Restaurantes, bares e lojas unidos para enfrentar iFood

Entregadores de aplicativos reivindicam melhores condições de trabalho. |  Foto: Marcelo Casal Jr./Agência Brasil

Bares, restaurantes, lojas e outras empresas que fazem entrega de alimentos estão unindo forças para criar o “Open Delivery”. O sistema promete padronizar o serviço, ditando as mesmas regras para todas as empresas parceiras. O objetivo é concorrer com gigantes do ramo, como Uber e iFood.

“A iniciativa oferece vantagem para todas as partes”, defendeu Célio Salles, membro do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel).

“O cliente vai acessar todas as formas de delivery de um determinado restaurante: entrega por iFood, telefone, mensagem... Ele vai comparar essas informações e pesquisar os preços disponíveis em cada opção”, explicou Salles.

O conselheiro ressaltou que o “open delivery” estimula a entrada de mais plataformas no mercado. “A tendência é que os custos operacionais das empresas de delivery sejam reduzidos, assim como as taxas pagas pelos restaurantes e pelo consumidor. Com isso, mais empresas vão surgir”.

Salles revelou que 35 empresas foram convidadas para o projeto. A Rappi, especializada em entregas, já confirmou que vai participar da iniciativa.

O economista Eduardo Araújo enxerga um duopólio no setor de entrega de alimentos no Brasil. “Duas empresas se destacam no mercado, o iFood e a Uber. Com a chegada de um produto que oferece a mesma qualidade e taxas menores, as grandes empresas terão que reduzir seus preços também”, afirmou.

José Carlos Bergamin, diretor da Federação do Comércio do ES (Fecomércio), prevê que os concorrentes vão continuar se unindo para faturar mais. “Os clientes estão cadastrados em mais de uma plataforma. Com a unificação, os custos são menores e mais gente pode ter acesso”, disse.

A reportagem entrou em contato com o iFood, que disse não ter informações suficientes para comentar sobre a iniciativa, mas reforçou que acredita na importância de diversas soluções para o mercado de restaurantes e no diálogo dentro do setor.
Até o fechamento desta edição, a Uber não se pronunciou sobre o “Open Delivery”.

Presidente do Sindbares vê benefício até para gigantes

Todas as partes deverão ser beneficiadas com a criação do “Open Delivery”, segundo Rodrigo Vervloet, presidente do Sindicato de Bares, Restaurantes e Similares do ES (Sindibares) e da Abrasel-ES.

Ele vê a novidade com bons olhos. “Para o setor, é interessante ter mais atores oferecendo o serviço de entrega, para contemplar cada vez mais clientes”, explicou.

“Facilitar essa operação vai fazer com que os custos sejam reduzidos para o restaurante, o consumidor e o aplicativo. Os entregadores também terão vantagens. A formalização do processo de delivery vai dar mais respaldo a esses profissionais”, completou Vervloet.

Hoje, cada plataforma tem sua própria forma de trabalhar, com abordagens diversas. A proposta do novo projeto é fazer com que todos sigam as mesmas normas. “O cliente vai ter acesso a todos os parceiros e escolher a opção de preço que for melhor”, concluiu. “O público fará o pedido com mais facilidade, e o restaurante vai atender em um único sistema”.

Entenda

Como funciona o mercado

• Cada plataforma de entrega tem propostas diferentes
• Atrás de promoções, os clientes têm cadastro em várias plataformas
• Os restaurantes também acabam aderindo a diversos aplicativos de entrega, de acordo com a demanda dos clientes
• Apesar da variedade de empresas disponíveis, a Uber e o iFood dominam o mercado

O que muda com o Open Delivery

• As empresas parceiras terão suas opções divulgadas em um só sistema, para que o consumidor escolha por qual plataforma fará o pedido
• Todas as participantes do Open Delivery vão seguir as mesmas regras de divulgação e cobrança de taxas

Livre Concorrência

• Especialistas acreditam que a novidade vai fazer com que as grandes empresas reduzam suas taxas para concorrer com o Open Delivery

Vantagens

• Com a iniciativa concorrendo com a Uber e o iFood, a expectativa é de taxas menores para o consumidor e para os restaurantes

Adesão

• Segundo a Abrasel, o projeto já foi discutido com 35 empresas. A Rappi já confirmou que vai participar
• O Magazine Luiza confirmou que representantes chegaram a se reunir com executivos da Abrasel, mas a empresa ainda não tem muitos conhecimentos sobre a iniciativa

Fonte: Abrasel, Magazine Luiza e especialistas entrevistados.