Com aposentadoria "mais distante", planejamento financeiro se faz necessário
Com mudanças na Previdência e mercado instável, jovens precisam investir em conhecimento e estratégias para garantir uma aposentadoria mais tranquila
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Com desafio cada vez maior de buscar alternativas a aposentadoria da forma mais tradicional, o planejamento financeiro ganha ainda mais evidência, explicam os especialistas.
É muito importante que os mais jovens comecem a pensar nisso desde cedo, segundo Natália Zucchi, assessora de investimentos na Valor Investimentos.
“Isso começa com educação financeira básica: entender quanto ganha, quanto gasta e aprender a investir desde cedo. Pode ser pouco no começo, mas a constância e o tempo são grandes aliados na construção de um patrimônio sólido que irá garantir tranquilidade na aposentadoria”, detalhou.
Pensando em investimentos de longo prazo, diversificação é fundamental. “Além disso, uma boa gestão de risco e respeito ao perfil e aos objetivos de cada um permite maior longevidade na trajetória de construção do patrimônio”, contou Natália.
Os jovens precisam aprender como funciona orçamento, juros, inflação e investimentos — não vale esperar “aprender no erro”, pois pode custar caro, afirmou Daniel Giestas, economista e assessora de investimentos na Valor Investimentos.
“Controlar receitas e despesas desde o primeiro salário, montar uma reserva de emergência de pelo menos 6 meses do custo de vida e manter hábitos de consumo conscientes já fazem muita diferença”, contou.
Giestas reforçou que a melhor estratégia para garantir renda e ter mais segurança e liberdade no futuro é simples, gastar menos do que ganha.
“Esse é o primeiro passo para o sucesso financeiro. O segundo passo é ter disciplina para sempre guardar o máximo de recursos possível. E o terceiro é definir como aplicar esse dinheiro, que aí já entra a parte mais técnica”.
Entre estratégias para garantir renda e ter mais segurança e liberdade no futuro, o economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia do Estado (Corecon-ES) Vaner Corrêa sugeriu algumas: previdência complementar, investimentos consistentes e reserva de emergência.
O economista Sebastião Demuner afirmou que hoje, no geral, a conscientização para a importância do tema não é feita corretamente, o que seria o primeiro ponto e o mais fundamental.
“Uma ideia seria guardar 20% do que ganha para o futuro. Se guardar, tende a se organizar. Outra ideia é comprar ações de empresas que geram dividendos, como bancos e empresas de energia, por exemplo”, avaliou.
Especialistas defendem definir prioridade
Para começar a fazer investimentos pensando em uma alternativa a aposentadoria é necessário definir prioridades, avaliaram os especialistas.
A definição de prioridades financeiras exige uma análise sobre consumo e poupança, explicou Vaner Corrêa, economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia do Estado (Corecon-ES).
Ele disse que é preciso estabelecer um orçamento baseado em metas de longo prazo, não apenas o que é preciso agora, mas o que se quer para daqui 10 anos, ou mais.
“Além disso, diferencie consumo e poupança (investimento): entender que consumo imediato muitas vezes é inimigo do bem-estar futuro. Quem eleva a sua propensão a consumir, com certeza, comprometerá o seu futuro”, afirmou.
O caminho costuma ser: primeiro quitar dívidas (como cartão e cheque especial), depois montar a reserva de emergência, em seguida investir para aposentadoria e sonhos de médio prazo, e só então planejar conquistas maiores como imóvel ou carro, resumiu Daniel Giestas, economista e assessor de investimentos na Valor Investimentos.
“Depois que estiver tudo isso encaminhado, vale pensar na proteção patrimonial. O ideal é definir metas claras — onde você quer estar em 5, 10, 20 anos, qual renda passiva deseja ter, o que não abre mão — e revisar essas metas periodicamente, porque a vida muda”.
Rombo quadruplicado no INSS
O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) preocupa o governo e economistas pela falta de sustentabilidade no longo prazo.
Segundo estimativas do próprio governo, o rombo do INSS, instituto que paga aposentadorias e pensões dos trabalhadores do setor privado, deve mais que quadruplicar nos próximos 75 anos. Os dados estão no projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2026.
A explicação para o forte crescimento do rombo do INSS é a soma do envelhecimento da população brasileira com a queda no número de nascimentos. Ou seja, cada vez mais teremos mais gente para receber aposentadoria e menos pessoas trabalhando para contribuir com o INSS.
No Brasil, as contribuições dos trabalhadores são usadas para pagar os benefícios dos aposentados e pensionistas, sem a formação de um fundo para cada segurado.
Análise: “Acabam focando apenas no agora”

“As gerações mais jovens enfrentam um cenário desafiador. Diante disso, iniciar o planejamento financeiro desde cedo não é apenas recomendável, é essencial.
Mais do que planilhas e controle de gastos, o ponto de partida é entender o momento de vida e definir objetivos claros.
A aposentadoria é uma meta de longo prazo, mas a forma como lidamos com o dinheiro hoje pode fazer toda a diferença no futuro.
O segredo está na constância de pequenas escolhas: começar a investir cedo, ainda que com pouco, criar uma reserva de emergência, e buscar conhecimento para tomar decisões mais conscientes.
Construir liberdade financeira no futuro exige disciplina no presente. Muitos jovens acabam focando apenas no agora, seja por falta de informação ou pelo imediatismo estimulado nas redes sociais”.
Saiba mais
Planejamento financeiro: preparação desde cedo
Para que os jovens consigam garantir a própria aposentadoria, é essencial que iniciem desde cedo um planejamento financeiro de longo prazo, considerando:
Educação financeira básica
Para compreender conceitos como juros compostos, inflação e risco. A compreensão desta tríade áurea, juros compostos, inflação e risco, dirá a amplitude ou não do seu sucesso.
Poupança
Preferencialmente automática, mesmo que em valores baixos inicialmente. É fundamental começar com valores baixíssimos, para se compreender a importância do acróstico RLS – Rentabilidade, Liquidez e Segurança.
Investimentos
Adaptados ao longo da vida, começando com ativos de maior risco e potencial de retorno (ações, fundos multimercado) na juventude e migrando para ativos mais conservadores (renda fixa, previdência privada conservadora) na maturidade. Isto quando já passou bem pelo aprendizado do hábito de poupar.
Previdência complementar
Seja fechada (fundos de pensão) ou aberta (PGBL/VGBL), com foco no acúmulo de capital e benefícios fiscais. Aqui deve escolher bem a instituição financeira.
Exemplos de estratégias
Previdência complementar: aderir a um plano que permita aportes mensais com taxas de administração e carregamento baixas. Ler bem o contrato e escolher a instituição financeira.
Investimentos consistentes: seguir uma estratégia disciplinada de aportes mensais e diversificação. Aqui vale lembrar, não se deve colocar os ovos em um único cesto.
Reserva de emergência: constituir um colchão financeiro que evite a descapitalização precoce de ativos de longo prazo. Não confundir colchão de dormir com o financeiro.
Colchão financeiro é uma reserva de dinheiro guardada exclusivamente para emergências e imprevistos — como desemprego, doença, despesas médicas ou interrupções de renda. Não tem fim de investimento, mas é uma proteção contra riscos financeiros que poderiam forçar o indivíduo a se endividar ou perder patrimônio.
Prioridades
A definição de prioridades financeiras exige uma análise racional de sua propensão a consumir e a poupar. Observar estes passos:
Estabeleça um orçamento baseado em metas de longo prazo: não apenas o que é preciso agora, mas o que se quer para daqui 10 anos, ou mais.
Diferencie consumo e poupança: entender que consumo imediato muitas vezes é inimigo do bem-estar futuro. Quem eleva a sua propensão a consumir, com certeza, comprometerá o seu futuro.
Fonte: Vaner Correia e Daniel Giestas.
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