Mulheres brilham na ciência em pesquisas inovadoras
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Ser a primeira pessoa a desenvolver medicamentos para doenças como leucemia, descobrir elementos químicos e sequenciar o genoma do novo coronavírus. Por trás dessas conquistas, estão mulheres que brilham no campo científico, mas que também são mães, filhas, noras e donas de casa.
Para a doutora em Diagnóstico Bucal e coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Sandra Ventorin von Zeidler, o desafio é bem-vindo. Ela está à frente de um projeto de pesquisas sobre diagnóstico e prognóstico de câncer de cabeça e pescoço.
“Nossas pesquisas buscam soluções para os problemas clínicos da população com esses tumores. Uma de nossas pesquisas é avaliar a participação de vírus, como o HPV, no desenvolvimento dos tumores e, também o uso de biomarcadores para o diagnóstico e progressão da doença”, explicou.
Mesmo diante de dificuldades, ela conseguiu montar um grupo de pesquisa, que hoje realiza uma técnica que não é feita em nenhum outro laboratório do Brasil.
“Está crescendo bastante a atuação de mulheres na área de pesquisa. Nesse período de pandemia, estamos vendo várias mulheres liderando projetos”, disse Sandra. Cerca de 80% do seu grupo de pesquisa é formado por mulheres. Segundo a pesquisadora, há uma compreensão melhor entre elas, que entendem as dificuldades em dividir o tempo entre a pesquisa científica e a família.
“Existem as demandas que ser mulher nos pede, como ser mãe, estar presente na vida do filho, e na pesquisa, mas gostamos do que fazemos”, disse a farmacêutica Priscila Marinho, integrante do grupo de pesquisa de Sandra.
A biomédica Camila Batista, que também faz parte do grupo de pesquisa, conta que é um desafio ser cientista e mulher. “No Brasil, somos maioria no campo de pesquisa, mas nas posições de liderança, ainda há uma desigualdade, o que é um desafio”, observou.
Elas dão o exemplo
Estudos sobre Covid e infecções

Trabalhando na área de hematologia e à frente de pesquisa sobre o uso de plasma do sangue de pessoas infectadas pela Covid-19 para o tratamento e recuperação de novas infecções, a chefe do Centro de Estudos do Hemoes, Alessandra Loureiro Prezotti, conta que mais da metade da equipe é composta por mulheres.
Ao lado dela estão cientistas como a farmacêutica ambulatorial Maria Orleti, as farmacêuticas Luci Mara e Débora Rocha, e a médica hematologista Sibia Marcondes.
Controle de epidemias

Graduada em Enfermagem, doutora em Epidemiologia, pós-doutora em Epidemiologia e professora da Ufes, Ethel Maciel trabalha há 26 anos com pesquisa científica. Ela atua no campo da saúde coletiva, em temas como epidemiologia de doenças infecciosas e análise de controle de epidemias – como Covid-19 e zika vírus.
“Hoje, me dedico a auxiliar e incentivar outras mulheres que queiram trabalhar nessa área”, contou.
Código genético do coronavírus

Duas brasileiras foram responsáveis por sequenciar, em 48 horas, o genoma do novo coronavírus dos dois primeiros casos diagnosticados no País, no ano passado.
As cientistas Jaqueline de Jesus e Ester Sabino usaram uma técnica que a professora Ester trouxe para o Brasil há quatro anos, durante a epidemia do vírus da zika. O sequenciamento foi em tempo recorde, já que os cientistas de outros países demoravam, em média, 15 dias.
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