‘Se resgate tivesse sido acelerado, provavelmente estaríamos com ela’, diz irmã de Juliana Marins
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A família da publicitária Juliana Marins, de 26 anos, acredita que ela poderia ter sobrevivido à queda em um vulcão na Indonésia se a Defesa Civil do país tivesse sido acionada imediatamente e chegado com mais rapidez ao local do acidente.
Laudo do Instituto Médico-Legal (IML) do Rio divulgado nesta sexta-feira, 11, indica que Juliana morreu por volta das 12h (horário da Indonésia) do dia 22 de junho. Ou seja, ela estava viva por pelo menos 32 horas depois da queda. Ainda segundo o laudo brasileiro, uma segunda queda ocorrida no dia 22, um dia e meio após o acidente original, foi a responsável pela morte da jovem. Na primeira queda, a jovem escorregou por 280 metros. Na segunda queda, a fatal, ela caiu num precipício de 370 metros.

“Se o resgate tivesse sido acelerado, provavelmente estaríamos com ela aqui hoje”, afirmou Mariana Marins, irmã de Juliana, que participou da entrevista coletiva para divulgação do laudo brasileiro. “O parque demorou a chamar o socorro, o socorro demorou a chegar e, quando chegou, não tinha os equipamentos apropriados.”
Mariana apresentou um cronograma do acidente envolvendo sua irmã. O acidente ocorreu às 4h21 da manhã do dia 21 de junho. Ainda segundo os dados recolhidos por Mariana, o guia comunicou o acidente ao parque às 6h06 e às 6h23 a equipe de resgate do parque, formada por voluntários e moradores locais, foi acionada. Essa equipe chegou ao local do acidente às 8h da manhã, mas não tinha os equipamentos necessários para um resgate.
A Defesa Civil do país só foi acionada às 8h30 da manhã daquele dia, mais de quatro horas depois do acidente. Ainda segundo Mariana, os socorristas ficam numa cidade vizinha ao parque, a aproximadamente duas horas de distância. O socorro profissional só chegou ao parque às 10h20.
Somente às 14h32 uma primeira equipe alcançou o cume, mas não conseguiu chegar até Juliana, por não dispor de material adequado para a descida e o resgate. A Defesa Civil só conseguiu descer até próximo do local onde estava Juliana depois das 22h, mas, mesmo assim, não conseguiu alcançá-la.
No dia seguinte, 22, não houve nenhuma tentativa de resgate por conta de uma espessa neblina. O corpo de Juliana só foi resgatado no dia 24 por um outro grupo de voluntários, a 650 metros do local original do acidente.
Mariana afirmou que a família ainda não decidiu o que vai fazer a partir da conclusão do laudo. “Estamos analisando o que pode ser feito, mas ainda não temos nada de concreto”, afirmou.
A defensora pública de Direitos Humanos Taísa Bittencourt afirmou que a família tem alguns caminhos a seguir. O primeiro deles é a abertura de um inquérito pela Polícia Federal, o que demanda uma requisição oficial do Ministério da Justiça. O segundo, é mover uma ação civil por danos morais na Indonésia. Por fim, é possível ainda fazer uma campanha internacional junto à Organização das Nações Unidas (ONU) para que os parques de aventura tenham regras mais rígidas e equipes de resgate.
“Isso vai além da Juliana”, resumiu a irmã. “Trata-se de evitar que mais pessoas sofram.”
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