Brasil tinha 783 mil trabalhadores extremamente pobres e 14,3 mi na pobreza em 2023, diz IBGE
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O mercado de trabalho aquecido ajudou a reduzir a pobreza e a miséria no País em 2023. No entanto, entre os trabalhadores ocupados, 783 mil ainda eram considerados extremamente pobres e 14,336 milhões viviam em situação de pobreza. Os dados são da Síntese dos Indicadores Sociais (SIS) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira, 4.
Pelos critérios dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas e recomendações do Banco Mundial, a pobreza extrema é caracterizada por uma renda familiar per capita disponível inferior a US$ 2,15 por dia, o equivalente a um rendimento médio mensal de R$ 209 por pessoa em 2023, na conversão pelo método de Paridade de Poder de Compra (PPC) - que não leva em conta a cotação da taxa de câmbio de mercado, mas o valor necessário para comprar a mesma quantidade de bens e serviços no mercado interno de cada país em comparação com o mercado nos Estados Unidos. Já a população que vive abaixo da linha de pobreza é aquela com renda disponível de US$ 6,85 por dia, o equivalente a R$ 665 mensais por pessoa em 2023. A série histórica da pesquisa do IBGE, que usa dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), teve início em 2012.
O IBGE apurou pela primeira vez a incidência de pobreza e extrema pobreza entre quem estava trabalhando. Entre as pessoas ocupadas, 0,8% foram consideradas extremamente pobres em 2023, proporção que subia a 14,6% entre quem ainda estava em busca de um emprego. Já a proporção de ocupados em situação de pobreza foi de 14,2%, ante uma fatia de 54,9% entre os que estavam procurando trabalho.
"Os indicadores mostram que há pobreza entre a população ocupada, o que provavelmente está relacionado a maior vulnerabilidade dos respectivos postos de trabalho. Por outro lado, o acesso à renda do trabalho é condição importante para garantir que os níveis de pobreza e extrema pobreza das pessoas ocupadas sejam menores do que aqueles registrados para os desocupados e para as pessoas fora da força de trabalho", apontou o estudo do IBGE.
Os maiores níveis de pobreza dos trabalhadores ocupados ocorreu entre aqueles com ensino fundamental incompleto (27,0%), sem carteira de trabalho assinada (23,4%) ou atuando por conta própria (18,8%). Quanto às atividades, a incidência de pobreza foi maior entre os trabalhadores da agropecuária (33,1%) e dos serviços domésticos (25,3%).
Mais telefones
Em 2023, 67,9% da população brasileira residia em domicílios com esgotamento sanitário por rede coletora ou pluvial, ou fossa ligada à rede. Entre os extremamente pobres, no entanto, essa proporção era de apenas 48,4%, e entre os pobres, de 52,4%.
Já o acesso a determinados bens de consumo no domicílio mostrou-se elevado: 94,2% da população em situação de miséria vivia em domicílio com telefone fixo ou celular e 92,9% com geladeira; 97,1% da população em situação de pobreza habitava domicílio com telefone fixo ou celular e 96,5% com geladeira.
"Para os extremamente pobres, tem mais celular do que geladeira", observou Bruno Perez, técnico do IBGE. "É essencial para quem trabalha. Às vezes, mesmo para contratar um trabalhador rural ou diarista, as pessoas contratam pelo celular", lembrou.
O levantamento identificou ainda um salto no acesso domiciliar à internet entre os mais vulneráveis. A proporção de pessoas com conexão à internet em casa cresceu de 68,6% em 2016 para 92,9% em 2023. Entre a população em situação de extrema pobreza, essa fatia saltou de 34,7% em 2016 para 81,8% em 2023, e entre as que viviam em situação de pobreza, de 50,7% para 88,7%.
"Apesar da rápida ampliação, ainda restavam, entre a população em extrema pobreza, 18,2% sem acesso domiciliar à Internet em 2023, proporção que era mais do que o dobro do verificado no conjunto da população brasileira (7,1%). Em termos absolutos, 15,2 milhões de brasileiros viviam em 2023 em domicílios sem acesso à Internet. Desse total, 1,7 milhão (11,3%) estavam abaixo da linha de extrema pobreza, e outros 4,9 milhões (32,3%) estavam acima da linha de extrema pobreza, porém abaixo da linha de pobreza", ponderou o IBGE.
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