EDP investirá R$ 5 bilhões na modernização da rede elétrica nos próximos 30 anos
A EDP seguirá com concessão por 30 anos e investirá R$ 5 bilhões na modernização da rede elétrica e ampliação da energia trifásica
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Por mais 30 anos, a distribuição de energia em 70 cidades no Espírito Santo seguirá administrada pela concessionária EDP, a Energias de Portugal. A renovação da concessão foi assinada na última quarta-feira (16) pela manhã, em solenidade no Palácio Anchieta.
O evento contou com as presenças do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e do diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Ivo Sechi Nazareno, além do governador Renato Casagrande, o vice-governador Ricardo Ferraço e outras autoridades.
Como contrapartida, no lugar do pagamento de outorga — valor em dinheiro pelo direito de explorar um bem público —, a empresa acordou realizar um investimento de R$ 5 bilhões na infraestrutura elétrica do Estado até 2030.
O recurso contempla a modernização e automatização da rede elétrica e a conclusão do novo Centro de Operações Integrado (COI), em Carapina, na Serra. A ampliação da energia trifásica para localidades fora da Grande Vitória é um dos principais investimentos trazidos pela concessionária, diz o CEO da empresa, João Brito Martins.
Ela deve auxiliar na ampliação de projetos industriais e na modernização da agricultura, explica Ricardo Ferraço. “Especialmente no Norte do Estado, há uma mudança da monocultura e da pecuária para a agricultura irrigada. E não há como pensar nela sem pensar na energia trifásica, por ser mais resiliente e potente para permitir ampliar a irrigação”, diz.

A melhoria e a automação da rede para enfrentar os efeitos climáticos também é foco da empresa para o novo período de contrato. “Vamos ainda melhorar o tempo de resposta de atendimento aos clientes”, diz Martins, CEO da EDP.
O plano, porém, ainda depende de definição sobre quais investimentos serão, de fato, realizados.
A quantidade de subestações a serem construídas ou de quilômetros de ampliação da linha, por exemplo, estão em estudo pela concessionária.
O incentivo à transição energética é um dos pontos apoiados pelo governo do Estado em relação aos investimentos da concessionária.
“Para que a gente possa chegar à neutralidade de carbono, que é o plano de descarbonização do Estado”, disse o governador Renato Casagrande.
Mercado livre e redução na conta
A abertura do mercado livre de energia, previsto para ocorrer a partir de 2027 — caso a medida provisória do governo federal seja aprovada no Congresso —, já movimenta os planos de investimento da EDP no Espírito Santo.
A ideia é que a ampliação da rede e a construção de novas subestações crie condições para que a energia seja entregue de forma segura a todos os pontos e, com isso, comercializada livremente, diz o CEO da EDP, João Brito Martins
A modalidade, que já está ativa para grandes consumidores industriais, vai passar a ser permitida para o consumidor geral em dois anos. Ela possibilita que a energia gerada pelas usinas solares instaladas em residências, sítios ou outras localidades volte para a rede elétrica, sendo vendida para outros consumidores — ou seja, passam a ser fornecedores.
“É expectável que nos próximos anos mais consumidores possam passar pela escolha do fornecedor de energia. O Estado estará preparado para que, os clientes que quiserem, possam fazer essa migração”, diz Martins.
Adaptações para a adoção da modalidade pré-paga na conta de energia, em planejamento pelo Ministério de Minas e Energia (MME), também é estudada pela concessionária. Nesse modelo, o consumidor paga pelo valor que quer consumir, tal como uma conta de internet móvel.
Para isso, porém, além de questões técnicas — como o desenvolvimento de um aplicativo ao consumidor para que ele acompanhe o consumo de energia em tempo real —, a empresa aguarda as definições sobre a abertura do mercado livre do setor.
Entenda
Mais trinta anos de atuação
Concessão

A EDP assinou ontem a renovação por mais 30 anos do contrato da concessão de distribuição de energia para 70 municípios em que atua no Espírito Santo.
Cerca de R$ 5 bilhões serão investidos no Estado até 2030, como alternativa ao pagamento de outorga, o que representa um crescimento de 40% em aporte financeiro na comparação com os investimentos realizados entre 2019 e 2024.
Melhoria
O aumento do investimento será canalizado para melhoria nos processos de atendimento ao cliente, para a continuidade na digitalização e automação da rede e para adaptar a rede para crises climáticas, como chuvas e ventos fortes.
Solenidade
O evento ocorreu no Palácio Anchieta e contou com as presenças do ministro de Minas e Energia Alexandre Silveira, o do diretor da Aneel Ivo Sechi Nazareno, além de Renato Casagrande, Ricardo Ferraço, o senador Fabiano Contarato, o deputado federal Paulo Folletto, o secretário de Estado de Desenvolvimento, Sergio Vidigal, e o presidente da Findes, Paulo Baraona.
Ministro pede diplomacia
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse durante o evento acreditar em solução diplomática e diálogo para a taxação de 50% que os EUA aplicarão a produtos brasileiros a partir de 1º de agosto.
Porém, ao ser questionado, não descartou a retaliação à medida americana, como declarou o presidente Lula em visita a Linhares, onde anunciou a política de reciprocidade para ampliar a defesa comercial contra os EUA.
Silveira classificou a medida dos EUA como “arroubo” e “ataque insano” à soberania brasileira, e disse que Lula reage com diálogo para garantir segurança aos investimentos. Comércio e indústria temem que a escalada tarifária leve a alta de preços e risco de recessão.
O ministro ressaltou a necessidade de responsabilidade e diálogo para resolver os problemas sociais e garantiu que a política tarifária não causará aumento no preço dos combustíveis, apesar da dependência do Brasil em derivados importados, incluindo gasolina dos EUA.
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