Morte de agricultora: “Intenção não era matar”, diz advogado de suspeitas
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O advogado José Carlos Silva, que defende a comerciante Sulamita Almeida, e a filha dela, Flávia Almeida Silva, revelou que as duas confirmaram terem contratado uma pessoa para “dar um susto” na agricultora Thamires Lorençoni Mendes, de 26 anos, mas não para matá-la.
O advogado revelou que um triângulo amoroso envolvendo um homem, sua mulher e sua irmã de criação acabou em tragédia em Vargem Alta, no Sul do Estado. A vítima foi morta com três tiros, no último dia 30 de novembro.
José Carlos defende a comerciante Sulamita Almeida, conhecida como Sula, 42, e a filha dela, Flávia Almeida Silva, 18, que estão presas. Ele relatou que elas teriam contratado uma pessoa para “dar um susto” em Thamires e, para isso, teriam pagado R$ 1.500. De acordo com José Carlos, desde que tinha 13 anos, Flávia manteria um relacionamento com o irmão de criação, Gédson Thomazini, marido de Thamires. Sula é casada com o pai de Gédson.
“Até porque a intenção não era matar a Thamires”, garantiu.
Entrevista
A Tribuna – Existia mesmo um relacionamento entre Flávia e o Gédson (marido de Thamires)?
Advogado – Desde quando ela (Flávia) tinha 13 anos de idade.
E eles nunca se separaram, mesmo enquanto ele estava com a Thamires?
Nunca se separaram. A Thamires sabia disso. É por isso que as duas tinham essa rixa, que foi acirrada a partir do momento em que o Gédson, marido da vítima, começou a reformar a casa embaixo da casa do pai dele, lá em Vila Maria (interior de Vargem Alta), onde eles iriam residir.
Esse desfecho aconteceu por causa disso. E Thamires sempre soube que a mudança ia gerar problemas. Ela não queria morar lá.
As suas clientes vão confessar, então (antes do depoimento)?
Não é questão de confessar. Até porque a intenção não era matar a Thamires. Em nenhum momento elas tiveram a intenção de matar. Era dar um susto.
Só para ver se ela desistia (de Gédson). Mas é uma loucura, né? Isso não tinha nem que existir. Elas pensaram assim: dando um susto neles, ela vai parar de perturbar.
De que forma a Flávia e a Sulamita acreditavam que a Thamires estava incomodando, perturbando?
A Thamires incomodava, ela não gostava da Flávia. Tinha uma briga entre elas muito violenta. Thamires, algumas vezes, tentou jogar a moto em cima dela lá e andava falando mal dela na comunidade.
Mas quem tinha um relacionamento oficialmente com o Gédson era a Thamires.
Quem morava com o Gédson era a Thamires. Tem um filho com ele e tudo. Porém, a Flávia também tinha um relacionamento com ele. Embora fosse escondido, mas tinha. A Flávia fazia tudo o que o Gédson mandava. Ela tinha até medo dele.
No dia do crime, o que mãe e filha resolveram fazer?
A mãe foi saber do fato depois que aconteceu. Ela não sabia que seria aquele dia, porque ela não combinou nada disso. Ela só falou que foi dela a ideia de dar um susto em Thamires, mas quem conduziu tudo foi a filha, a Flávia.
A mãe só falou de dar o susto, mas, depois, ela tinha até esquecido disso. Tanto é que a mãe, quando soube do crime, ficou apavorada. Falou: “Meu Deus do céu!”
E a mãe sempre fala que, se tivesse que matar a Thamires, ela ia contratar alguém para matar os dois (a vítima e o marido). Que era muito mais fácil. Por que iria matar um e não matar o outro? Então, essa é a prova de que era para dar um susto e não era para matar.
Ninguém sabe informar o que aconteceu para essa situação ter terminado em tragédia, para o homem ter matado a Thamires. Porque a ideia não era matar. Em nenhum momento elas pensaram nisso.
Delegado adia conclusão do inquérito após depoimentos
O delegado de Vargem Alta, Rafael Amaral Ferreira, responsável por investigar o assassinato da agricultora Thamires Lorençoni Mendes, 26, informou ontem que o inquérito, previsto para ser concluído hoje, deve se estender pelo menos até a próxima semana.
É que ontem, com os depoimentos da comerciante Sulamita Almeida, 42, e da filha dela, Flávia Almeida Silva, 18, surgiram novas informações sobre o caso.
Elas foram interrogadas em Rio Novo do Sul, cuja delegacia também está sob a responsabilidade de Rafael, e não em Vargem Alta, onde a imprensa aguardava.
Após os depoimentos, as suas retornaram para a cadeia, onde estão desde o dia 5 de dezembro.
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