X

Olá! Você atingiu o número máximo de leituras de nossas matérias especiais.

Para ganhar 90 dias de acesso gratuito para ler nosso conteúdo premium, basta preencher os campos abaixo.

Já possui conta?

Login

Esqueci minha senha

Não tem conta? Acesse e saiba como!

Atualize seus dados

Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo

Saúde

Áudio de médico do Incor sobre avanço do coronavírus é verdadeiro


Imagem ilustrativa da imagem Áudio de médico do Incor sobre avanço do coronavírus é verdadeiro
|  Foto: Reprodução/ Google Street View

Médicos de São Paulo entraram em uma "guerra de WhatsApp" sobre as projeções de disseminação do novo coronavírus no Brasil e como tratar as informações sobre o assunto.

As diferentes narrativas começaram a partir de um áudio no qual o cardiologista Fábio Jatene, diretor do serviço de cirurgia torácica do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas, apresenta um cenário dramático para a disseminação do coronavírus no país.

Na gravação, que viralizou na manhã de quinta (12) e cuja veracidade foi confirmada pelo cardiologista à reportagem, ele relata uma reunião que teve com alguns dos mais renomados médicos de São Paulo. O áudio, segundo Jatene, foi enviado apenas a seus colegas, mas vazou e foi disseminado por aplicativos de mensagem.

Jatene afirma no áudio que os médicos na reunião estimaram que em quatro meses haverá 45 mil pessoas com coronavírus só na Grande São Paulo. A previsão é que 11 mil delas vão necessitar de UTIs (que não existem nessa quantidade).

Segundo a reportagem apurou, por ora as autoridades médicas do governo de São Paulo estimam que serão necessários cerca de 5.000 leitos de UTI, embora a amplitude da estimativa vá de 2.500 a 9.000 leitos, apenas na Grande São Paulo. Ainda não há elementos no Brasil para estimar o número de casos que necessitem de acompanhamento intensivo.

Na quinta, o governo do estado informou ter contratado mil leitos de UTI para casos de coronavírus.

Segundo essas estimativas preliminares citadas por Jatene, o pico do número de novos casos ocorreria daqui a um mês.

No estado de São Paulo, o número de casos poderia ir de 80 mil a 100 mil. No entanto, segundo pessoas envolvidas nos preparativos para enfrentar a doença no governo do estado, pouco se sabe sobre as características da epidemia em São Paulo ou no Brasil.

Será preciso levar em conta, por exemplo, as medidas de contenção (no caso, paralisação de atividades que envolvam aglomerações e transporte de massa) e a adaptação do vírus ao clima (se será mais ou menos perigoso em ambiente com temperaturas mais elevadas).

O Hospital das Clínicas de SP já teria reservado 75 leitos de UTI destinados a pacientes do coronavírus. Participaram da reunião científica, entre outros médicos, Davi Uip (infectologista), Esper Cavalheiro (neurologista) e Marcelo Amato (intensivista, especializado em UTIs).

Segundo o relato de Jatene, Uip disse que os casos devem explodir no país a partir de agora e os mais vulneráveis que devem ter foco máximo de atenção são os idosos. A taxa de mortalidade entre eles chega a 18%, enquanto entre os jovens é de 0,2%.

Segundo os médicos, o cenário é de muita preocupação. Eles preveem também que em quatro meses o pico da doença deverá passar.

Nos próximos 15 dias será mais claro como a doença vai afetar o Brasil, se o país seguirá o modelo da França ou da Itália. Ambos tinham cerca de 12 casos confirmados em 21 de fevereiro. Em 10 de março, a Itália tinha mais de 10 mil, e a França, cerca de 1.700. O Brasil, por ora, está no ritmo da França.

Outro que teve um áudio particular vazado foi Marcos Knobel, cardiologista e vice-presidente do Hospital Israelita Albert Einstein. A veracidade da mensagem foi confirmada pela reportagem.

O médico do Einstein, na mesma linha de Jatene, demonstra preocupação com o impacto que o novo coronavírus pode ter sobre atividades cotidianas das pessoas. Ele afirma que diversas escolas têm entrado em contato para pedir aconselhamento sobre suspender as aulas ou não e que possivelmente muitas fecharão já a partir da próxima semana para conter a disseminação do vírus.

Por outro lado, há médico que afirme, também por áudio de WhatsApp, que os números apresentados no áudio são exagerados e alarmistas demais. Um deles é Anthony Wong, toxicologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (HCFMUSP). Segundo ele, "45 mil é um número absurdo". A mensagem também foi confirmada pela reportagem com o próprio médico.

Dados atualizados sobre o coronavírus mostram que, com exceção da China (com mais de 80 mil doentes, mais da metade deles já recuperados), nenhum outro país alcançou tais níveis.

A Itália, o segundo país com mais casos, tem pouco mais de 12 mil casos, seguido pelo Irã, com cerca de 10 mil. Itália, Alemanha e França, que somados têm população próxima à brasileira e estão entre os países europeus com mais casos, há 16.154 infectados.

O toxicologista do HC diz que, pelo Brasil se localizar no Hemisfério Sul e estar no verão, o contágio deve ser menor do que nos países do Norte, onde as temperaturas estão mais baixas. Ele cita a Indonésia como exemplo, que tem tido uma evolução controlada nos casos.

Segundo Wong, para a maior parte da população a covid-19 será como uma gripe, sem grande severidade ou risco de morte.

"Todo mundo está preocupado, pensando que o filho vai morrer e a pessoa que realmente está em risco, aquela com mais idade, pode ser negligenciada. É isso que está me precoupando", disse Wong à reportagem.

Mais um áudio, confirmado pela reportagem e que era para ser particular, também se preocupa com o alarmismo da mensagem de Jatene. A infectologista Cristhieni Rodrigues, do Incor-HCFMUSP, em sua mensagem, diz que estava presente na reunião da qual Jatene fala e que os dados que ele cita estão fora de contexto.

A especialista afirma que, realmente, teremos vários casos, mas que a maioria será um resfriado comum, inclusive mais leve do que o H1N1. Ela diz, porém, que deve-se ficar em alerta com a população idosa e com outros com problemas cardíacos e pulmonares.

A infectologista pede calma e diz que deve-se esperar as orientações das autoridades, como para casos de suspensão de aulas, e de quem realmente estuda o assunto. Segundo ela, para quadros leves de resfriado o melhor é ficar em casa.

Tanto a mensagem de Wong quanto a de Rodrigues ressaltam que a população não deve entrar em pânico, algo prejudicial para situação, por poder provocar corridas desnecessárias por suprimentos e sobrecarga no sistema de saúde.

Confira a transcrição do áudio:

"Pessoal, hoje teve no Incor, na hora do almoço, uma reunião muito interessante sobre coronavírus. Uma reunião cientifica, foi o David Uip, foi o Esper Cavalheiro, foi o Marcelo Amato, cada um numa área especifica. O David foi falar das políticas de enfrentamento, o Esper foi falar sobre disseminação, o Marcelo Amato foi falar sobre como as UTIs estão se comportando – ele tem uma relação enorme com UTIs do mundo inteiro, é um intensivista superfamoso. Então, foi interessante o que eles falaram.

Agora, algumas coisas ficaram muito marcadas para mim. O David disse que a partir de hoje os casos vão explodir no Brasil. Porque já passou a ter a transmissão, que eles chamam, comunitária. Não é quem foi viajar, agora, quem não foi viajar já está passando para o outro que não foi viajar.

Diz que os casos vão explodir e ele tinha razão, porque ontem tinha 35 [casos] e hoje já tem 70. E a partir de amanhã, as coisas vão piorar mais ainda. Eles disseram para ter muito cuidado com pessoas de idade. Pessoas muito idosas não devem se expor de jeito nenhum. Reduzir ao máximo a possibilidade de contágio, porque, diz que, nos velhinhos a mortalidade tem chegado a 15%, 18% e, nos jovens, a 0,2%. Então, essa é uma doença que mata velho, não mata jovem.

Mostraram as imagens da tomografia dos casos da China, dos casos do Brasil, os que estão doentes no Brasil, e é impressionante como é parecido. Começa com vidro fosco, bilateralmente, depois como uns spots de condensação, bilateral. E diz que o raio-x muitas vezes não pega e a tomografia é o exame normal.

Esse paciente do [Hospital Albert] Einstein [se corrige], do [Hospital] 9 de Julho, ele veio, fez raio-x, iam dispensar, fizeram a tomografia, estava coalhado de lesão. Então, esse é o problema.

O David também disse que devem ser, nos próximos quatro meses, na Grande São Paulo, 45 mil casos estão prevendo e que vão precisar de UTI de 10 a 11 mil casos. E não tem dez mil leitos de UTI disponíveis. Não tem.

Marcelo Amato contou que na Itália está o caos, porque as UTIs estão cheias, lotadas, abarrotadas e agora eles estão pondo pacientes em centro cirúrgico, porque centro cirúrgico tem respirador. Então, dá para botar o paciente no centro cirúrgico usando como uma sala de UTI. Todas as operações foram suspensas e eles estão tentando da melhor maneira fazer tratamento intensivo.

O HC já destinou a UTI do 11º andar, lá do instituto central, de 75 leitos só para corona – nós não temos isso no Brasil e eles já estão de prontidão para 75 leitos. Da sequência são os leitos do Incor que vão ser mobilizados e está se julgando que vai ser insuficiente – claro.

Essa é uma doença que a transmissão é de um caso para dois e dá três pacientes, às vezes quatro. Mas o problema é que, uma vez que a doença se instala, o pico de piora é rápido, entre cinco e sete dias.

E o que o Marcelo Amato estava falando é que o ideal é entubar o paciente o mais cedo possível. Porque, na China, eles ficaram fazendo pressão positiva sem entubação, e isso não melhorou os doentes e disseminou demais. Porque fica vazando pela máscara e o ambiente fica lotado. Eles contaram coisas assim, loucas. Diz que os caras colocavam aquele escafandro para tratar dos doentes, mas para não ter que tirar o escafandro, eles punham fraldas. Eles trabalhavam de fralda e faziam as necessidades na fralda. E o problema é que, quando eles iam tirar a fralda, se contaminavam. Tirar a roupa toda, se contaminavam. Diz que é muito difícil você não se contaminar no momento da troca da roupa. Disse que, com a entubação, reduziu a transmissão. Mas aumentou a transmissão entre enfermeiros. Porque as secreções corpóreas, como urina e fezes dos pacientes, aumentaram a transmissão na enfermagem, não dos médicos.

O Marcelo falou que a média na China e na Itália está sendo de três semanas de tubo, de ventilação mecânica, para recuperação dos doentes. Então, é uma coisa muito louca. O David disse: “Não pensem em viajar. As coisas estão acontecendo dia a dia. Você pode estar naquele país e imediatamente eles fecham a fronteira. Não pensem em viajar porque você vai ficar preso lá”.

Vocês viram agora que o Trump suspendeu as viagens da Europa para os Estados Unidos. Imagine o impacto que isso vai ter, né? Suspendeu a NBA. E esse gráfico é muito interessante e mostra como a progressão é geométrica. Hoje a gente teve muita informação lá e todo mundo ficou meio apreensivo.

Ele acha que em quatro meses resolve o surto. Vai vir, vai vir com força, vai contaminar um monte de gente. O Esper acha que o ano que vem já virou um vírus normal, porque quem tinha que contaminar já contaminou, já adquiriu resistência. Os jovens não vão demonstrar a doença. E diz que o problema é que não sabe como vai ser o comportamento aqui no calor. Ser será pior, melhor ou igual. Isso ninguém sabe e não tem nenhuma evidência científica de que vai ser diferente. De maneira geral, essa é uma doença que, por enquanto está no Hemisfério Norte, e está começando a vir para o Hemisfério Sul. E não dá para saber como vai ser. É isso aí. Boa noite”

Veja mais:

Novos casos de infecção por coronavírus caem para um dígito na China

Capixaba está isolado com suspeita de coronavírus em Portugal

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site. Leia os termos de uso

SUGERIMOS PARA VOCÊ: