Presunto que só existe no ES vira negócio milionário
O socol só tem este nome se for de Venda Nova do Imigrante, e suas vendas anuais alcançam a cifra de R$ 1,2 milhão
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O socol, um tipo de presunto cru, começou a sua história em Venda Nova do Imigrante há 150 anos com a chegada dos italianos. Eles vieram da região do Vêneto, Norte da Itália, e preparavam o embutido para consumo ou em datas especiais.
Após 1989, com a promoção do agroturismo, a receita alcançou espaço no mercado e hoje movimenta mais de R$ 1 milhão por ano em vendas, de acordo com a prefeitura do município da região Serrana do Espírito Santo.
Prefeito de Venda Nova do Imigrante, João Paulo Schettino Mineti explicou que oito famílias da cidade produzem, em média, 14 toneladas de socol e que o produto tem o selo de Identificação Geográfica (IG).
“Temos aqui oito famílias produtoras de socol cadastradas. Juntas, elas conseguem produzir cerca de 14 toneladas do embutido e movimentar R$ 1,2 milhão na economia da cidade”, garantiu o prefeito.
Na localidade de Alto Bananeiras, a família de Thais Falqueto faz artesanalmente o socol da marca Tio Vé, nome que vem do apelido do pai dela, Elvécio. O lombo do porco fica três dias na salmoura, depois é envolto numa membrana chamada peritônio e, em seguida, é pendurado para maturar por meses.
“Isso vem da tradição da família da minha avó, por parte de pai, era a forma de conservar a carne. Nós continuamos essa tradição de mais de 130 anos”, diz ela.
A produção só é feita entre maio e outubro, os meses mais frios do ano. Apenas nesse período se desenvolve o fungo benéfico para o embutido, que deixa a maturação da carne mais lenta, mas não causa nenhum odor ou sabor, por causa da membrana que o protege.
Toda a produção é comercializada em uma loja rústica na propriedade da família, que é gerenciada pela Thais e seu esposo, Rafael Angeleti.
“O fungo verde, às vezes o fungo branco, é benéfico para o socol. Já o fungo amarelado altera o sabor, o que acontece no verão”, explica Thais.
Segundo ela, uma singularidade do produto feito na região são esses fungos encontrado ali, que no caso do socol é essencial para maturar a carne de porco.
“A região de Venda Nova do Imigrante foi protegida porque só aqui acontece essa mágica, esse processo de ‘socolização’. Uma tradição italiana que se adaptou e se tornou um produto único no mundo”, pontua.
Depoimento
Produto valorizado
“O quilo do socol é vendido, em média, a R$ 180 e por isso é fonte de renda para as pessoas que produzem esse embutido em Venda Nova. Não bastasse isso, é uma tradição que mantém viva a cultura dos colonizadores das montanhas capixabas. O socol tem um sabor singular e é um item indispensável numa mesa de petiscos. É um produto italiano que se tornou capixaba e único”
Identificação Geográfica e atração de turistas
Além de movimentar a economia de Venda Nova, o socol celebrou mais de um ano de Indicação Geográfica (IG).
“O socol é um bem do município que tem muita história. Ele ganhou espaço, visibilidade, capacitação e a indicação geográfica. A produção desse tipo de embutido atrai turistas e pretendemos ampliar o acesso a isso”, destacou o prefeito João Paulo Schettino Mineti.
IG é um registro concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) aos produtos ou serviços que são característicos do seu local de origem. Um exemplo é o champanhe. Para se chamar dessa forma, ele precisa ter sido produzido na cidade homônima na França. Caso contrário, é apenas um espumante.
A solicitação, uma iniciativa da Associação Dos Produtores de Socol de Venda Nova do Imigrante (Assocol) foi feita em 2014 e aprovada em junho de 2018.
À época, a Indicação Geográfica foi publicada na Revista da Propriedade Industrial (RPI), produzida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi).
“Essa conquista mostra-se como importante instrumento de divulgação do Espírito Santo perante turistas e possíveis investidores”, apontou o empresário e morador de Venda Nova do Imigrante, Carlos Bianchi.
“Estamos muito felizes com o reconhecimento da origem e qualidade do Socol capixaba, que é reflexo da cultura local e reflete no turismo na região. Esse reconhecimento valoriza o socol como um produto típico e representante da cultura italiana de Venda Nova”, concluiu
O socol é produzido nas localidades de Alto Bananeiras, Bananeiras, Tapera, Alto Tapera e Providência.
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