Estudo confirma o poder da fé para vencer doenças
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Como você reage a sentimentos negativos? Tem dificuldade para perdoar? Tem fé? Essas questões podem influenciar no tratamento de doenças.
É o que mostra um estudo publicado pela Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp). A publicação discute a influência das crenças e dos padrões de pensamento no tratamento e na prevenção de doenças.
O levantamento brasileiro traz 368 referências de estudos internacionais feitos nos últimos anos sobre o assunto.
“É bom ressaltar que há estudos que comprovam que a espiritualidade reduz o risco cardiovascular. Mas é importante dizer que a espiritualidade tem um papel adjuvante. Sozinha, na maior parte das vezes, não vai resolver. O tratamento específico para doenças é fundamental”, afirma o diretor de publicações da Socesp, cardiologista Marcelo Franken.
“Sabemos que as questões relacionadas à espiritualidade auxiliam ou podem auxiliar tanto no tratamento das doenças, nos desfechos, quanto na redução dos fatores de risco. E, dentro da espiritualidade, temos diferentes domínios que podem ser otimismo, perdão, bom humor. Não confundir somente com religiosidade. É muito mais que só religiosidade”, pontua.
O cardiologista explica que a medicina entende que as pessoas que exercem a espiritualidade têm menores níveis de estresse.
Coeditor da publicação e diretor da Socesp, o cardiologista e pesquisador Álvaro Avezum diz que há uma grande lacuna na formação médica sobre a questão, o que dificulta a abordagem pelo profissional durante uma consulta.
“Muitos médicos enfrentam incertezas sobre a receptividade quanto a essa questão, tais como: a percepção de invasão de privacidade, dificuldades na linguagem da espiritualidade, divergências de crença, ou mesmo falta de tempo para a abordagem adequada”.
O cirurgião cardiovascular Melchior Luiz Lima afirma que uma das evidências de como a fé pode ajudar nos tratamentos, está na evolução de uma cirurgia.
“Observamos que, os pacientes que não têm fé ou não acreditam em nada, normalmente, ficam muito apavorados com uma possível morte, enquanto aqueles que têm muita fé, parecem ter a certeza da recuperação. Essas pessoas, aos nossos olhos, se recuperam mais rápido e melhor. A saúde mental é fundamental na sobrevivência”.
“Deus cuidava de mim”

Em março a estudante Yasmin Barbosa Leal, de 19 anos, recebeu uma notícia que mudou sua vida: foi diagnosticada com linfoma de Hodgkin, um tipo de câncer no sistema linfático. O diagnóstico veio após Yasmin passar meses com uma coceira no corpo.
“Apareceu um caroço no meu pescoço e, com o tempo, ele foi aumentando, e a coceira também. Fui ao médico de cabeça e pescoço, no começo de março. Fiz a biópsia e descobri o linfoma. Lembro que falei com meu irmão que, apesar do diagnóstico, estava sentindo uma paz vinda do Espírito Santo que não dava para explicar”.
Ela lidou ainda com a notícia de que a quimioterapia poderia causar infertilidade. “Foi outro choque. Mas o médico me disse para ficar tranquila, pois eu poderia congelar meus óvulos para, futuramente, realizar o sonho de ser mãe”.
Na época, foi criada uma vaquinha virtual para que Yasmin pudesse realizar o procedimento. A história foi contada por A Tribuna.
“Consegui congelar os óvulos e, após quatro meses de quimioterapia, recebi o resultado que não precisaria mais fazer a quimio, sendo que o previsto eram até oito meses. Deus mostrou que estava cuidando de mim”, salienta.
Benefícios para imunidade
A imunidade também pode ser influenciada pela espiritualidade, segundo especialistas.
O psiquiatra Valber Dias explicou que a sensação de suporte social que a espiritualidade traz faz com que o estresse seja diminuído.
“Se a pessoa enfrentar uma situação que poderia provocar uma depressão, por exemplo, ela lida melhor com isso. E se ela somatiza uma doença física, terá um sistema imunológico melhor. Vai liberar menos cortisol endógeno, que é o hormônio do estresse”.
O ortopedista Thanguy Friço afirma que a espiritualidade é a base dos elos da saúde, que são: atividades físicas, alimentação, sono e controle emocional.
“Quem tem uma espiritualidade bem desenvolvida, independente da religião, ajuda a controlar os outros elos, porque tem mais tranquilidade”, argumenta.
De acordo com o terapeuta Gabriel Rocha, da Clínica Pontual Saúde, é fundamental as pessoas acreditarem em algo que não dependa delas. “Aqueles que têm fé acabam recebendo uma força além deles mesmos”.
Saiba mais
Estudo sobre fé
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A Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp) publicou um documento sobre a relevância da espiritualidade no tratamento de diversas doenças.
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Segundo a publicação, inúmeras evidências mostram relação entre espiritualidade, religiosidade e os processos de adoecimento e cura.
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O levantamento brasileiro traz 368 referências de estudos internacionais sobre o assunto.
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Conforme a publicação, um conjunto de evidências indica que expressões da espiritualidade têm impacto significativo na saúde e no bem-estar, como menores níveis de mortalidade geral, depressão, suicídio e uso de drogas, e aumento da qualidade de vida.
Doenças cardiovasculares
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A publicação aponta que a espiritualidade tem sido pesquisada para entendimento do adoecimento cardiovascular e intervenção terapêutica e que a forma como as pessoas pensam ou sentem pode estar associada à ocorrência ou não de doença.
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Diz ainda que intervenções baseadas em perdão e gratidão têm mostrado benefícios para a saúde mental e física e na qualidade de vida.
Fonte: Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp).
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