Os primos pobres...
Imersos numa realidade financeira que ameaça a própria existência, Vasco e Botafogo se enfrentam separados por um detalhe alarmante: os vascaínos entram em campo para o clássico de logo mais, em São Januário, com quatro folhas salariais em atraso. A última remuneração paga foi a do mês de novembro do ano passado. Seguem em aberto os meses de dezembro, janeiro e fevereiro – mais o 13° salário de 2020.
E isso faz uma diferença e tanto num confronto entre dois grandes clubes. O Vasco estima dever mais de R$ 700 milhões, calcula ter perdido R$ 100 milhões em receitas com a queda para a Série B e não tem ainda um prazo para se equilibrar dentro de sua nova realidade.
O Botafogo, embora tenha dívidas estimadas em mais de um bilhão de reais, parece já ter encontrado um caminho para conviver com suas mazelas. E um deles foi ter recorrido ao tal Sindiclubes, que representa os trabalhadores e os atletas dos clubes.
Com manobras na esfera judicial, os dirigentes alvinegros conseguiram impedir que as penhoras afetassem o pagamento dos salários. Tem sido assim desde outubro. E a certeza de que toda a cadeia produtiva está com seus vencimentos em dia gera maior confiança e otimismo na rotina do clube.
Hoje, embora esteja ainda em busca da autoconfiança perdida na reta final do Brasileiro, o Botafogo parece em estágio mais avançado, já readequado às exigências atuais.
A diferença entre ambos já pode ser vista em campo, no trabalho que Marcelo Cabo começa a desenvolver no Vasco e no perfil que Marcelo Chamusca tenta construir para o Botafogo.
Um ainda não conseguiu esboçar uma espinha dorsal para seu time porque encontra dificuldades na hora de contratar reforços. O outro, com salários em dia, tem obtido êxito nas operações com jogadores mais competitivos e, consequentemente, alcançado bons resultados.
É tudo muito simples e autoexplicativo: o atraso no pagamento de salários está diretamente relacionado à montagem de equipes vitoriosas. E, pelo andar da carruagem, o Vasco deve demorar um pouco a entrar no rumo certo...
Senzatez
Com a queda de receita que ameaça o cumprimento de seu orçamento, a diretoria do Flamengo optou pelo racional ao vetar o retorno do lateral Rafinha. Para quem já tem uma folha de encargos que supera os R$ 20 milhões mensais só com o futebol, o clube tem mesmo de se preocupar em não construir dívidas.
Porque a seis meses de completar seus 36 anos de idade, o lateral já não é mais investimento – é custo. Ao menos para o Flamengo, que hoje não está carente na posição...