Maria, Alice e Miguel são os nomes preferidos pelos pais
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Cada geração tem suas tendências e até famosos que inspiram nomes de recém-nascidos. O futebol, a música, a televisão e o cinema são algumas das principais fontes de inspiração para os pais.
Quem esperava uma geração de “Anittas” e “Neymares”, entre os nascidos dos últimos cinco anos, teve uma surpresa: nomes conhecidos há tempos ocupam esse espaço.
No Estado, Maria Eduarda e Miguel são os nomes mais comuns dos registros de nascimento de 2015 a 2019, de acordo com o Portal da Transparência da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen Brasil).
Alice, Helena, Arthur e Enzo Gabriel também ocupam a lista dos preferidos dos pais.
E não pense que são escolhas aleatórias, de acordo com os pais, a busca pelo significado tem forte impacto na decisão do nome a dar ao filho ou filha.
É o caso da enfermeira Rhanielen Santos, de 26 anos, e do marido, o médico Tarciso Favaro, 55, que escolheram o nome Alice para a filha, de 2 anos.
“O nome tem um significado de realeza. Por meu nome ser mais complicado, queria um nome mais prático, pensamos até na lista de chamada da escola”, salienta Rhanielen.
Quem também escolheu o nome pelo significado foi a jornalista Paula Thebaldi, 34. “Eu e meu marido somos católicos e escolhemos Miguel (de 3 anos) porque significa: 'Quem é como Deus?'. O Miguel, assim como o da Bíblia, é um anjo para nós. Nosso motivo de orgulho”, afirma Paula.
Miguel também é o nome do filho, de 4 anos, da universitária Laize Amaral, 28. “Gosto muito desse nome, acho ele lindo, e como somos evangélicos, esse nome teve um significado e referência bíblica”.
Já com a professora Thaiza Chinelato, 31, foi a história infantil de “Alice no País das Maravilhas” que a levou escolher o nome da personagem para a filha, de 2 anos.
“Sempre achei o nome muito doce e gostei da história infantil. Um nome doce de uma menina forte e ao mesmo tempo e corajosa”.
A professora afirma que a escolha foi em comum acordo com o marido: “Combinamos que se fosse menino ele escolheria e menina seria eu”.
Inspiração que vem da Bíblia
A lista dos nomes preferidos, em diferentes anos, tem um ponto em comum: nomes religiosos. Maria, Gabriel e João são, por exemplo, nomes atemporais e usado com frequência em todo o País.

Muitos pais buscam inspiração bíblica para escolher o nome dos filhos. O fato de serem religiosos, na maioria das vezes, influencia nessa decisão.
Para a universitária Laize Amaral, 28 anos, mãe do Miguel, 4, a referência religiosa foi fundamental na hora de escolher o nome para o pequeno.
“Para mim e meu marido colocar um nome bíblico tem um significado muito importante. Tanto que é que meu outro filho também tem um nome bíblico, Miquéias. Acredito que o nome dá personalidade à criança”, afirma.
A mesma motivação religiosa teve a jornalista Paula Thebaldi, 34, quando escolheu com o marido o nome Miguel para o filho, de 3 anos. “Queríamos que fosse algo voltado para Deus. O nome do marido é Matheus, então escolhemos Miguel”, conta
A dona de casa Jussara Rodrigues Coelho, 37, e o marido, o motorista José dos Santos, 36, decidiram pelo nome de Enzo Gabriel para registrar o filho, hoje com 2 anos e 10 meses. Ao que consta não há nenhum Enzo na Bíblia, porém Gabriel, sim.
E era Gabriel, devido ao anjo da Bíblia, a primeira escolha de nome para filho, segundo relatou Jussara. “No início iria colocar somente Gabriel, pelo significado (homem forte de Deus). Mas eu também gostava muito do Enzo. Resolvi olhar os nomes em alta e vi que Enzo Gabriel era um deles”.
Para a psicóloga Paula Jenaína, a escolha do nome com uma referência religiosa tem muito a ver com a identificação que os pais fazem da história.
“Normalmente o evangélico escolhe nomes do antigo testamento como forma de identificação com aquela história e personalidade dos homenageados. O católico, muitas vezes, por uma promessa, usa normalmente nomes do novo testamento ou dos anjos, da mesma forma por seus significados”.
“Há também os de religiões de matriz africana, nomes que reportem à crença como forma de homenagem, por exemplo, Janaina (Iemanjá). Com isso, cada história fala sobre os pais e não do bebê que está chegando”, completa.
Escolha feita na infância
Um nome forte e chique. É assim que a publicitária Ariane Perovano, 28 anos, define o nome da filha, Maria Eduarda, de 3 anos.
A escolha do nome vem desde a infância, quando as bonecas de Ariane eram “batizadas” com o nome, que hoje é da filha.
Mas Ariane cogitou mudar o nome, quando soube que sua prima estava grávida e também pensava no mesmo nome. “Só que o neném dela veio um menino e Maria Eduarda ficou para mim”.
Brincadeira que virou realidade
Era apenas uma brincadeira de criança: ter bonecas com o nome de Helena. Mas o nome marcou tanto a empresária Thainá Ribeiro, de 27 anos, que assim que ela soube que teria uma menina, não teve dúvidas: a chamaria de Helena (4 anos).
“Sempre gostei desse nome, por ser um nome forte e marcante”. Thainá conta que o marido, o músico, Italo Cosvosk, 32, aprovou a escolha. “Com nosso segundo filho, o Théo (2 anos), foi ele quem escolheu o nome”, relata.
Tradição de família
Para fazer uma homenagem a um antepassado da família, a administradora Viviane Aguiar, 40 anos, conta que o marido, o técnico em mecânica Alessander Zippinotti, 44, escolheu o nome Arthur para registrar o filho, hoje com 5 anos.
“O tataravô do meu marido, Arthuro, veio da Itália. Com isso a família vem fazendo a homenagem, há várias gerações, porém com a modificação do nome para Arthur. Na família tem o avô paterno e um tio com nome de Arthur. Ele disse que queria esse nome e eu achei bonito”.
Casal deve estar junto na decisão
Escolher um nome é difícil, agora imagina fazer isso em dupla? A maioria dos casais entra em acordo para a escolha do nome do filho, mas nem sempre chegar a um consenso é fácil.
Especialistas dão dicas para que essa escolha seja feita de forma simples e sem brigas.
A psicóloga Patrícia Dummer aconselha que quando houver discordância entre o casal, uma dica é conversar sobre os motivos de cada escolha e chegar a um acordo.
“A escolha deve ser feita com calma, pensando com carinho, expressando os sentimentos e os desejos dos pais”.
“Na hora de escolher o nome para o filho os pais podem considerar o sentido daquele nome para a criança, buscando seu significado e como ele pode influenciar no cotidiano ao longo da vida”, afirma.
De acordo com a psicóloga e psicoterapeuta Débora Monteiro, é importante que os pais escolham em conjunto o nome do filho.
“Existem acordos entre os casais como um escolher um nome e para o próximo filho o outro escolhe. Mas de preferência é que os dois façam isso juntos e que seja bom para os dois”.
A psicóloga afirma ainda que a escrita de um nome mais simples deve ser uma opção a ser considerada. “Vamos tentar colocar um nome que as pessoas também saibam pronunciar”.
SAIBA MAIS
Por que a escolha do nome é tão importante?
- O nome é uma marca para a vida toda e pode simbolizar uma infinidade de coisas positivas, mas também trazer uma carga negativa e confusa para a criança em seus diferentes círculos sociais.
- na hora de escolher o nome para o filho, os pais devem considerar o sentido daquele nome para a criança, buscando seu significado e como ele pode influenciar no cotidiano ao longo da vida.
Cuidado com as homenagens e significados
- Os pais por diversas vezes escolhem os nomes dos filhos como forma de homenagear alguém ou como símbolo, e com esse nome vem uma história e, às vezes, uma cobrança de repetir naquela criança uma história já vivida por outra pessoa.
- Antes de pensar em nomes com conotações religiosas ou que remetam a personagens históricos e literários, é bom avaliar o efeito desse nome. Por exemplo, Judas remete a um significado negativo. É bom evitar!
Opte pelo simples
- Na intenção de dar “sofisticação” ao nome ou uma aparência única, muitos pais acabam exagerando na composição da escrita com muitas letras, duplicando consoantes e com pronúncias em que, muitas vezes, até a criança terá dificuldade de falar.
- Antes de criar algo muito diferente para o seu filho, pense na dificuldade que ele terá para se apresentar e até mesmo para escrever o próprio nome no período de alfabetização. Sempre tente optar pelo simples.
Acordo
- Escolher um nome não é uma tarefa fácil. Por isso, casos os pais não tenham atritos, a recomendação é conversar sobre os motivos de cada escolha e chegar a um acordo. A escolha deve ser feita com calma, pensando com carinho, expressando os sentimentos e os desejos dos pais.
Fonte: Especialistas consultados e pesquisa A Tribuna.
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