Sem leitos, pacientes com Covid decidem ir para outros Estados para serem internados
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O aumento de infecções pelo novo coronavírus tem gerado uma pressão sobre a rede hospitalar com pacientes precisando de internação para o tratamento da doença. Há relatos de pacientes, com plano de saúde e poder aquisitivo, que tentam transferência para hospitais de fora do Espírito Santo, porém não conseguem por falta de leitos em outros estados.
A informação foi passada pelo secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, em coletiva de imprensa, transmitida pela internet, na tarde desta terça-feira (23).
O secretário frisa que a Covid-19 não escolhe classe social ou pessoa, por isso ele pediu que as pessoas fiquem em casa e cumpram o período de quarentena estabelecido pelo governo.
"Temos hoje em diversos hospitais públicos do Espírito Santo pacientes com planos de saúde, de extratos A e B da sociedade capixaba, inclusive pessoas que estavam em atividade política no Estado que estão internadas sem conseguir vaga para remoção em hospitais de São Paulo. Grandes hospitais privados de outros estados referência no Brasil. Sem conseguir vagas na rede privada do Espírito Santo", afirmou ele.
Fernandes ainda revelou que a Sesa tem recebido com frequência pedidos constantes de pacientes, que estão em hospitais privados e estabelecem contato com a rede pública, para saber se tem leitos no SUS.
"Não se trata de que o leito público é melhor ou pior. Estou querendo dizer a todos vocês é que a crise é de todos, que ela nesse momento não escolhe extrato social. A pressão está sendo simultânea na rede privada, filantrópica e pública", frisa.
Nesta semana, os hospitais da rede privada devem informar para a Sesa a ocupação dos leitos para que isso seja divulgado pela pasta.
Ocupação só deve reduzir em cinco semanas
Nos primeiros dias de quarentena, o secretário informa que ainda não é possível observar resultados em relação a demanda por internações por Covid-19 e isso será percebido em duas ou três semanas.
No entanto, por outro lado, ele destacou que as medidas para reduzir a circulação de pessoas nas ruas já impactou no sistema de saúde para outra doenças e traumas nos hospitais de urgência e emergência.
"A ocupação hospitalar não irá reduzir ao patamar de 80% de ocupação antes de quatro ou cinco semanas. Ainda teremos pelo menos mais quatro semanas intensas de pessoas contaminadas ocupando leitos hospitalares", disse Fernandes.
Apesar da pressão, o secretário reforçou que o Estado não corre risco de falta de oxigênio e revelou que tem negociado com empresa internacionais a compra de insumos, como sedativos para intubação de pacientes.
Dificuldade para contratar profissionais
O Estado pode não enfrentar problemas com abastecimento de oxigênio nos hospitais, porém o secretário da Saúde revelou que o risco pode ser a falta de profissionais, sobretudo técnicos em enfermagem e enfermeiros, para atender esses pacientes internados.
"Já estão faltando profissionais para poder abrir os leitos que a rede privada quer abrir e os leitos que a rede pública quer abrir. Existe uma dificuldade, que se incrementa a cada semana, por conta dos trabalhadores que estão esgotados e adoecendo. Hoje, nosso problema não é contratar médico. É contratar técnico em enfermagem e enfermeiro", revelou Fernandes.
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