Ginecologista é a primeira mulher a comandar cirurgias com robôs no Estado
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Quase um ano depois da primeira cirurgia robótica realizada no Estado, uma médica foi certificada para comandar cirurgias com robôs. A ginecologista e obstetra Flávia Scherre passou oito meses em treinamento, sendo a única mulher em uma turma de 14 médicos.

A primeira cirurgia será realizada amanhã, no Hospital Meridional, em Cariacica, e trata-se de uma histerectomia total (retirada do útero), que será feita em uma colega médica, que está com câncer de colo de útero.
Flávia Scherre tem formação para cirurgias ginecológicas, obstétricas, mastológicas e oncoginecológicas.
“A expectativa está grande. É uma honra ser a primeira médica e representar as mulheres. O centro cirúrgico ainda é um lugar com menos mulheres, mas estamos avançando”, disse a ginecologista.
A médica começou o treinamento em abril de 2020 e passou por simulações de cirurgias em um robô. Foram 60 horas de treinamento, prova teórica e, por último, uma prova prática no Rio de Janeiro, até receber a certificação no dia 28 de janeiro deste ano.
Na área de ginecologia, a cirurgia robótica pode ser realizada para tratamento de doenças benignas, – como endometriose, miomas, cistos de ovário – e, também, no tratamento de câncer.
“É uma cirurgia que conseguimos preservar a fertilidade da mulher, por ser menos invasiva. Também vamos tratar doenças malignas, ou seja, a paciente que tem múltiplos miomas e não consegue engravidar. Com o robô, vamos conseguir retirar os miomas e preservar o útero”, explicou a médica.
O robô cirurgião permite a execução de cirurgias complexas, com procedimentos minimamente invasivos. A primeira cirurgia no Estado com o robô ocorreu em abril do ano passado e tratou-se de uma retirada de câncer de próstata.
A cirurgia robótica proporciona maior precisão cirúrgica, menor sangramento, menor dor pós-operatória, menor incisão, menor tempo de hospitalização e retorno mais rápido do paciente às atividades de rotina.
“É seguro e traz melhorias ao paciente. Além disso, aumentando a chance de manter a fertilidade, você aumenta a adesão de mulheres à cirurgia”, ressaltou Flávia Scherre.
“Honrada em representar as mulheres”, Flávia Scherre Médica
A médica ginecologista e obstetra Flávia Scherre é a primeira mulher no Estado a conquistar a certificação para realizar cirurgias robóticas. Ela passou por treinamento e simulações antes de ser certificada. Amanhã ela faz a primeira cirurgia.
A Tribuna – Como se sente sendo a primeira médica a realizar esse procedimento?
Flávia Scherre – Sinto-me honrada em representar as mulheres nesse momento. Temos cada vez mais mulheres que cuidam e operam mulheres. O centro cirúrgico ainda é um lugar que a maioria é homem, então, me sinto feliz por essa oportunidade.
A Tribuna – Como foi o processo de treinamento?
Flávia Scherre – Passei por simulações de cirurgias em um robô. Foram 60 horas de treinamento, prova teórica e, por último, uma prova prática no Rio de Janeiro.
A Tribuna – Quais benefícios da cirurgia com robô?
Flávia Scherre – Cirurgia robótica é segura e traz melhorias ao paciente. Em geral, ela tem um menor risco de sangramento, uma precisão maior, menos invasiva. Na minha área, conseguimos preservar a fertilidade da mulher.
A Tribuna – O que a cirurgia robótica significa para o futuro da cirurgia?
Flávia Scherre – Nos próximos anos, a maioria das cirurgias serão feitas com robô por conta da qualidade. Cada dia a medicina busca melhorias para o paciente e busca a humanização do atendimento.
Recuperação mais rápida

Desde que a primeira cirurgia robótica foi realizada no Hospital Santa Rita, em Vitória, no dia 20 de abril do ano passado, 90 cirurgias de prostatectomia, que é a retirada da próstata, foram feitas no local.
Quem estava presente ao primeiro procedimento com robô foi o urologista Sérgio Riguete.
“A cirurgia é mais precisa. Você retira somente o que é necessário, o que na cirurgia de próstata é fundamental, porque preserva os nervos, então o paciente não perde urina ou fica impotente”, explicou Sérgio.
E em meio à pandemia, a cirurgia robótica também garante ao paciente um procedimento mais seguro.
“O paciente tem contato com a máquina, não com o médico diretamente durante a cirurgia. Isso é uma coisa importante”, acrescentou o médico.
Para o urologista, a cirurgia robótica representa um avanço na medicina e reforça que, a cada mês, vem crescendo a adesão desse tipo de procedimento no Estado.
A cirurgia com robô pode ser realizada em qualquer cirurgia por laparoscopia, técnica em que o médico faz uma pequena incisão na região a ser examinada e introduz um aparelho para visualizar e tratar a região.
No lugar dos braços do cirurgião, entra a ação do robô, capaz de desempenhar funções mais precisas e menos invasivas.
Para realizar o procedimento, o médico fica na sala de cirurgia e utiliza o controle ergonômico para manipular os braços robóticos.
“O robô transmite o movimento que o cirurgião faz, mas com mais delicadeza e precisão. Se o cirurgião faz movimento equivocado, o robô não responde, só responde se for delicado e preciso”, afirmou o urologista.
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