“Dar mancada” é uma gafe!
Campanha “Diferenças que Somam” propõe reflexão sobre expressões do dia a dia que reforçam o preconceito contra pessoas com deficiência
“Pare de dar uma de João sem braço!”; “que mancada!”, “ele está mais perdido que cego em tiroteio”. Quem nunca se deparou com esses “ditados populares”? Essas expressões, na verdade, representam uma das formas mais comuns de manifestação do chamado capacitismo.
O termo designa o julgamento discriminatório, que percebe a pessoa com deficiência como um ser não igual, inferior, e, portanto, incapaz: para estudar, trabalhar e ser sujeito da sua própria vida. É um sistema de opressão que normatiza um certo padrão corporal como perfeito, diminuindo e desconsiderando a corporeidade diversa de todas as pessoas.
Frases como as acima citadas, que, para algumas pessoas sem deficiência podem parecer inofensivas, agridem sistematicamente as pessoas com deficiência e ajudam a perpetuar o preconceito ao longo das gerações, mantendo o capacitismo enraizado nas estruturas da nossa sociedade.
E é em razão desse capacitismo estrutural que parte da sociedade ainda trata as pessoas com deficiência seja como “inválidas”, “doentes” ou “coitadas”; seja como “guerreiras” ou “exemplos de superação”.
Também por isso, muitas vezes, ao tentar elogiar uma pessoa com deficiência, como resultado, são proferidas frases como: “Nem parece que tem deficiência, tão bonito!” ou “Joga tão bem, pena que tem deficiência”.
A Lei Brasileira de Inclusão, que, em julho de 2025 completa 10 anos de vigência, além de assegurar a fruição de todos os direitos fundamentais pelas pessoas com deficiência em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, busca superar esses estereótipos, trazendo uma mudança de paradigma: a “deficiência” não está na pessoa, mas na sociedade, que lhe impõe barreiras ao seu pleno desenvolvimento.
Assim, a inclusão passa a ser um dever de toda a sociedade, que, coletivamente, deverá se mobilizar para garantir os direitos das pessoas com deficiência e eliminar o preconceito.
Considerando exatamente esse contexto cultural é que o Ministério Público do Trabalho, em parceria com a Federação das Apaes do Espírito Santo, a Associação Brasileira de Recursos Humanos, a Subsecretaria de Políticas para Pessoas com Deficiência e a Defensoria Pública da União (GT de Atendimento à Pessoa Idosa e Pessoa com Deficiência), desenvolveu a campanha “Diferenças que Somam”.
A proposta é dar visibilidade e protagonismo às pessoas com deficiência, com o intuito de conscientizar e sensibilizar empresas e sociedade sobre a importância da inclusão, a fim de eliminar o capacitismo e fortalecer a solidariedade social, a tolerância e o respeito às diferenças.
Conheça a iniciativa e junte-se ao movimento em: diferencasquesomam.com.br.
Capacitismo é crime e cabe a cada um de nós assumir o compromisso de combatê-lo. E você? Quais expressões capacitistas irá abolir no seu dia a dia? Pequenas atitudes realizam grandes mudanças.
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