Aposta em fertilizante feito à base de algas
Rico em proteínas, o extrato é pulverizado diretamente nas folhas e no solo. Ideia foi colocada em prática no Ifes de Piúma
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Mesmo vivendo em Alta Mogiana, no interior de São Paulo, distante do litoral, o cafeicultor Erenilson Ferreira afirma nunca ter sido tão grato ao mar. Desde que passou a adubar os cafezais com um fertilizante líquido à base de algas marinhas recolhidas na Praia de Piúma, no Sul do Estado, ele garante ter percebido uma melhora significativa na lavoura.
“Vamos continuar usando, seguindo as orientações de aplicação”, afirma Erenilson.
A ideia passou a ganhar forma em 2021, quando Igor Fontes, engenheiro de pesca, ingressou na graduação do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), no campus de Alegre.
“Trata-se, basicamente, de transformar o resíduo que chega à praia em fonte de renda — tanto para pesquisadores e empreendedores do Ifes quanto para pescadores e marisqueiras das comunidades locais”, explica Igor, de 35 anos.
Após quatro anos de estudos, engenheiro de pesca e outros pesquisadores desenvolveram uma fórmula com proporções específicas de água e diferentes tipos de algas, resultando em um “suco” enriquecido com conservantes naturais para aumentar a durabilidade do produto.
As algas são levadas ao laboratório do Ifes em Piúma, onde passam por um processo de lavagem, trituração e filtragem. Segundo os pesquisadores, elas atuam como bioestimulantes e potencializam a capacidade fotossintética das plantas.
“A pesquisa mostra que as algas têm papel crucial no ecossistema marinho — são fonte primária de alimento para os peixes, realizam fotossíntese, capturam carbono da água e contribuem para a limpeza dos nutrientes. Mas também têm aplicações valiosas para a agricultura e outros setores”, destaca Igor.
O extrato, rico em nutrientes, é pulverizado diretamente nas folhas e no solo. Um diferencial importante é que, por serem algas arribadas — trazidas naturalmente pelo mar —, o custo é reduzido: a matéria-prima é gratuita e não exige coleta submarina.
No entanto, os cientistas alertam que nem toda a biomassa deve ser recolhida. Deixar parte das algas na areia é essencial.
“Essa iniciativa gera renda, mobiliza a comunidade e envolve nossos alunos, professores e moradores em uma causa global: o cuidado com a saúde dos oceanos”, conclui Marlon França, professor do Instituto Federal do Espírito Santo.
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Vantagens
Estímulo ao crescimento: O fertilizante a base de algas atua como bioestimulante, potencializando a fotossíntese e promovendo o desenvolvimento saudável das plantas.
Aplicação versátil: Pode ser borrifado tanto nas folhas quanto no solo.
Economia
Baixo custo de produção: A matéria-prima é gratuita e acessível.
Inovação
Produto pesquisado e validado: Desenvolvido em laboratório com embasamento científico.
Uso de tecnologia acessível: Processo simples de produção (lavagem, trituração e filtragem).
Durabilidade aprimorada: Adição de conservantes naturais garante maior tempo de uso.
Fonte: Ifes de Piúma
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