Aluno que viralizou como Ney Matogrosso sonha com os palcos: 'mudou tudo'
Sucesso nas redes o levou a ser notado por grandes nomes da cultura brasileira; veja vídeo
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Antes de receber elogios de nomes como Ney Matogrosso, Fernanda Torres e Jesuíta Barbosa, o jovem Yago Savalla, 16, já fazia sucesso nos corredores da escola em Salvador, onde mora desde os oito anos. Filho de artista -a mãe foi dançarina nos anos 1990 e o avô, músico que tocou com Alcione-, ele aprendeu desde cedo a ver a arte como uma extensão de si mesmo.
"A arte sempre esteve comigo, já é de sangue praticamente", diz ao F5. "Eu danço Michael Jackson desde os seis anos. Sempre fui reconhecido por isso na escola, mas nunca tinha sido pelo público. E isso, para mim, mudou tudo. Finalmente."
Nascido em São Luís (MA), Yago começou a chamar atenção no colégio por imitar o Rei do Pop. Mas foi ao aceitar o desafio de encarnar Ney Matogrosso no projeto escolar "Indisciplinar de Humanos e Linguagens", em homenagem aos 125 anos da instituição, que ele virou fenômeno nacional.
Inicialmente escalado para representar os anos 1970 e 1980, ele hesitou em deixar o pop internacional de lado. "Michael é minha vida. E eu já fazia isso há muito tempo", diz. Mas a proposta da escola era valorizar a música brasileira e os movimentos culturais de resistência à ditadura. "No começo fiquei receoso. Nunca tinha dançado músicas de outra pessoa. Mas topei o desafio e mergulhei."
Durante dois meses, ele se dedicou a estudar Ney com afinco. "Assisti aos shows antigos, analisei as poses, vi o jeito como ele se comportava no palco. No meu quarto, pensava: 'o que o Ney faria aqui agora?' Quis realmente entender e estudar mesmo."
A repercussão veio em ondas. Incentivado pelos colegas, Yago postou o vídeo da apresentação no TikTok. "No começo achei que ia parar nas 200 mil visualizações. Mas em menos de três dias bateu um milhão. Foi muito rápido, nunca imaginei."
A viralização o levou a ser notado por grandes nomes da cultura brasileira. "O próprio Ney elogiou. Também recebi curtidas da Fernanda Torres, Bruna Marquezine, Lázaro Ramos, Glória Pires. E o Jesuíta Barbosa comentou também. Nunca imaginei que isso ia acontecer comigo", diz, ainda surpreso com a dimensão que sua performance ganhou.
O sucesso, segundo ele, reacendeu um sonho antigo: o de seguir carreira artística. "Desde pequeno eu sonho com isso. Sempre quis ser artista. Mas no nosso país é difícil fazer carreira com arte. Então, receber esse reconhecimento agora me dá gás para continuar. Vai melhorar, vai aumentar. Graças a Deus, deu tudo certo."
PROJETO DA ESCOLA
A apresentação que o levou a esse novo patamar nasceu de um projeto disciplinar já tradicional no Colégio Salesiano. Quem explica é o professor de História Igor Mascarinha, que leciona no ensino médio da escola desde 2017.
"Essa apresentação faz parte de um projeto famoso que acontece todos os anos. Não é uma festa junina, como muitos pensam. A cada edição, trabalhamos uma temática diferente. Desta vez, foram os 125 anos do Salesiano de Salvador", conta o educador.
"Dividimos as turmas por décadas da história brasileira, e os alunos precisaram conectar esses períodos a grandes nomes da cultura. O grupo de Yago ficou com os anos 1970 -e surgiu ali a figura do Ney, que foi absolutamente acertada."
Segundo Igor, além da performance, os estudantes também produziram periódicos, documentários e uma mostra fotográfica. O objetivo era estimular o pensamento crítico e o resgate histórico. "A escolha do Ney foi muito simbólica, porque ele é uma figura que vai de encontro a um regime ditatorial. Isso foi orientado em sala, para que os alunos entendessem o poder da arte em contextos de opressão."
Para o professor, a escola tem um papel importante nesse tipo de incentivo. "Trabalhamos aqui o desenvolvimento das múltiplas inteligências. Damos muito valor à arte, à cultura e ao esporte. Já tivemos ex-alunos que hoje são atletas olímpicos, cantores em musicais... É algo que faz parte da identidade da escola."
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