Maré de brasilidade e reflexões com Thiago em novo single
“Marés” marca uma nova fase na carreira do capixaba Thiago Miranda, que abandonou seu nome de batismo e agora passa a assinar como Thiago Maré
Escute essa reportagem

Das coincidências da vida, nasceu “Marés”, novo single do cantor e compositor capixaba Thiago Miranda, que abandonou seu nome de batismo e agora passa a assinar como Thiago Maré.
O “rebatismo” se deu após descobrir um artista mineiro que utilizava a mesma assinatura. Ambos cantam MPB, tocam violão e compõem, portanto, ele entendeu que uma hora ou outra poderia haver um conflito em suas carreiras.
Inclusive, foi através da música que os dois se esbarraram. A descoberta da existência do outro aconteceu quando ambos tiveram canções selecionadas para um álbum da cantora capixaba Elem Narah.
E, logo quando se conheceram, escreveram “Marés”, uma canção cheia de brasilidade e letra reflexiva. Desde o início do processo de “rebatismo”, Maré sabia que a transição deveria ser marcada por esta música.
“Ela ajuda a entender que mudar faz parte da evolução humana, que são as experiências que constroem seu caráter e personalidade, tornando-o único e autêntico se você encarar de frente. Pois a vida é cheia de altos e baixos, assim como as marés, e só nos resta aprender a navegar e aproveitar a viagem”, diz o capixaba.
E ele completa: “Então, eu não escolhi esse novo nome, eu me descobri, enxerguei que sou mais uma maré neste oceano que é a vida”, completa o artista, que lança o clipe do novo single em fevereiro.
Ouça "Marés”:
CONFIRA A ENTREVISTA COMPLETA COM THIAGO MARÉ
Tribuna Online: A decisão por um novo nome artístico se deu depois do encontro com o Thiago Miranda mineiro. Como se conheceram?
Thiago Maré: Foi no final de 2016, por meio de Elem Narah, cantora capixaba, radicada em São Paulo. Ela estava buscando repertório para gravar um CD de samba e um primo meu que era colega de infância da Elem me apresentou a ela, sabendo que eu estava voltando a compor. Elem, na verdade, já havia fechado o repertório quando nos falamos. De todo modo, enviei um samba meu, chamado “Quem mandou amar?”, que compus exatamente pra uma mulher cantar, sobre seu amor pelo samba e como a cultura do samba é importante pra sua vida e pedi pra ela ouvir sem compromisso. Elem simplesmente adorou o samba e me pediu pra gravar imediatamente após ouvir, dizendo que iria retirar uma das músicas que ela havia escolhido anteriormente. Eu fiquei super feliz!
Algum tempo depois, na hora de registrar a canção, ela me pediu os documentos, registros, eu enviei e aí finalmente ela se tocou e me perguntou: “Thiago, seu nome é Thiago Miranda mesmo?” Eu disse: “sim, por quê?”. Ela respondeu: “Você não vai acreditar, eu já estou gravando outras 3 canções de outro Thiago Miranda, mineiro. Inclusive, eu ia gravar 4, aquela que eu removi para gravar a sua é dele também”. Eu não acreditei naquela coincidência e pedi o contato dele. A partir daí trocamos muitas mensagens, rimos muito e começamos a acompanhar o trabalho um do outro até surgir a composição de “Marés”.
Foi fácil optar por um novo nome artístico?
Não foi nada fácil, mas foi necessário. Por conta das coincidências, não só de nomes mas também de estilo musical (MPB), do tipo de arte produzida (compor, tocar violão e cantar), uma hora ou outra poderia haver um conflito maior nas carreiras. Tivemos uma boa e longa conversa o xará e eu e decidi tomar essa atitude que acredito que será benéfica para ambas as partes.
Como foi esse processo de rebatismo? Quando se sentiu pronto para desbravar novos mares com um novo nome?
A escolha do nome em si durou uns 6 meses após a minha de decisão de mudar. Inicialmente, não fazia ideia em como alterar um nome que eu sempre usei, que é meu de nascimento e já usava artisticamente ha mais de 20 anos, quando lancei meu primeiro CD com músicas autorais.
Pensando melhor na sua pergunta, acho que posso dividir a escolha do nome em três fases. Primeiramente, comecei refletindo a estratégia para fazer essa mudança. Pensei desde o início que deveria ser marcada pelo lançamento de “Marés”, que era uma música que eu já havia composto com meu xará, logo quando nos conhecemos no final de 2016. Então, como era interesse dele também essa mudança, ele se mostrou disponível desde o início em apoiar o lançamento e a campanha de mudança de nome.
Depois revirei minha cabeça em dezenas de possibilidades para derivar meu nome de uma maneira que ficasse com uma sonoridade legal, mas que guardasse ainda algum vínculo com o nome original (Thiago Mira, Thiago Anda, Th Miranda, etc…)
Por fim, refleti mais sobre o próprio tema que a canção “Marés” trazia, da consciência que precisamos ter de que estamos sujeitos a situações diversas (boas e adversas) ao longo da vida e o que fica é o que aprendemos e como respondemos a essas fases. Então percebi que o próprio nome dessa canção poderia representar essa fase da minha vida artística, além de ter uma sonoridade boa. É curto e até mais poético e artístico que o nome original.
Então, eu não escolhi, eu me descobri, enxerguei que sou mais uma maré nesse oceano que é a vida e que precisava mudar de nome para simbolizar toda essa transição.
Canta: “assim como as ondas do mar, a vida é muito curta e renasce a cada novo impacto”. Quais foram os impactos que resultaram nesse renascimento?
Primeira a gente nasce, depois é batizado, não é assim? Aconteceu artisticamente comigo da mesma forma. Eu comecei a compor e a cantar ainda adolescente, mas nunca tive coragem suficiente para assumir a carreira como profissão, confesso que não tenho até hoje, por isso acabei priorizando uma carreira mais estável e deixando de lado a música por uns 10 anos. Mas depois da perda súbita da minha mãe em 2010, comecei a ressignificar alguns valores, a buscar ter mais intimidade com Deus, estudar sobre autoconhecimento, ter mais qualidade de vida, formar uma família, casar, ter filhos e, nesse processo, fui voltando lentamente a me reencontrar com minha arte, a expressão que me identifico e sinto prazer de fazer que é cantar, tocar violão e compor.
Nessa última década venho compondo sobre as experiências da vida, tentando traduzir minha percepção de mundo, um olhar mais aguçado e sensível ao que me rodeia, que não conseguiria fazê-lo sem os impactos e os caldos que o mar da vida nos dá. Foi um processo de gestação de 10 anos para finalmente, em 2021, eu lançar “Deixe pra trás o que não te leva pra frente”, que é uma composição-resumo de tudo que vinha buscando e aprendendo sobre o processo de busca pela felicidade. Estou me rebatizando somente agora com outro nome, mas foi ali que eu renasci musicalmente.
Te incomodava saber que existia outro Thiago Miranda?
A principio não, de modo algum, fiquei foi curioso com essa coincidência e logo trocamos mensagens e compusemos a música “Marés”. Depois, com os meus lançamentos e maior divulgação do meu nome nas midias e plataformas digitais, a coisa ficou um tanto quanto embolada. Ele percebeu antes de mim isso, eu resisti inicialmente a mudar (instinto humano inicial natural) até que após um tempo e conversas trocadas tomei a decisão de que seria o melhor a fazer, alguns passos pra trás mas, com certeza, um reposicionamento importante e sólido daqui pra frente.
“Marés” fará parte de um projeto maior?
“Marés” é mais uma parte do projeto de composições que acredito que não teria feito numa fase anterior da minha vida, pois é necessário ter um pouco mais de experiência e maturidade para perceber certas coisas. Assim como em “Deixe pra trás o que não te leva pra frente”, a letra é bem reflexiva e provocadora. Outras composições que seguem a mesma linha temática já estão em processo de pre-produção e pretendo lançar ainda este ano.
Comentários