Visita de cãozinho emociona menina de 2 anos em UTI
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Não é incomum encontrar pessoas que odeiam estar em hospitais. Para uma criança, a experiência pode ser ainda mais difícil: longe de casa e dos amigos, não é fácil entender que é necessário passar por determinado tratamento, especialmente quando se está em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Nesse cenário, algo simples, como ter contato com o animal de estimação, pode mudar tudo. Foi o que aconteceu com a pequena Laura, de 2 anos e 4 meses.
Ela nasceu em parto prematuro, com 28 semanas de gestação, e acabou desenvolvendo problemas crônicos nos rins. Em meados de fevereiro, a mãe da menina, a servidora pública federal Mariani Viganor, 37, percebeu que a filha voltou a ter problemas urinários.

“Ela apresentou quadro de pouca urina e inchaço. Corremos até o hospital e foi diagnosticado que isso agravou o problema renal. Então, ela voltou para a hemodiálise, para ver se esse problema melhora.”
Laura está no hospital desde o dia 28 de fevereiro. A expectativa é de que ela receba alta em breve, mas a data em que poderá voltar para casa ainda não foi definida.
Para matar a saudade e renovar os ânimos, a pequena recebeu a visita de seu melhor amigo: o cachorro yorkshire Benjamin, chamado carinhosamente de Ben.
“O Ben tem cinco anos. Ele ficou comigo durante toda a gestação. Dormia na minha barriga. Quando a Laura nasceu, eles se tornaram amigos. É quase uma relação de irmãos de verdade. Ela adora brincar com o Ben, abraçar e, às vezes, eles até brigam”, contou Mariani.
No hospital, não demorou muito para Laura e Benjamin se reconhecerem e fazerem a festa.
A ação foi parte do projeto “Acolhendo Seu Querer”, da Unimed Vitória, que consiste em identificar e realizar um desejo do paciente, que pode ser a visita de um pet, uma comida, um encontro romântico e até ir à praia.
A psicóloga Ariane Zanetti, que acompanha a evolução de Laura na UTI, explicou que foi seguido um protocolo para que a visita do cãozinho fosse possível.
“É pedido que o pet esteja com as vacinas em dia, seja dócil e tome banho em um pet shop antes da visita. Também é exigido laudo de um veterinário.”
“Processo fica menos doloroso”
A pequena Laura Viganor, de 2 anos e 4 meses, precisou ser internada por sofrer de insuficiência renal crônica. A mãe dela, a servidora pública federal Mariani Viganor, 37, contou que receber a visita do melhor amigo, o yorkshire Benjamin, ou Ben, deu forças à menina para continuar o tratamento.
A Tribuna – Como está sendo para vocês todo esse processo?
Mãe – Como ela é criança, não entende o que está acontecendo. Quando as médicas souberam que ela tinha um cachorro, sugeriram trazê-lo para deixar a Laura mais feliz. Foi uma forma de deixar todo o processo menos doloroso, até mesmo para nós que estamos acompanhando.
Você sentiu diferença no humor dela?
Com certeza. Agora que viu o Ben e os brinquedos dela chegaram, ela não tem mais preocupações. Sente que está em um hotel.
O Ben sente a falta dela em casa? Como ele reage?
Ele sente que tem algo diferente. Dá para perceber que há preocupação. E dela também, por não tê-lo por perto.
A gente não vê a hora de acabar com esse processo, reunir todo mundo em casa e voltar à nossa rotina normal.
Melhora no tratamento
Projetos como o “Acolhendo Seu Querer”, que realizam os desejos de pacientes em hospitais, são cada vez mais comuns. Especialistas afirmam que essas ações trazem inúmeros benefícios para o tratamento, inclusive a melhora significativa do quadro de saúde.

A psicanalista Thamy Carvalho destacou que, como o ambiente hospitalar é hostil, trazer recursos terapêuticos – como visitas de animais de estimação e atividades lúdicas – melhora a forma como os pacientes lidam com o tratamento, especialmente as crianças.
“Isso facilita a expressão de emoções e afetos, contribuindo no aspecto socioemocional, além de reduzir os níveis de estresse e ansiedade decorrentes do processo de internação.”
A psicóloga Débora Monteiro Coelho ressaltou benefícios do contato entre animais e pacientes. “O animal acalma, tira o estresse. Já existiram casos em que a pessoa acordou do coma e melhorou após ter contato com um animal de que gostava”, afirmou.
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