Login

Esqueci minha senha

Não tem conta? Acesse e saiba como!

Atualize seus dados

ASSINE
Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
ASSINE
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Assine A Tribuna
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo

Olhares Cotidianos

Olhares Cotidianos, por Sátina Pimenta

Colunista

Sátina Pimenta, psicóloga clínica, advogada e professora universitária

O dia em que aprendi a ir sozinha (e nunca mais parei)

Descobri na solitude a liberdade de viver experiências transformadoras — sem esperar por ninguém

Sátina Pimenta, colunista de A Tribuna | 17/07/2025, 12:22 h | Atualizado em 17/07/2025, 17:26

Imagem ilustrativa da imagem O dia em que aprendi a ir sozinha (e nunca mais parei)
Sátina Pimenta é psicóloga clínica, advogada e professora universitária |  Foto: Acervo Pessoal

Sempre adorei atividades ao ar livre — trilhas, rapel, remadas — mas, por muito tempo, deixei de praticar porque ninguém queria ir comigo. Cansei de esperar e comecei a ir sozinha.

Logo descobri grupos como @inata_sustenatural, @vertical.es, @pokeiadventure e @aguiasdorapel, que reúnem pessoas dispostas a não adiar a vida.

Sozinha eu fiz rapel de um balão em Santa Teresa; remei de caiaque até a Pedreira do Santa Marta e pulei na água como criança; perdi as contas do Morro do Moreno; voei de parapente em Viana; fiquei em uma pousada em Biriricas só para descansar; e por aí vai. Cada experiência expandiu meus limites e me ensinou algo novo sobre coragem e confiança.

Às vezes convenço meu filho de 13 anos, minha filha de 3 ou meu marido a me acompanharem: já fizemos passeios no manguezal ao pôr do sol, aula viva sobre biodiversidade e história. Minha prima do Rio achou que eu a levaria a um café e acabei levando-a ao Morro do Moreno — e depois a um rapel na Pedra dos Ventos. Ela voltou diferente, com brilho nos olhos e vontade de continuar desafiando seus medos.

Aí eu ampliei o espaço: passei a não abrir mão de shows, teatro e eventos culturais. Aprendi que posso compartilhar experiências comigo mesma — sentar na primeira fila, aplaudir alto, me emocionar sem precisar de companhia. Fiz até um retiro de dias no Mosteiro Zen Budista e passeei no ônibus turístico de dois andares visitando minha própria cidade.

Nesse percurso, percebi a diferença entre solidão e solitude. Solidão é ausência dolorida; solitude é presença plena em si mesmo — paz interna e autossuficiência emocional. Como dizia Rollo May, “a capacidade de estar sozinho é a condição primeira para a capacidade de amar”. Solitude não é isolamento, é encontro consigo mesmo. Eu comecei a sentir isso quando já não desejava companhia para andar no calçadão e, quando nas cafeterias, eu ficava horas sozinha com um livro na mão.

Viver momentos sozinha, seja na natureza, no teatro ou em um café, não é arrogância: é não terceirizar a própria felicidade. Há experiências ótimas a dois ou mais, mas existe uma potência imensa em saber que, se ninguém puder ir, eu vou — e aproveito cada instante.

Meu próximo sonho é ser voluntária em um local como a Amazônia ou a África. Desejo levar minha formação, escuta e presença a outras realidades. Quero colaborar de alguma forma e poder crescer de outras.

Quando comecei a falar sobre isto muitas pessoas, inclusive meu marido, falaram que queriam ir. Ele, tadinho, ouviu um “quero fazer isso sozinha amor! É algo que eu desejo viver comigo”. E está tudo bem! Tanto para ele que respeita meus momentos quanto para mim que preciso e amo vivê-los.

E você? O que tem deixado de viver por acreditar estar só?

MATÉRIAS RELACIONADAS:

SUGERIMOS PARA VOCÊ: