Defesa pede para retirar qualificadoras e cita Capitu e Otelo no caso do major
Com metáfora, o defensor tenta mostrar que o réu não é apenas um homem violento movido por futilidade, mas alguém dominado por um turbilhão emocional
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Em entrevista ao Tribuna Online PE, portal da TV Tribuna PE/Band, Ivaélio Mendes de Alencar, advogado de defesa do major da reserva da PM acusado de matar a esposa com dois tiros no rosto afirmou que o cliente deve ser responsabilizado pelo homicídio.
Porém, ele defendeu a retirada das qualificadoras de motivo fútil e impossibilidade de defesa da vítima. O júri popular deve terminar ainda nesta quinta-feira (12). uma ironia em relação à data simbólica, considerada como Dia dos Namorados.
Para justificar o pedido de retirada das qualificadoras, o advogado recorreu à literatura. “Que Yana não seja a Capitu de Dom Casmurro. Mas que ele [Dário] também não seja o Betinho de Otelo Brasileiro, idealizado por Helen Caldwell”, afirmou à reportagem.
A frase faz referência a duas personagens clássicas, unidas por uma trama de ciúmes, dúvida e obsessão.
Capitu, personagem de Machado de Assis, é conhecida por sua ambiguidade: até hoje, leitores se dividem sobre se ela traiu ou não o marido, Bentinho. Já Otelo, protagonista da peça de Shakespeare, é o homem tomado por ciúmes que mata a esposa, Desdêmona.
A menção à crítica literária Helen Caldwell se refere à leitura feita por ela no livro O Otelo Brasileiro de Machado de Assis, no qual interpreta Bentinho como uma versão brasileira de Otelo — um homem desconfiado, que idealiza a mulher e, diante da dúvida, destrói a relação.
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Com a metáfora, o defensor tenta mostrar que o réu não é apenas um homem violento movido por futilidade, mas alguém dominado por um turbilhão emocional.
Por isso, argumenta que o homicídio não foi premeditado nem sem contexto, e que Dário Ângelo deve ser julgado por homicídio simples, sem as agravantes.
Na interpretação da defesa, o réu não agiu por motivo fútil. O advogado sugere que havia um contexto emocional envolvendo possível traição e frisou que o réu estava armado, por ser policial, fato que a vítima sabia. Por isso, pede que o cliente seja julgado por homicídio simples, e não qualificado.
Sobre a tese de que a vítima foi morta sem chance de defesa, o defensor argumentou que Yana sabia que o marido, policial militar, estava armado.
O júri popular, que teve início nesta quinta-feira (12), acontece doze anos após o crime, ocorrido em janeiro de 2013, em Paulista, no Grande Recife.
A vítima, Yana Luiza Moura de Andrade, tinha 30 anos. Ela foi morta no reveillon de 2013. O acusado, hoje na reserva, foi promovido a major após o crime, ficou preso por apenas três meses e, posteriormente, formou-se em Direito. Atualmente, está inscrito como advogado na OAB-PE.
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