Falta de materiais de construção deixa reformas mais caras
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Fazer reformas em casa está ficando mais difícil. Há materiais de construção em falta e o preço deles está cada vez mais caro. E o mês de outubro foi o quarto consecutivo este ano com alta no valor desses produtos.
Um levantamento do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado (Sinduscon-ES) comprova que o aumento está ocorrendo em uma série de produtos que integram o chamado Custo Unitário Básico (CUB), indicador monetário que mostra o custo básico de produtos da construção civil.
O acumulado em 2020 foi de 7,13%, sendo que em 2019 o aumento, no mesmo período, havia sido de 4,88%. Ou seja, o metro quadrado do CUB médio saltou de R$ 1.678,36 no ano passado para R$ 1.804,21 em 2020.
A esquadria feita de alumínio, por exemplo, custava R$ 409,94 em outubro de 2019, e saltou para R$ 490 em outubro deste ano.

Já o concreto, que era encontrado por R$ 285 por metro cúbico, agora já está a R$ 329,50. O metro cúbico da areia média, por sua vez, foi de R$ 67,50 para R$ 80.
O diretor comercial da Perfil Alumínio, Alexandre Casasto, diz que o preço do alumínio teve alta de 47%, o que explica o aumento no valor de produtos derivados. Ele explica que a falta de produtos no mercado ocorre devido a uma tendência das matérias-primas serem exportadas.
“Como o dólar está alto, é mais interessante para quem produz a matéria-prima exportar para outros países. Aí, o abastecimento interno fica prejudicado, o que causa escassez dos produtos e aumento dos preços. Está acontecendo com vários outros metais também, como o é o caso do cobre”.
O presidente da Sinduscon-ES, Paulo Baraona, destaca que esse problema atinge não só quem deseja fazer reformas, mas também a construção civil, o que encarece até os preços dos novos imóveis.
“As indústrias diminuíram a produção e, com a pandemia, mais pessoas procuraram esses materiais para fazer reformas em casa. Ao mesmo tempo, o setor imobiliário teve uma demanda alta, porque o financiamento imobiliário se tornou opção de investimento interessante. Isso tudo fez o preço dos materiais disparar, o que afeta o preço final do imóvel”.
Dificuldade de encontrar os produtos
A dificuldade de encontrar materiais de construção com preços em conta atrapalhou a reforma que o proprietário de casa de hospedagem Cristiano Zanetti Monjardim iria fazer na residência do pai.
Monjardim relata que produtos como tintas, lajotas e vigas estão ou em falta nas lojas ou com preços altos. Ele chegou a rodar a capital para pesquisar produtos com preços mais baratos.
“Está complicado. Conversando com funcionários das lojas, eles me relatam que alguns produtos estão em falta, e o que vejo são preços muito acima do que estavam antigamente. A lajota custava 90 centavos e agora está quase R$ 1,20, por exemplo. Isso atrasa bastante a obra, porque ou não tem ou está caro”.
SAIBA MAIS
Custo Unitário Básico
- O Custo Unitário Básico (CUB) é o indicador monetário que mostra o custo básico dos produtos para a construção civil.
- Em 2019, o metro quadrado do CUB médio estava custando R$ 1.678,36.
- Já em 2020, o preço da soma dos produtos básicos do setor saltou para R$ 1.804,21.
Comparativo 2019 x 2020
- A esquadria, que em outubro de 2019 custava R$ 409,94, saltou para R$ 490 em outubro de 2020.
- Já o metro cúbico do concreto foi de R$ 285 para R$ 329,50
- Já o metro cúbico da areia média foi de R$ 67,50 para R$ 80.
Fonte: Sinduscon-ES
Preços devem estabilizar em 2021
A expectativa do setor de construção é de que o preço dos materiais de construção parem de subir no ano que vem, quando a indústria voltar a normalidade e a oferta dos produtos volte a um patamar normal.

Para o diretor da Perfil Alumínio, Alexandre Casasto, a tendência é de que os preços dos produtos derivados de metais como alumínio e cobre sigam aumentando até dezembro, e depois haja uma estabilização ou mesmo queda.
“A falta dos produtos no mercado interno por conta da exportação é um dos maiores motivos dessa alta. Creio que, pelo menos no ramo dos metais, a situação se normalize já a partir de janeiro do ano que vem”.
Já na opinião do presidente da Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado (Sinduscon-ES), Paulo Baraona, os preços até irão parar de subir a partir de 2021, mas não devem cair, apenas se estabilizarão.
“Como a situação de oferta e demanda não ficou equilibrada, a alta está acontecendo. Mas a partir de janeiro, a situação deve se normalizar, com maior abastecimento interno por parte da indústria. Só que não creio que os preços voltem ao pamatar anterior. Para mim, a tendência é de que o preço de todos os produtos, ou pelo menos da maioria deles, fiquem próximos do preço atual”.
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