Medo excessivo de amar pode esconder fobia
Essa condição também abrange o medo de se relacionar com parentes e amigos, e pode trazer prejuízos
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Se fechar para o amor é algo comum de acontecer tanto entre homens quanto mulheres. O problema existe quando a pessoa tem um medo irracional de se apaixonar e de se permitir criar laços afetivos.
Essa condição, que também abrange o medo de se relacionar com parentes e amigos, se chama filofobia e pode causar prejuízos.
Naira Delboni, psicóloga clínica e psicoterapeuta cognitiva comportamental, comentou que o filofóbico geralmente evita relações e prefere estar em distanciamento emocional.
“É um medo excessivo ou persistente de se tornar emocionalmente próximo de alguém, de considerar ter um compromisso a longo prazo. De ter uma ligação afetiva mais intensa”, esclarece.
“Quando começa a perceber que está criando um vínculo, vai tentando se desprender. Pode gerar um sentimento de estranheza e ansiedade, como se fosse algo perigoso”, completou.
Dependendo da situação em que o filofóbico se encontra, podem ser desencadeadas crises de ansiedade e pânico. Sintomas como angústia, tensão, fuga, choro, sudorese, tremores, taquicardia, falta de ar, visão turva e boca seca podem acontecer.
O psicólogo e terapeuta de casais Breno Rosostolato afirmou que o isolamento social e afetivo compromete os aspectos de socialização.
“Quando estabelece contato com as pessoas, pode ter um empobrecimento de falas, de interação e de diálogo. À medida que a pessoa evita relacionamentos, seja da ordem que for (amizade, relações familiares, relações íntimas), existe um empobrecimento e uma diminuição no seu repertório, porque ela passa a não olhar para os seus sentimentos”.
Janine Moscon, médica psiquiatra, explicou que a filofobia pode estar ligada a vários cenários, como timidez, um trauma, falta de habilidade de comunicação social e baixa autoestima.
"Por exemplo, a pessoa passa por um relacionamento nocivo, com muito sofrimento e começa a evitar se apaixonar por outra pessoa. Fobia é isso, um medo irracional, desproporcional. Ou, por ser extremamente tímida, a pessoa restringe o contato com o outro apenas por meios digitais, em situações até que não precisa se identificar, ficando 'invisível'".
"A filofobia vai contra os nossos instintos que são de socializar, se relacionar com as pessoas. Essa é uma das forças que permitiu que a humanidade evoluísse".

Analu Lemos, terapeuta na área de treinamento mental e especialista em programação e reprogramação mental baseada na Parapsicologia, Hipnoterapia e PNL, comentou que, para tratar a filofobia e fazer esse medo perder força, o ideal é um processo de reprogramação e programação mental, ou até sessões de hipnoterapia.
"Exercícios para a mente fazer novos registros. De que amar é bom, se apaixonar é seguro, as pessoas são boas, ter relacionamento é saudável. Enfim, programar na polaridade contrária do medo. A terapia contribui muito para ajudar a pessoa com filofobia".
E quando procurar ajuda?
"Ela precisa procurar ajuda assim que perceber que não está feliz. Que quer ter um relacionamento e não consegue. Que está insatisfeita com o seu, no caso de já estar em um. Saber que tudo está na mente e que ela pode trabalhar suas inseguranças mentais de forma leve e tranquila", finalizou Analu.
Fique por dentro
Filofobia
O que é
A palavra tem origem a partir da união dos termos gregos “filos”(amar) e “phobia” (medo).
É um medo intenso e irracional de criar laços afetivos, se apaixonar e considerar ter um compromisso de longo prazo. De acordo com Analu Lemos, terapeuta na área de treinamento mental, o filofóbico pode não conseguir expressar seus sentimentos a amigos e familiares. Ou seja, é uma condição que pode se estender a relacionamentos não amorosos.
Embora não seja socialmente reconhecida como doença ou transtorno mental nos principais manuais de diagnóstico, ela pode ser classificada como uma fobia específica caso os sintomas sejam intensos e cause prejuízos significativos.
Janine Moscon, psiquiatra, disse que não existe uma idade específica em que a condição pode ser desencadeada. Ela afirmou que o problema está ligado a vários cenários: timidez, falta de habilidade de comunicação social e baixa autoestima.
De acordo com especialistas, na infância, por exemplo, a criança pode ter um dia a dia com pais que brigam muito e são violentos um com o outro. Na fase adulta, a pessoa vive um relacionamento nocivo. Esses cenários podem contribuir para desencadear a filofobia.
Diferença para o medo de decepções amorosas
Segundo o psicólogo Breno Rosostolato, por mais que a pessoa sinta medo, ela pode superar e ressignificar. Já a filofobia é uma crença internalizada como sendo quase que uma verdade, e isso engessa.
Tratamentos
Janine Moscon afirmou que não existe medicamento específico para a filofobia e o tratamento deve ser feito com psicoterapia que pode ser direcionada para um trauma, para uma timidez excessiva.
Se a pessoa tiver uma doença associada, como ansiedade e depressão, medicações específicas poderão ser administradas.
Analu Lemos, terapeuta na área de treinamento mental, recomendou um processo de reprogramação e programação mental como, por exemplo, sessões de hipnoterapia.
Fonte: Especialistas consultados e pesquisa A Tribuna.
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