Máscaras já sobram nas farmácias
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À medida que a pandemia avança, o comportamento dos consumidores muda e se reflete nas prateleiras: a corrida por máscaras, que fez o item sumir das prateleiras das farmácias desde março, quando a pandemia começou no Espírito Santo, diminuiu.
Há quedas de 50% nas vendas, como as percebidas por Jonatas Neris, proprietário de algumas unidades da rede Cibien.
“A gente já esperava essa queda. Assim como tivemos a procura desenfreada do álcool, com a máscara iria acontecer a mesma coisa. Tinha demanda alta, as pessoas procuravam simultaneamente e faltou até estoque. Agora, a ideia é que a procura vá diminuindo cada vez mais”, diz.
Se, no auge da pandemia, a procura por máscara cirúrgica foi gigantesca, agora a clientela vai atrás das reutilizáveis. “Essas não se compram muitas vezes, justamente porque dá para lavar. O preço também não mudou muito se comparado a março: varia de R$ 3 a R$ 10. Além disso, vende em qualquer lugar”, conta Neris.
Gerente de compras da Farmácia Mônica, Thamires Pereira também sentiu uma queda de 50%.
“No início, o que colocava, vendia. E havia uma dificuldade em obter estoque. Em abril, conseguimos normalizar o estoque e toda semana tínhamos que renovar”, lembra.
Agora, com a quarentena flexibilizada, o ritmo diminuiu, mas Thamires ressalta que não parou totalmente. “Ainda vende, mas agora as de pano saem mais que as descartáveis. Em dado momento, os clientes procuravam e não achavam. Agora, esse problema acabou: tem para quem quiser”.
A gerente percebeu ainda uma procura principalmente por conta de quem começou a voltar a praticar esportes. “A respiração com a descartável é mais facilitada, ideal para quem vai suar, correr, ficar ofegante, ao contrário da de pano – mas é a que mais sai ainda, apesar disso”.
Diversos pontos do decreto governamental tornaram obrigatório o uso de máscara para acessar lojas, shoppings, restaurantes, igrejas e academias – com sujeição à multa por parte dos proprietários dos locais.
Mais recentemente, a Organização Mundial da Saúde passou a recomendar oficialmente o uso de máscaras em menores de 12 anos.
Uso deve ser mantido, dizem médicos
Mesmo com a pandemia desde março no Estado e a quarentena flexibilizando, não é momento de aposentar as máscaras, avisam especialistas ouvidos pela reportagem.
Doutor em Doenças Infecciosas, Lauro Ferreira Pinto diz que “ainda tem muito contágio e, pelo contrário: se usássemos máscaras com mais disciplina, controlaríamos o contágio mais rápido”.
Pós-doutora em Epidemiologia, Ethel Maciel avisa que a máscara só vai deixar de ser um acessório obrigatório quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) deixar de declarar a pandemia como problema de saúde pública.
“Ou seja: menos de um caso novo por 100 mil habitantes. Estamos longe disso, não temos o controle, estamos sob decretos e transmissão comunitária. Devemos aderir ao uso de máscara”, diz a especialista.
A médica infectologista Martina Zanotti lembra que até mesmo quem já foi contaminado deve continuar usando máscara. “A gente ainda não sabe se é possível se reinfectar. Tem de continuar se protegendo”, avisa.
Rúbia Miossi, que também é infectologista, acrescenta que a queda na taxa de transmissão não é sinônimo de que a máscara deixou de ser item necessário.
“A queda na taxa quer dizer que estamos usando o suficiente, mas não que devemos deixar de usar”, alertou.
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