Especialistas explicam chance de tubarão no ES
Espécies como martelo, tigre e azul podem se aproximar do litoral por desorientação, doenças, alimentação ou reprodução
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Um tubarão com cerca de 300 quilos foi encontrado morto na praia da Lagoa do Siri, em Marataízes, região Sul do ES. Um pescador avistou o animal de longe, pensou que fossem sacos de lixo boiando, mas teve uma visão mais clara ao se aproximar.
O tubarão, da espécie Mako, possivelmente foi atingido por um Marlin na segunda-feira (7), pois estava com o bico do peixe cravado em um ferimento, disse o secretário de Meio Ambiente de Marataízes, Adriano da Silva.
“O bico do Marlin estava na cabeça do tubarão. O pescador que o achou nos acionou. Uma equipe foi até o local e constatou que era da espécie Mako. Como era muito pesado, fomos até a prefeitura para buscar um carro apropriado para o transporte. Quando retornamos, a população já havia retirado as vísceras do bicho, o cortado em pedaços e levado tudo para casa”.
A espécie normalmente é encontrada em mar aberto, mas pode se aproximar do litoral, explica a professora de oceanografia da Ufes e especialista em peixes e tubarões, Nathália Bezerra.
“Não é algo inédito ele se aproximar do litoral. Isso pode acontecer em casos de desorientação, doenças ou até por alimentação. Existe uma grande diversidade de tubarões na costa do Espírito Santo, como as espécies martelo, tigre, azul e até baleia”.
A pesquisadora alerta, também, que o tubarão mako é uma espécie ameaçada de extinção, assim como “um terço das espécies de tubarão e raias do mundo, segundo os critérios da União Internacional para Conservação da Natureza”.
O litoral do Espírito Santo está na rota de migração das baleias Jubarte, o que pode atrair animais como tubarões, explica o oceanógrafo e coordenador do Projeto Baleia Jubarte, Paulo Rodrigues.
“Já flagramos tubarões se alimentando de carcaças de baleias que encalharam ou morreram. Então eles se beneficiam da rota das baleias, que funcionam até como uma proteção ao ser humano, porque antes de querer morder uma pessoa, os tubarões têm o alimento da carcaça da baleia”.
Outro ponto do litoral onde tubarões podem ser encontrados é próximo de onde rios desaguam, destaca o oceanógrafo.
“Eles vão até a foz de rios para se reproduzir, ou seja, terem filhotes. Alguns tubarões deixam ovinhos característicos onde os cursos d'água desaguam”.
Apesar de não haver registros de acidentes ou ataques de tubarões no Espírito Santo, a orientação dos especialistas é manter distância do animal, que “é selvagem e, portanto, imprevisível”, destaca o oceanógrafo Paulo Rodrigues.
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O que aconteceu?
Um Tubarão Mako, de cerca de 300 quilos, foi encontrado morto, na praia da Lagoa do Siri, em Marataízes, na manhã de segunda-feira. Um pescador encontrou o animal e acionou a prefeitura. O secretário de Meio Ambiente de Marataízes confirmou a espécie do animal, e disse que ele morreu, provavelmente, devido ao ferimento causado pelo bico de um peixe Marlin.
Tubarões no litoral
O litoral do Espírito Santo contém uma diversidade grande de tubarões, apontam especialistas. O animal pode chegar até a costa para se alimentar, por estar doente ou debilitado, e para se reproduzir perto de onde rios desaguam.
Até tubarão-baleia
Entre as espécies de tubarão que já foram registradas em águas capixabas estão, além do Mako, os tubarões azul, martelo, tigre, mangona, raposa, galha-preta, galha-branca e até o tubarão-baleia, considerado o maior peixe do mundo e podendo chegar a medir até 20 metros de comprimento.
Ameaça de extinção
1/3 de todas as 400 espécies de tubarões e arraias do mundo estão em risco de extinção, segundo critérios da União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN). O tubarão Mako é uma das espécies ameaçadas, apontam pesquisadores.
É tubarão ou cação?
A dúvida é comum no Estado, onde a carne de cação é apreciada. Porém, especialistas afirmam que a nomenclatura “cação” é genérica, utilizada para vender carne que pode ser de tubarão e até de arraia, e não de tubarões filhote, como normalmente é difundido em comércios.
Vi um tubarão, e agora?
O litoral do Espírito Santo conta com uma grande biodiversidade. Em águas capixabas, já foram registrados, além tubarões, arraias, golfinhos e baleias, que podem encalhar por desorientação, doenças ou motivos diversos.
Caso encontre um animal encalhado, especialistas indicam manter distância, pois o comportamento de animais selvagens é imprevisível.
O resgate do animal pode ser solicitado acionando o Instituto de Pesquisa e Reabilitação de Animais Marinhos (Ipram) através do telefone 0800-039-5005 ou do celular 99865-6975.
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