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Brasil

Após sofrer injúria, professora cria coletivo para enfrentar racismo em escolas

Grupo foi nomeado em homenagem à primeira mulher negra eleita deputada no Brasil, em 1934


Imagem ilustrativa da imagem Após sofrer injúria, professora cria coletivo para enfrentar racismo em escolas
Professora da rede municipal de São Paulo Ana Koteban |  Foto: Reprodução/Instagram

Mais de um ano depois de sofrer injúria racial e ameaças dentro da escola em que trabalha, a professora da rede municipal de São Paulo Ana Koteban, 42, avalia que a situação foi tratada com descaso.

As apurações sobre um xingamento de "macaca" em uma lista de presença, desenhos de símbolos nazistas e uma ameaça de morte feita por um aluno não apontaram culpados ou provocaram mudanças na rotina, segundo a docente.

Foi por isso que ela decidiu, em contato com outras quatro educadoras, criar o coletivo Antonieta de Barros, em homenagem à primeira mulher negra eleita deputada no Brasil, em 1934.

O grupo foi criado a partir de conversas de Ana com outras professoras e mães de alunos, logo após ela denunciar a injúria sofrida na Escola Municipal de Ensino Fundamental Linneu Prestes à polícia e à supervisão da unidade, que fica em Santo Amaro, na zona sul da cidade. "Foi no olho do furacão", afirmou.

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública, o caso foi investigado pela Delegacia de Repressão aos Crimes Raciais e de Delitos de Intolerância (Decradi), e o inquérito, concluído em fevereiro de 2023.

Após depoimentos de funcionários e alunos da escola e exames periciais, o caso foi encaminhado à Justiça, que decidiu pelo arquivamento.

Segundo a pasta, foi pedida uma reconsideração sobre a ameaça de morte --um aluno disse que ela "deveria ter sido fuzilada"-- ao Ministério Público, que recebeu os documentos para investigar o ato infracional, já que o estudante era menor de 18 anos. Procurada, a Promotoria não respondeu sobre o caso.

O objetivo do novo coletivo é, a princípio, aprovar um protocolo para as escolas da rede municipal para lidar com casos de racismo no ambiente escolar. "Este protocolo surgiu com medidas que consideramos iniciais e imprescindíveis", afirma Ana.

O grupo se prepara para realizar, em 21 de março, uma audiência pública na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) para colher mais sugestões de ação.

Para passar a valer nas escolas, o protocolo pode ser incorporado pela Secretaria de Educação após sugestão direta, como a que será feita na próxima semana pelo coletivo, ou por um projeto de lei aprovado no Legislativo. Se aceitar incorporar o protocolo ou receber a determinação de uma lei aprovada, a secretaria vai elaborar normas determinando a adoção dele nas escolas, que serão comunicadas por meio das diretorias regionais de educação.

Entre os 12 caminhos propostos, estão a formação continuada de todos os profissionais da unidade para agir nos casos de racismo, a formação de comitês antirracistas e a obrigação de cumprimento das leis 10.639, de 2003, e 11.645, de 2008, que tratam do ensino de história e cultura afro-brasileira e africana e das relações étnico-raciais.

De acordo com Ana, depois dos casos, a escola chegou a promover atividades simultâneas em todas as turmas com o tema do racismo por duas semanas, mas a medida não virou rotina.

Procurada sobre o desfecho do caso, a Secretaria Municipal de Educação afirmou que junto com a Diretoria Regional de Educação prestou todo o apoio necessário durante a apuração, de novembro de 2022 a junho de 2023.

A comissão responsável pela investigação confirmou indícios de ofensa racial, mas não conseguiu identificar a autoria, disse a pasta, que citou a realização contínua de formações e práticas pedagógicas com a temática antirracista.

Ana voltou à Linneu Prestes na semana passada depois de um ano de licença psiquiátrica, e quer transferência da unidade. "É difícil conviver em um ambiente onde você sente conivência com algo tão grave."

Ela diz que começou ainda na graduação a pensar em como enfrentar barreiras raciais no ensino. "Quando me tornei professora, ser educadora antirracista já era minha identidade. Entrei no Ballet Afro Koteban e me aproximei da cultura africana na prática. Vem daí meu compromisso".

O sobrenome adotado por Ana, o mesmo do grupo de dança, significa, no idioma malinké, "o bom trabalho jamais se acabará", segundo a página do balé.

Também integrante do coletivo, Rosana de Souza, 59, considera as propostas do grupo como a próxima etapa da educação das relações raciais. "Assim como a publicação das orientações curriculares foi um marco, o protocolo é um passo à frente."

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