Com menos exportação, indústrias preveem falta de lugar para estocar mármore
Americanos suspendem compra de rochas do Estado. Empresas temem problemas comerciais e, ainda, de espaço para a produção
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A indústria do mármore, granito e quartzito prevê falta de espaço para armazenar os produtos no Espírito Santo devido à paralisação na compra e suspensão dos embarques marítimos aos Estados Unidos.
É o que afirma o presidente do Sindicato da Indústria de Rochas Ornamentais (Sindirochas) e empresário do setor, Ed Martins André, sobre os efeitos da ampliação da tarifa comercial em 50% para todos os produtos brasileiros.
A tarifa está prevista para entrar em vigor no dia 1º, e a decisão já vem mexendo com o mercado local e modificando intenção de investimento e contratações.
Os EUA são o principal comprador das rochas extraídas no Estado, representando 56,3% das exportações. Atualmente, 200 empresas brasileiras trabalham diretamente com o mercado americano — a grande maioria capixaba.
“Hoje, 82% do que é produzido saem daqui. Os principais compradores de rochas (americanos) já suspenderam os embarques. Daqui a pouco teremos problema de estocagem e também comercial”, afirmou o empresário.
A saída de procurar novos mercados, para a indústria, será uma tarefa difícil devido às características atuais desse mercado nos outros continentes, segundo André. No mercado europeu, por exemplo, a relação comercial consolidada com Itália e Espanha atrapalham a entrada de outros atores desse setor.
“Já no continente asiático, a China, a Índia e a Turquia já são grandes produtores. Pela distância física, a questão logística encareceria o custo do produto em relação a esses mercados próximos, o que ficaria inviável para nós”, comenta.
Sobre o Oriente Médio, André comenta que a cultura dos países da região dificulta o fechamento de contratos a curto prazo, o que seria necessário para mitigar os impactos imediatos, uma vez que as exportações são semanais.
“Não dá para chegar lá e fechar contratos com eles em uma única reunião. Muitas vezes, as negociações demoram um ano”, explica.
Embora as questões diplomáticas e comerciais tenham maior peso nas discussões, há ainda características técnicas que podem provocar impacto significativo na comercialização e na produção.
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