Lições defensivas
Semifinais do Mundial reforçam lição: talento importa, mas sistemas defensivos bem ajustados fazem a diferença em torneios de alto nível
Com os quatro semifinalistas do Mundial já definidos, o domingo de folga serve para reflexão sobre a importância de um bom sistema de marcação. Foi, ao menos, o que saltou aos olhos numa Copa tão diversa em condicionamentos físico e mental. E os exemplos vão desde a inconsistência que minou o City de Guardiola no duelo com o Al Hillal à presença do modesto Fluminense entre os quatro que a partir de terça-feira se enfrentam em busca de vaga na final.
Com óbvia citação ao PSG, campeão europeu, que tem apenas um gol sofrido em cinco partidas.
E, em se tratando de um torneio disputado nos Estados Unidos, é impossível não lembrar do futebol pragmático da seleção brasileira de Carlos Alberto Parreira - e eu lembrei disso ontem ao falar da metamorfose tricolor. Porque foi no cinturão formado por Dunga, Mauro Silva, Zinho e Mazinho que o Brasil se fez seguro o suficiente para deixar Romário e Bebeto à vontade.
Ou seja: ter jogadores “desequilibrantes”, como diria Tite, é importante. Mas desenhar um sistema que preencha os espaços de forma eficaz e minimize riscos defensivos é essencial.
Agora entendo, inclusive, as mensagens cifradas de Carlo Ancelotti em sua apresentação como treinador da seleção, ao dizer que seus times se formam a partir da mistura de talento e sacrifício.
Porque, é isso: se o Brasil quiser mesmo quebrar o jejum de títulos em Copas do Mundo, terá mesmo de mirar neste futebol que se joga na Europa em termos defensivos.
E, de novo: isso não tem a ver com se retrancar ou abrir mão da posse de bola. Mas com controle do jogo a partir do preenchimento dos espaços no seu campo e eficácia nas jogadas ofensivas.
Grosso modo, foi por anos a receita do sucesso de Ancelotti à frente do Real Madrid: defender com o maior número de jogadores possível e atacar com o talento de quatro ou cinco “foras-de-série”.
Talvez seja até hoje a explicação para os melhores desempenhos de Vini Jr em comparação com as atuações dele na seleção - recua na recomposição e ganha espaço para as bolas em profundidade.
Trazendo para nossa realidade, é diminuir as incumbências de Arias no sistema defensivo, deixando-o livre para levar o Fluminense ao ataque. E Renato percebeu isso.
Enfim, além do dinheiro que os quatro brasileiros envolvidos na competição trazem na conta, é também valiosa a lição sobre o quão importante é a atualização sobre os conceitos defensivos. Vejamos como aplicarão por aqui.
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