Novo papa eleito deve ‘falar ao homem e à mulher de hoje’, diz cardeal
Dom Paulo Cezar reconhece o grande impacto positivo do papa Francisco, que morreu em 21 de abril, aos 88 anos, na busca por diálogo
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O cardeal Dom Paulo Cezar, arcebispo de Brasília e um dos sete brasileiros que participam do Conclave para a escolha do novo papa, acredita que o eleito para o cargo deve ser “um papa dos nossos tempos, que fale ao homem, à mulher, ao ser humano de hoje”.
O cardeal reconhece o grande impacto positivo do papa Francisco, que morreu em 21 de abril, aos 88 anos, na busca por diálogo e afirma que “ouve falar”, nos bastidores da Igreja Católica, sobre um próximo papa com perfil “conciliador”, assim como Francisco.
“Eu acho que a tendência seria alguém que continue esse grande diálogo suscitado por Francisco. Alguém que continue bem a tradição do Concílio Vaticano II”, diz. “Papa Francisco foi um pastor para o mundo.”
Ele falou com jornalistas na manhã deste domingo, 4, na igreja de Santi Bonifacio ed Alessio, em Roma, e pediu para que fiéis de todo o mundo rezem para que Deus envie um “pastor segundo o seu coração”.
De acordo com Dom Paulo, o Concílio Vaticano II tem uma constituição chamada Gaudium et Spes (Alegrias e Esperanças, em português), que determina o papel dos papas como promotores do diálogo com o mundo, da busca por resoluções das questões enfrentadas pela Igreja e pela humanidade e da pregação da palavra cristã, garantindo um padrão papal.
“Agora, cada papa traz a sua visão própria, o seu modo próprio de ser. Sempre há uma continuidade, mas também uma descontinuidade, porque ninguém que vier agora é Francisco. Não é Bergoglio. O que vier agora é uma pessoa que tem uma história, que tem uma caminhada própria, que também é um pastor de uma realidade”, afirma.
Este conclave deve enfrentar um desafio, no entanto, que é a falta de entrosamento e conhecimento dos cardeais sobre uns aos outros, segundo Dom Paulo. Para ele, este é um ponto negativo sobre a ampliação benéfica feita por Francisco ao nomear novos cardeais na periferia do mundo.
“É um desafio que estamos enfrentando com alegria”, diz o cardeal brasileiro. Garantir maior entrosamento entre os arcebispos de todo o mundo deve ser um dos principais desafios do novo papa eleito, de acordo com ele.
Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e cardeal, celebrou missa em Roma e também citou a diversidade no Conclave como algo rico para a igreja. “Uma coisa bela, a diversidade”, afirmou.
Dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo e cardeal, também falou sobre o conclave ao final de missa neste domingo, em Roma, e falou que ‘o próximo papa não será xerox de Francisco".
Além de Dom Paulo, Dom Odilo e Dom Jaime, são cardeais brasileiros e participam do Conclave:- João Braz de Aviz – arcebispo emérito da Arquidiocese de Brasília e da Congregação para a Vida Consagrada, no Vaticano;
- Cardeal Orani João Tempesta – arcebispo da Arquidiocese do Rio de Janeiro;
- Cardeal Sergio da Rocha – arcebispo da Arquidiocese de Salvador;
- Cardeal Leonardo Ulrich Steiner – arcebispo da Arquidiocese de Manaus.
Raymundo Damasceno Assis, arcebispo emérito da Arquidiocese de Aparecida (SP), participa das congregações - as reuniões preparatórias para o Conclave - mas não vota pelo novo papa.
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