam parte relevante da região metropolitana, são hoje o principal desafio na segurança pública do Rio. As corregedorias das forças de segurança dizem se empenhar para evitar o aliciamento de agentes pelos criminosos. Outro trabalho feito é identificar os policiais que já atuam para os dois lados.
Lobão foi morta enquanto abria a garagem para entrar com o carro, por volta das 21h30. De acordo com os primeiros relatos de testemunhas, os criminosos estavam no aguardo de Lobão para matá-la.
O crime aconteceu quando a policial estava chegando em casa da academia junto com sua mulher.
Em Santa Cruz, onde ocorreu o assassinato, é uma área sob o domínio de Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho. Ele é apontado como líder da maior milícia do Rio, comandada por sua família há mais de uma década.
É atribuída a ele a ordem para os ataques que incendiaram 35 ônibus e um trem na zona oeste carioca em 23 de outubro deste ano, após a morte do sobrinho, Matheus Rezende, o Faustão, em uma ação policial.
O velório de Lobão aconteceu neste domingo (26) no Jardim da Saudade de Sulacap, bairro da zona oeste da capital fluminense.
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