48 dias de mistério: terminam investigações sobre assassinato de juiz Paulo Torres
Magistrado foi escolhido de forma aleatória e reagiu duas vezes ao assalto
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Quarenta e oito dias após a morte do juiz de Direito da 21ª Vara Cível da Capital, Paulo Torres Pereira da Silva, 69 anos, a Polícia Civil concluiu as investigações e encerrou o caso. Participaram do roubo seguido de morte quatros homens e um adolescente - todos jovens, com menos de 29 anos.
Quem disparou a bala responsável pelo homicídio do magistrado, na nuca, do lado esquerdo, perto do ouvido, foi um dos indiciados de 21 anos, cujo nome não foi revelado.
Outros dois homens (de 20 e 21 anos) foram presos por receptação e adulteração de sinal do veículo automotor usado durante o latrocínio.
Inicialmente, desconfiou-se que o assassinato poderia ter relação com algum caso investigado pelo juiz. Inclusive, chegou-se a especular que os suspeitos estavam de máscaras cirúrgicas durante a abordagem. Mas os rumos foram diferentes.
A aleatoriedade
O magistro morreu quando voltava de uma caminhada na Praia do Paiva, no Litoral Sul de Pernambuco. Paulo Torres foi escolhido de forma aleatória pelos criminosos e pelo menor infrator. Eles contaram à polícia que, por ser um idoso, imaginaram que abordagem seria mais fácil.

Segundo o perito criminal Betson Fernando, eles tracaram o automóvel do juiz para evitar que ele fugisse, mas o magistrado engatou a marcha-ré. Naquele momento, os indiciados desembarcaram do carro, abordaram a vítima e ele tentou fugir novamente. Foi quando levou o tiro que causou sua morte. Neste momento, como o automóvel do juiz estava em movimento - ele tentava fugir - e bateu no muro.

O juiz morava em Barra de Jangada, bairro de Jaboatão, quando foi abordado pelos homens, que inicialmente queriam assaltá-lo, segundo a polícia. Para esclarecer as investigações, houve inclusive a reconstituição do caso. Ele estava a 300 metros de casa, com os vidros do carro abertos. Nada foi levado do carro.
A investigação foi conduzida pelo delegado Roberto Ferreira, da 12ª DHH/DHMS e contou com o apoio do perito papiloscopista Uberlan Cristines de Olveira Magalhães (IITB), do gestor da DHMS, João Leonardo Cavalcanti, do subchefe da Polícia Civil, Mauro Cabral, da diretora adjunta da Diresp, Érica Bezerra, e do perito criminal Betson Fernando. Os envolvidos foram descobertos por vários motivos, como rota de fuga e ajuda de testemunhas.
O latrocínio (roubo seguido de morte) ocorreu no dia 19 de outubro, por volta das 19h30, na rua Maria Digna Gameiro – Barra de Jangada – Jaboatão dos Guararapes. O magistrado era conhecido pelos amigos como “Paulão”, muito querido, dizem. Ele era casado, pai de três filhos e juiz há quase 34 anos.

Os indiciados pela polícia foram:
1) Homem de 19 anos, por latrocínio consumado, associação criminosa e corrupção de menores.
2) Homem de 21 anos por latrocínio consumado, associação criminosa e corrupção de menores.
3) Homem de 27 anos por latrocínio consumado, associação criminosa e corrupção de menores.
4) Jovem do sexo masculino de 17 anos por ato infracional latrocínio consumado e associação criminosa na forma do ECA
5) Homem, 20 anos por receptação e adulteração de sinal de veículo automotor.
6) Homem, 21 anos, por receptação e adulteração de sinal de veículo automotor.
Veja a cronologia do crime

19.10.2023
Data do crime.
Acionamento da Força Tarefa de Homicídios/DHPP.
Acionamento da equipe de perícia de local de homicídio do IC e da perícia papiloscópica do IITB (RASTRO).
23.10.2023
Após diligências ininterruptas, a equipe da PCPE chegou ao endereço em Gaibu, Cabo de Santo Agostinho.
Localização do veículo com as mesmas características do utilizado no crime.
Prisão de três indivíduos (homens, de 18, 20 e 21 anos).
25.10.2023
O menor envolvido comparece à 12ª DPH.
Confissão espontânea de sua participação.
Apreensão do menor devido à solicitação prévia à Justiça.
27.10.2023
Cumprimento do Mandado de Prisão de homem, de 27 anos.
07.11.2023
Cumprimento do Mandado de Prisão de homem, de 21 anos.
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