Universalizar o saneamento não é um sonho distante
Caso de sucesso na Serra mostra que, com planejamento e parceria, é possível transformar o saneamento em motor de saúde, desenvolvimento e dignidade
O Brasil ainda convive com números alarmantes quando o tema é saneamento básico. Quase metade da população não tem acesso à coleta e ao tratamento de esgoto, o que compromete não apenas a saúde pública, mas o meio ambiente, a produtividade das cidades e a dignidade das pessoas.
Gera sobrecarga do sistema de saúde e perda de oportunidades econômicas. Isso também afeta diretamente a qualidade de vida e a competitividade das cidades.
Universalizar o saneamento não é um luxo ou um sonho distante. É uma decisão urgente. Mais do que isso, é viável. Desde que haja prioridade política, planejamento técnico e modelos de gestão comprometidos com resultados concretos. Garantir a universalização é, essencialmente, um investimento no futuro do País. Para alcançar isso, é necessário ter uma abordagem estratégica, que envolva os setores público e privado, e toda a sociedade.
Em 2015, quando foi firmada no Estado uma Parceria Público-Privada (PPP) para alavancar os investimentos em saneamento, a cobertura era de 58%. Em menos de uma década, saltou para quase 95%, superando as metas do Novo Marco Legal do Saneamento, que projeta a universalização até 2033. Este case da Serra é um excelente exemplo de como a combinação de governança eficiente, gestão qualificada e metas claras pode gerar resultados significativos – tema que será debatido na próxima edição do Café de Negócios da Associação dos Empresários da Serra (Ases), amanhã.
O que esse resultado nos mostra é que parcerias bem estruturadas, com foco na eficiência técnica e em resultados mensuráveis, podem acelerar os avanços de forma notável. Mais do que eficiência técnica, falamos da redução de doenças, da valorização de áreas urbanas, da recuperação de balneários e da melhoria na qualidade de vida nos bairros. Esses impactos não são abstrações e são conquistas concretas, que geram transformação no dia a dia da população.
Hoje, a Serra discute o futuro com maturidade e responsabilidade. O município está avaliando a adoção de tecnologias inovadoras, como o emissário submarino com tratamento primário. Amplamente utilizado em países como Portugal, França e EUA, ele pode modernizar mais o sistema local, reduzindo a sobrecarga das estruturas antigas, sendo alternativa sustentável ao tratamento de efluentes.
O Instituto Trata Brasil acompanha casos como o da Serra por um motivo: eles demonstram que, quando há metas, governança e vontade de fazer diferente, os resultados surgem. E não são abstratos — são mensuráveis, auditáveis e transformadores.
Não é uma tarefa simples. Exige planejamento de longo prazo, investimentos consistentes e uma articulação nacional entre diferentes esferas e setores. Mas não se trata de utopia: é um caminho viável, necessário e plenamente realizável com compromisso e estratégia.
As boas práticas locais são exemplos concretos de que a transformação é possível — e que o saneamento vai muito além de uma infraestrutura essencial: impulsiona o desenvolvimento social, a valorização urbana e a construção de uma sociedade mais justa. Onde há saneamento, há dignidade, saúde e cidadania. Universalizar é assegurar um direito básico e construir um futuro melhor para todos.
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