“Não há razão para anistia no Ceará”, diz Casagrande
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O governador Renato Casagrande (PSB) disse que é consenso entre os governadores das regiões Sul e Sudeste que um projeto político e ideológico nacional está por trás dos movimentos grevistas de parte das forças de segurança no País.
Para Casagrande, os policiais amotinados no Ceará não devem receber anistia. “Esse tipo de comportamento político e a atitude de uma parte dos policiais têm que ser condenados”, avaliou.
Ele concedeu entrevista para A Tribuna nesse sábado (29), após participar do 6º Encontro do Consórcio de Integração Sul e Sudeste (Cosud), que reuniu em Foz do Iguaçu, no Paraná, governadores das regiões Sul e Sudeste do País.

A tribuna – O senhor e os outros governadores trataram com o ministro Sergio Moro (Justiça) sobre a situação do motim dos PMs no Ceará?
Casagrande – Moro fez uma palestra, foi dito a ele sobre a importância de o governo continuar ajudando o Ceará e da não aceitação desse tipo de movimento, que é de insubordinação de órgãos policiais porque deixa a população numa situação de muito risco. Moro disse que o governo rechaça a ação dos amotinados, de policiais encapuzados, que fazem greve. Ele disse que greve é proibido na Constituição. Não é apropriado a população ficar refém de qualquer movimento.
É um temor entre os governadores?
É uma preocupação do Brasil. Já aconteceu no Espírito Santo, no Ceará no ano passado e neste (ano), na Bahia e em diversos estados. E é um problema que as instituições públicas precisam estar atentas e ter posição firme com relação a essa conduta.
Um dos pedidos no Ceará é por anistia. Qual é sua posição?
Aquele tipo de movimento no Ceará não tem como ter anistia. Policiais encapuzados atirando contra um senador, policiais que esvaziam pneu de viatura, mandam comércio fechar as portas, mesmo tendo uma proposta de reajuste na mesa. Não tem nenhuma razão para se ter anistia.
Esse movimento é diferente do que teve no Estado em 2017?
Totalmente diferente. No Ceará tem proposta, tem conversa com o governo. No Espírito Santo não tinha proposta e nem conversa. Em 2017, as causas foram locais. Hoje tem projeto político ideológico nacional que mobiliza parte dos policiais e tem lideranças que querem provocar desordem, caos.
É consenso entre os governadores que, por trás desse movimento, há um projeto político?
É consenso. Querem tirar proveito do caos. Então esse tipo de comportamento político e a atitude de uma parte dos policiais têm que ser condenados, especialmente quando tem diálogo, tem proposta. Não tem nenhuma razão para ter qualquer movimento desequilibrado e exacerbado de paralisação.
E sobre a proposta de reajuste das forças policiais do Estado?
Todos os policiais, agentes penitenciários e socio-educativos terão reajuste de 30% em quatro anos. Os praças terão reajuste de 35% e os soldados terão reajuste de 40%. Então é uma proposta muito boa. O soldado este ano vai ter três reajustes. Vai ter em abril um reajuste de 4%, em julho com a incorporação de escala mais 5,7%, e em dezembro o reajuste linear, dependendo da inflação, deve ser em torno de 3,5%. Quase 14% de reajuste num único ano. É um compromisso que eu tenho com eles, para que possa valorizar a segurança pública.
Se tiver consenso, já envia a proposta para a Assembleia?
Vamos ter outra reunião, com a comissão. Cada um estará avaliando para ver se tem algum ajuste a ser feito. Tem que elaborar o projeto de lei, mas, se aceitarem, nesta semana ou na outra a proposta será encaminhada.
Sobre o coronavírus, temos os casos suspeitos no Estado. Quando chegam os resultados?
Chega esta semana. Não tenho o dia exato. A situação não é para alarmar ninguém, mas estamos tomando providências de prevenção, pedindo ajuda ao governo federal. Hoje (ontem) os governadores assinaram uma carta pedindo ajuda para a montagem de leitos de UTI que precisam ser isolados.
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